quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Museu da Igreja Catedral

Infelizmente ainda estão distante de serem um dos locais mais desejados e visitados pelo público brasileiro em geral.
Nos referimos aos museus, que permite sim uma grande satisfação para quem tem verdadeiro interesse em fazer e desenvolver uma análise de diferentes períodos de nossa história. Não necessariamente de nosso passado.
Os museus possuem também a capacidade de revelar para o visitante que ele mesmo faz parte do processo histórico.
Localizado no teto da Igreja Catedral de Limoeiro do Norte, e pouco conhecido pelo povo limoeirense, um museu resguarda um acervo histórico com objetos da igreja e pertences dos bispos.
Vale a pena conhecer um pouco mais da nossa história.


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O Jornal Folha do Vale publicou uma bela matéria do jornalista Melquíades Júnior, sobre o "Museu da Igreja", na sua edição de nº 140, em Novembro de 2008.

Veja abaixo a matéria:

População desconhece museu da igreja

Há 41 anos falecia Dom Aureliano Matos, primeiro bispo de Limoeiro do Norte e o maior responsável por vários estabelecimentos culturais, sociais e educacionais, como a Rádio Educadora Jaguaribana, praticamente o primeiro grande veículo de comunicação da cidade; t6ambém o Seminário Diocesano, o Liceu de Artes e Ofícios, a faculdade local, que leva o seu nome. Um religioso, mas um político popular das causas sociais, foi considerado uma das figuras mais importantes da região jaguaribana e um dos maiores incentivadores do desenvolvimento da cidade que, ainda hoje, recebe o codinome “Princesa do Vale”.

A história de quem fez a história local está muito bem guardada, preservada, mas desconhecida do alcance da maioria dos limoeirenses. Pouca gente sabe que, há 20 anos, no teto da igreja matriz existe um museu, com os utensílios dos principais bispos e padres que logo abaixo celebram tantas missas e eucaristias.

Guardar e preservar para resguardar a memória, o Museu Padre Mariano Rocha Matos – este o sobrinho, braço direito e “faz tudo” de Dom Aureliano – foi criado em 29 de setembro de 1988 pelo então bispo Dom Pompeu Bezerra Bessa. No local, são encontradas relíquias dele próprio, bem como de Dom Aureliano, Cônego Misael Alves, Monsenhor Otávio e, dentre outros, do Bispo Emérito de Limoeiro Dom Edmilson Cruz, que vez por outra visita a cidade-núcleo da diocese jaguaribana, onde atuou por muitos anos.

Não há uma contabilidade certa das peças que ilustram o sótão da Igreja Matriz, mas a maioria dos objetos data dos séculos XIX e XX. Tem o paramento (batina) com detalhes dourados usados nas principais celebrações, crucifixo de ouro com detalhes de ametista, batinas pretas, botas, pratos, talheres, cadeiras, piano, tela pintada pelo artista plástico Márcio Mendonça – internacionalmente conhecido por obras em estilo cuzquenho.

Uma relíquia a conferir é o porta-jóias do Bispo Dom Lino Deodato, natural de Russas, também do Vale do Jaguaribe, e o oitavo Bispo da Diocese de São Paulo. Outros documentos históricos podem ser encontrados no Palácio Episcopal (sede do bispado) e no Seminário Diocesano. A complementar pelo formato da sala, entra-se num verdadeiro túnel do tempo.

O museu está sempre fechado, mas sempre aberto. Isso porque não existe funcionário trabalhando no local, mas a qualquer hora do dia que aparece alguém para conhecê-lo, o funcionário de serviços gerais da paróquia sobe com o visitante, que só será guiado pelos pequenos papéis com a descrição embaixo de cada objeto.

“Infelizmente a paróquia não tem dinheiro para pagar uma pessoa, a igreja não tem dinheiro, mas as pessoas não deixam de visitar. Têm aparecido ultimamente grupos de alunos dos colégios, trazidos pelas professoras”, afirma Monsenhor João Olímpio Castelo Branco, vigário da paróquia de Limoeiro do Norte. Mas “Padre João”, como é conhecido, informa que a Associação dos Ex-alunos do Seminário, dentre os quais ele próprio, pretende retirar o museu do sótão da igreja e destiná-lo a um local mais amplo e, portanto, de maior visibilidade e acesso aos curiosos e pesquisadores.

Pela predominância de suas relíquias, o “museu da igreja” é um verdadeiro museu a Dom Aureliano. O homem nascido em Itapajé, no ano de 1889, rumou mais de 40 anos depois para o bispado em Limoeiro, em toda sua passagem sendo reverenciado com a pompa com que eram tratados os religiosos na época – ainda hoje é lembrado na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos e na estátua erguida há 20 anos em sua homenagem, demarcando o coração da zona urbana local.

Sua história está atrás de várias vitrines, cerca de 15 metros acima das cabeças de centenas de pessoas que todos os meses vão à missa e, se nunca ouvira falar, nunca visitaram o “museu da igreja”.

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