segunda-feira, 14 de julho de 2008

Qual o limite para realizar um sonho?

Vasculhando a internet, encontrei uma reportagem intitulada de “Santos Dumont do Sertão”, na qual o repórter Edney Silvestre fala do sonho de um limoeirense.
Vale à pena recordar e conhecê-lo...
por Edney Silvestre (Repórter O GLOBO)
Nunca imaginei que um programa sobre Santos Dumont me ajudaria a descobrir mais do Brasil. Pois foi o que aconteceu a nós todos, envolvidos nele. Voamos muito – literalmente (...)
(...) Mas surpreendente, mesmo, foi descobrir no interior do Ceará, a quase 200 quilômetros da capital, em pleno sertão, a existência de um – chamemos assim – outro Santos Dumont. Um sertanejo de nome José Ribamar Maia de Freitas, casado com dona Adalgiza, pai das meninas Michele e Cibele e do garoto Lucas. Pois não é que esse Ribamar, caminhoneiro de profissão inventou um avião? Isso mesmo: um avião. Usando motor de Fusca turbinado. É o quarto que ele cria. E este voa. De verdade. Só vendo para crer.
Santos Dumont do Sertão
Quarta-Feira, 09 de Novembro de 2005 - Jornal Hoje
Qual o limite para realizar um sonho? Para um caminhoneiro do interior do Ceará, nada é impossível. Ribamar de Freitas (foto) decidiu dar asas à imaginação. Ele projetou e construiu um avião e ficou conhecido como o Santos Dumont do sertão.
Quando decolou pela primeira vez, em abril de 2005, Ribamar realizou o sonho de uma vida inteira. “A gente se emociona, pois consegui voar com as próprias asas”, diz Ribamar de Freitas, caminhoneiro. Desde menino ele sonha em construir um avião de verdade. “O desenho, o modelo e a estrutura fui eu que construí. Tudo isso foi eu que tirei da minha própria cabeça”, completa.
Para bancar esse sonho, há sete anos, Ribamar vendeu três lotes e a casa da família. O mais difícil, no entanto, foi o aprendizado. O caminhoneiro, que estudou até o segundo grau, não entendia nada de informática. Comprou dezenas de livros e investiu cada minuto de folga em sua formação.
“O que eu tenho hoje é conhecimento sobre a aeronave, sobre aerodinâmica, teoria de vôo”, explica.
A estrutura é feita de alumínio reaproveitado, o painel de instrumentos também foi feito com sucata. O amigo mecânico ajudou a adaptar o motor retirado de um fusca.
“Resolvi aceitar o convite para a gente fazer pequenas modificações para que ele venha dar uma potência suficiente para que o avião subisse, voasse”, explica Itamar Moreira Lima, mecânico.
Debaixo do sol forte do sertão, com poucos recursos e quase nenhuma experiência. Foi assim que Ribamar construiu o avião. Em Limoeiro do Norte, na cidade onde Ribamar Mora, foi chamado de maluco durante muito tempo. Hoje, virou ídolo dos moradores.
A família de Ribamar acompanha os testes com frio na barriga. Ele costuma fazer os testes numa área desabitada. “Eu me sinto mais perto de Deus, livre de tudo e de todos. É só eu, o avião e o vento”, diz o inventor.
Depois de 20 horas de vôo, Ribamar quer homologar o avião que construiu. O sonho agora é ser engenheiro. “Eu gostaria de entrar para faculdade, pro ITA, pro CPA, poder trabalhar quem sabe, para a Força Aérea, ser futuramente um piloto e um engenheiro aeronáutico”.
O homem que deu asas à imaginação já contagiou os filhos. “Quando eu crescer, eu vou fazer um avião maior que esse, um bimotor”, planeja Lucas de Freitas, filho de Ribamar.
Exemplo de perseverança é o que não falta para o pequeno Lucas. Agora o pai de Lucas e da aviação caseira precisa ter o aviãozinho aprovado pelas autoridades. Para isso, o aparelho precisa passar por um exame técnico do Departamento de Aviação Civil. O teste é feito para constatar se a aeronave tem condições de voar sem riscos.
*Link para a reportagem original:

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