sexta-feira, 30 de abril de 2010

Empresários de Limoeiro do Norte conhecem ação do CNJ no projeto 'Começar de Novo'

O Projeto Começar de Novo mantém três núcleos de ação para apoio aos presos e egressos dos presídios.
Implantado no Estado primeiro por este município, o projeto Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi apresentado ontem a empresários e à sociedade civil. Membros do Conselho Nacional de Justiça que coordenam o projeto no Ceará puderam expor a funcionalidade e os objetivos do programa, que prevê a ressocialização de presos e egressos do sistema penitenciário por meio da inclusão no mercado de trabalho. A meta é fazer valer o lema de que "errar é humano, e ajudar quem errou é mais humano ainda", difundido pelo CNJ.
No campus de Limoeiro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), egressos participam de curso de eletricista predial. O mesmo curso é aplicado na cadeia para detentos como Francisco Reginaldo, que quer aproveitar os conhecimentos para conseguir um emprego quando sair da cadeia. De acordo com a juíza, Luciana Teixeira, o projeto não abranda a punição aos criminosos, que continuam tratados no mesmo rigor da lei. Mas dá uma chance para que, ao final do período de encarceramento, haja menos chances de reincidência.
Na apresentação do projeto aos empresários, foi feito o ato simbólico no qual a juíza Luciana Teixeira cadastrou no CNJ as duas primeiras empresas que aderiram à ação. (Foto: Melquíades Júnior)
Atualmente, de cada dez pessoas que saem da prisão, sete voltam a cometer crimes. Por iniciativa própria, Luciana Teixeira visita as famílias dos presos e egressos, para conhecer a realidade e explicar para os familiares de que forma pode haver cooperação. Membro do grupo de monitoramento do "Começar de Novo" no Estado, a juíza conseguiu a participação de entidades como o IFCE e a Prefeitura Municipal de Limoeiro. Mas a reunião de ontem ensejou uma adesão ainda maior. Duas grandes empresas, a Pinheiro Supermercado e a PWE Engenharia assinaram o termo de adesão ao projeto, e viabilizarão a contratação de egressos do sistema carcerário em seus quadros.
Para Graça Quental, coordenadora estadual do Começar de Novo, o sucesso do programa em outros municípios vai depender do empenho dos juízes e dos gestores municipais. O prefeito João Dilmar da Silva disponibilizou as secretarias municipais para colaborarem com o projeto. "Para todo empreendedor que vem se instalar aqui estaremos informando sobre o Começar de Novo, de que forma pode haver uma adesão, como as duas grandes empresas que agora são parceiras".
Uma cópia da reportagem "Reintegração de ex-detentos chega ao Ceará", publicada no dia 11 de abril deste ano no Caderno Regional, sobre o projeto, foi distribuída aos participantes pelo CNJ. A matéria trazia, dentre outros relatos, entrevistas com presos e egressos que participam do projeto. Com a adesão de mais empresas e órgãos públicos, a ação poderá atender a mais pessoas.
MAIS INFORMAÇÕES:
Projeto Começar de Novo Limoeiro do Norte-CE
(88) 9616.8916 (Celiane Magalhães, psicóloga do Núcleo de Atuação)
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

FCDL/CE assina convênio com o CRC e SEFAZ, em solenidade realizada em Limoeiro do Norte

A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) do Ceará se reúne com o Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Ceará (CRC-CE) e com a Secretaria da Fazenda (SEFAZ-CE) nesta sexta-feira (30/04), às 18h30, na sede da AABB de Limoeiro do Norte, para firmar parceria na criação do Projeto Parcerias, Estratégias & Soluções.
Antes, às 17 horas, no Instituto Federal do Ceará (IFCE) de Limoeiro do Norte, o presidente da FCDL-CE, o empresário Honório Pinheiro (foto), falará para os presidentes da CDL´s da Base Jaguaribana (Russas, Limoeiro, Aracati, Morada Nova, Jaguaribe, Jaguaruana e Iracema) sobre o Guia do Comércio, Câmara Setorial do Comércio e Serviço, Burocracia x Desenvolvimento, Cinturão Digital, Fundo Garantidor e Convenção Estadual.
Convênio
O convênio a ser assinado é de Cooperação Mútua e tem por objetivo promover eventos como seminários, cursos, palestras e atividades culturais, além de outras ações relativas à área contábil no interior do Estado de interesse do comércio da região.
A solenidade de abertura contará com a presença do Presidente da FCDL-CE, empresário Honório Pinheiro; do presidente do CRC-CE, Cássius Regis Antunes Coelho; do Secretário da Fazenda, João Marcos Maia, dos presidentes das CDL´s e contribuintes da região. Na ocasião, haverá debates e palestras.
Serviço
Pauta do comércio da FCDL-CE com os presidentes da CDL´s, às 17 horas, no Instituto Federal do Ceará (IFCE), Rua Estevão Remigio, 1145. Limoeiro do Norte.
Assinatura de Convênio entre a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) do Ceará, Conselho Regional de Contabilidade (CRC-CE) e Secretaria da Fazenda (SEFAZ-CE), dia 30 de maio, às 18h30, na sede da AABB, de Limoeiro do Norte, rua José Brito, 577, bairro José Simões dos Santos.
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA – DÉGAGÉ
Jornalistas Responsáveis: Eugênia Nogueira / Sônia Lage
(85) 3252.5401 / 9989.3913 / 9989.5876
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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Protestos pelo crime e homenagens a Zé Maria do Tomé marcaram a missa de sétimo dia

Site do MST dá ênfase ao assassinato de líder comunitário que lutava contra o sistema que explora os trabalhadores e destrói a natureza.
Em vez do silêncio, o canto. Canto embargado pela dor e pelo cansaço, mas fortalecido pelas muitas vozes que se juntaram às dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra. Ali, em meio ao acampamento do MST, em frente à sede Incra no Ceará, centenas de integrantes de movimentos sociais reuniram-se para homenagear o agricultor e líder comunitário José Maria, na data que marcava a passagem do sétimo dia de seu assassinato, terça-feira (27/04), no Sítio Tomé, localizado em Limoeiro do Norte, na divisa com o município de Quixeré, na Chapada do Apodi, interior do estado.
De mãos dadas, os participantes da celebração pactuaram: “nós decidimos. De agora em diante, temeremos mais à miséria do que à morte”. Com tal força, ressoaram as vozes, que do medo fez-se a confiança; da dor pela perda, a coragem para seguir na luta. Afinal, como lembraram o coro e os acordes dos violeiros, “não precisa ser herói para lutar pela terra, pois, quando a fome dói, qualquer homem entra em guerra”. Assim, multiplicaram-se Josés Marias, Dorothys, Franciscos, Margaridas. Todos eram os mártires de Carajás e de tantas outras batalhas, na insistência de lutar por um outro mundo, um outro projeto de desenvolvimento e de sociedade.
Sobre o asfalto preto transmutado em chão sagrado, foi celebrada a missa pelo padre Jéferson Carneiro da Silva, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e por mais sete padres ligados aos movimentos sociais. Padre Jéferson conclamou a todos a “não esmorecer para manter de pé a luta em favor da vida” e a “ gritar que os pobres continuam sendo a classe privilegiada de Deus, apesar de os poderes humanos os relegarem a nada. Precisamos colocar de pé outra vez a voz dos que são massacrados e criminalizados”. E exaltou a importância da unidade na luta.
A movimentação em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Avenida José Bastos, em Fortaleza/CE, no acampamento ocupado por integrantes do Movimento Sem-Terra (MST), aglutinou vários representantes de diferentes movimentos sociais e religiosos.
Ao ato religioso, seguiram-se pronunciamentos de lideranças dos movimentos, que destacaram a necessidade da apuração rigorosa do assassinato. Mas é preciso, ainda, impedir que José Maria morra pela segunda vez, deixando-se que chegue à morte a sua peleja. Por isso, Lourdes Vicente, integrante da Coordenação Estadual do MST, puxou o grito que ecoou por toda a avenida: “a cada companheiro tombado, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!” Estava selado o compromisso de todos na continuidade do combate ao uso dos agrotóxicos e na defesa das comunidades tradicionais da região.
O Homem
“Se eu morrer, continuem a minha luta. Se fizerem isso, já terá valido a pena”, costuma dizer o ambientalista, conforme lembrou, emocionado, o trabalhador Ricardo Cassundé, que acompanhava as lutas de Zé Maria do Tomé, como era conhecido. Ele tinha 44 anos quando foi alvejado por 19 tiros, destruidores tal qual a matadeira usada contra trabalhadores que, em outros tempos, pelos sertões da Bahia, também tentaram resistir à opressão.
Sem Terra homenageiam militante
Nos últimos anos, foi presidente a Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi e denunciou a desapropriação dos agricultores devido à implantação de grandes projetos de irrigação na região do Vale do Jaguaribe. Zé Maria também denunciava o uso de agrotóxicos e a pulverização aérea que, há dez anos, têm contaminado famílias, terras, animais e, sobretudo, a água da região.
“Ele estava descendo a serra, vindo de mais ações, como era tão comum em sua vida”, lamenta Ricardo, ao falar dos momentos anteriores ao assassinato. Dele não foi levada a moto, mas sim a pasta que continha documentos, fotos e outros materiais que comprovavam as denúncias que fazia. Essa é mais uma característica que fortalece as suspeitas de que tenha se tratado, de fato, de uma execução decorrida da atuação política do agricultor. A isto se soma o fato de que José Maria já vinha recebendo ameaças anônimas, que chegaram a ser registradas duas vezes por meio de boletins de ocorrência, de acordo os advogados que acompanham o caso.
A Terra
O professor José Ernani Mendes, da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano, localizada em Limoeiro do Norte, explica que a Região do Jaguaribe tem se caracterizado, nas últimas décadas, por um elevado nível de concentração de terra. “Na Chapada do Apodi, o projeto de fruticultura que vem sendo desenvolvido é um projeto marcadamente ocupado pelo agronegócio. Para se instalar lá, o agronegócio expulsou pequenos agricultores. Há estudos importantes, feitos por professores da universidade, constatando esse processo de concentração por parte das grandes empresas do agronegócio, que ocuparam, inclusive, terras da União”, detalha.
Junto ao agronegócio, chegou à região também o agrotóxico, que tem ameaçado a vida em todas as formas. Mendes explica que as empresas fruticultoras estão utilizando a pulverização aérea de forma indiscriminada, o que tem causado a contaminação da água que abastece a comunidade. Os produtos têm gerado irritações na pele e nos olho dos habitantes. “A gravidade da contaminação é verificada no aumento do número de casos de câncer na região, que já é alarmante”, afirma o professor.
A morte do líder comunitário traz à tona conflitos que não são novos. Já em 2008, funcionários da Fazenda Ouro Verde, propriedade da transnacional Del Monte Fresh Produce Brasil Ltda. localizada na Chapada do Apodi, paralisaram suas atividades e denunciaram as péssimas condições de trabalho às quais eram submetidos. Os trabalhadores da Del Monte, uma das maiores empresas do setor de produção e exportação de frutas instaladas o Brasil, tinham contato constante com os agrotóxicos, causando doenças em muitos deles.
A Luta
A morte do líder comunitário expõe à sociedade os conflitos que ocorrem há mais de uma década na Chapada do Apodi: a luta contra o agronegócio e o uso de agrotóxicos e em defesa dos trabalhadores que têm sido expulsos de suas moradias devido à chegada e à ocupação das terras por parte das grandes empresas. As denúncias levaram instituições como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o Ministério Público, a Justiça Federal e diversas universidades a analisar os problemas na Chapada.
Apesar da perseguição, José Maria havia conquistado vitórias: ano passado, a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte aprovou uma lei que proíbe a pulverização aérea. No entanto, a estudante de direito Maiana Maia, que acompanha o caso, explica que apesar da conquista popular, a pressão dos interesses econômicos e políticos levou o prefeito da cidade a apresentar um Projeto de Lei que, entre outras definições, propõe ser revogada a lei que proibira a pulverização por aeronaves.
"Diante da possibilidade desse retrocesso na luta, as comunidades pressionaram para que se realizasse uma Audiência Pública que tratasse especificamente do tema – pulverização aérea – com pesquisadores, integrantes do Ministério da Agricultura, do Ministério Público e da sociedade civil como um todo.", explica Maiana. A audiência ocorrerá, na Câmara Municipal de Limoeiro do Norte, no dia 12 de maio de 2010, e dela participarão diversos movimentos sociais.
Faixa
Essa luta agora será encampada por muitos outros Josés. Para o ambientalista e advogado João Alfredo, vereador de Fortaleza pelo PSOL, a morte de José Maria assemelha-se à de Chico Mendes e a de Irmã Dorothy, pois todos sabiam que iriam morrer, mas não desistiram da luta. “Por isso, a nossa obrigação é assumir essa luta do José Maria, a luta contra o sistema que explora os trabalhadores e destrói a natureza. Nós não deixaremos que calem essa voz”, garante Alfredo. “É hora dos movimentos se unificarem em torno da luta por mudanças estruturais no país”, defende Alessandro Nunes, assessor técnico da Cáritas Brasileira Regional. Assim, vão verter-se em verdade os dizeres da faixa exposta durante a missa em homenagem ao agricultor: “Se me matarem, ressuscitarei na luta do meu povo”.
Informações: www.mst.org.br, Por Helena Martins
Crédito das fotos: Camila Garcia

Agrotóxicos: Água em áreas da Chapada do Apodi está contaminada

Os agrotóxicos identificados nas águas apresentam solubilidade de moderada a alta e mobilidade moderada quanto à capacidade de retenção no solo, significando que podem ser detectados em águas subterrâneas. A conclusão consta de uma análise feita pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) na Chapada do Apodi, região leste do Estado, onde se concentram as maiores áreas irrigadas com água subterrâneas do Ceará.
O estudo, financiado pelo Banco Mundial, constatou a presença de calcário na água que também é salobra, sendo portanto imprópria para o consumo humano. “Segundo a população local (os que vivem em sítios e distritos) o alto índice de calcário tem causado muitos problemas renais”, de acordo com o relatório.
O documento, batizado de Plano de Gestão Participativa dos Aquíferos da Bacia Potiguar (CE), foi concluído em outubro do ano passado pelos técnicos da Cogerh, mas foi apresentado há dois meses aos usuários da água na Chapada do Apodi, informa o diretor de planejamento do órgão, João Lúcio Farias de Oliveira.
Ele disse que foi criado um grupo gestor que fará o acompanhamento quantitativo e qualitativo da água na região, principalmente nos municípios cearenses de Limoeiro do Norte, Quixeré, Tabuleiro do Norte e Alto Santo. Foram instaladas 40 estações de monitoramento que dão informações de hora em hora.
João Lúcio reafirma que a água de lá é muito pesada, tem muito calcário e precisa ser acompanhada com relação aos agrotóxicos pulverizados na área de plantio. No relatório, é citada a preocupação dos moradores com relação ao meio ambiente “altamente impactado em função das queimadas, dos agrotóxicos e das caieiras que não são estruturadas”.
A população, por causa disso, constata o aumento do número de doenças provocadas pela poluição do ar como a tuberculose, alergias, micose, problemas respiratórios e até casos cancerígenos. Isso é o que consta no relatório da Cogerh.
Fiscalização
O diretor de planejamento do órgão diz que foi firmado um convênio com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para a fiscalização naquela área e para um trabalho de educação ambiental. Doze comunidades são envolvidas nesse trabalho. E, de dois em dois meses, serão apresentados os dados do monitoramento da água. Estão sendo feitas ainda reuniões com os produtores de fruticultura.
SAIBA MAIS
- A médica e professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), Raquel Rigotto, e uma equipe de pesquisadores realizam, desde 2007, um trabalho de acompanhamento do impacto dos agrotóxicos na saúde do trabalhador e dos consumidores de frutas no Ceará, com ênfase na Chapada do Apodi. O trabalho é patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e já constatou a contaminação da água por produtos químicos.
- No último dia 21, o ambientalista José Maria foi assassinado com 19 tiros. Ele vinha denunciando o uso de agrotóxicos na região que tem área destinadas ao plantio da fruticultura para exportação.
- Agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, usados na produção, armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas e pastagens. É usado ainda em ambientes urbanos, hídricos e industriais para alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa dos seres vivos.
Informações: OPOVO Online, por Rita Célia Faheina

terça-feira, 27 de abril de 2010

8° Festival de Sanfoneiros tem inscrições abertas

O evento será realizado entre os dias 26 a 29 de maio, reunindo grandes instrumentistas em Limoeiro do Norte.
Já estão abertas as inscrições para instrumentistas de todo o Brasil que desejem participar da oitava edição do Festival de Sanfoneiros, que acontecerá entre os dias 26 e 29 de maio, na Praça da Matriz, em Limoeiro do Norte. O Festival é realizado pela Prefeitura Municipal de Limoeiro do Norte, através da Secretaria da Cultura e Turismo e pelo Instituto Brasil de Dentro.
Como forma de estimular e promover os talentos dedicados à interpretação instrumental da sanfona, bem como valorizar e popularizar a música tradicional brasileira, os participantes além de músicas autorais, inéditas ou não, deverão incluir canções de Luiz Gonzaga, Severino Araújo, Dominguinhos, Pinxiguinha, Sivuca e Zé Calixto, dentre outros.
Evento tradicional da cidade, o Festival de Sanfoneiros transforma Limoeiro do Norte na ‘capital da sanfona’. Consulte aqui o Regulamento
As inscrições podem ser realizadas até o dia 15 de maio, pessoalmente na Rádio Universitária FM, em Fortaleza, localizada Avenida da Universidade, 2910 - Benfica, na Secretaria Municipal da Cutura e do Turismo de Limoeiro do Norte, ou via correio para os endereços a seguir:
Secretaria da Cultura e Turismo de Limoeiro do Norte
Centro Cultural Márcio Mendonça
Rua Cel José Nunes, 571 – Centro
CEP: 62.930-000 – Limoeiro do Norte/CE
Contato: (88) 3423.2267

Grupos pedem que Polícia Federal investigue crime

O pedido é para que a investigação do assassinato do ambientalista seja realizada pela Polícia Federal e a petição deve ser encaminhada ao Ministério Público. O grupo reúne vários movimentos sociais, das universidades e a Igreja.
“A batalha do Zé Maria é por melhores condições de vida. Ela (a batalha) sempre existiu. Agora, a morte dele deixou visível os problemas”. O desabafo do padre Júnior Aquino, de Limoeiro do Norte, na Região Jaguaribana, vem num tom de luta. “A morte do ambientalista não pode ter sido em vão”, emenda, na mesma nuance, o vereador João Alfredo (Psol).
Os argumentos foram apresentados ontem pela manhã, na sede da Cáritas Regional, em Fortaleza, numa reunião em que movimentos sociais, das universidades e a Igreja se encontraram para definir que ações devem marcar o início dos protestos e da cobrança por justiça contra o assassinato do ambientalista e líder comunitário José Maria Filho.
Do encontro, foi acertado que os grupos vão solicitar a federalização do caso, ou seja, pedem que a investigação seja conduzida pela Polícia Federal. “A morte do Zé Maria pode ser comparada à do Chico Mendes, do ponto de vista do enfrentamento às atrocidades provocadas pelo agronegócio”, aponta Alfredo. Os grupos querem convidar a população para transformar o incidente repleto de crueldade em algo provocativo. Eles pretendem que a notícia se espalhe por todo o País e ultrapasse as fronteiras. Só assim, acreditam, verão punição para o crime.
Vereador de Fortaleza, João Alfredo (em pé), se reuniu com vários grupos para discutir a morte do ambientalista. (Foto: Mauri Melo)
O padre Júnior recorda, com orgulho, as ações de José Maria Filho, “o Zé do Maria do Tomé” ao lado de outros líderes comunitários. “O perfil do Zé Maria era o de luta pela justiça. Na comunidade Cabeça Preta e no Sítio Tomé, ele lutava pela substituição de 50 casas de taipa por casas alvenaria”. O ambientalista partiu antes da concretização do projeto.
Segundo acredita o padre, a população agora tem duas alternativas: ou se recolhe pelo medo ou envereda na batalha. “Toda luta social é uma luta pela justiça. Para a Igreja, é a ação de Deus”, comenta. “As pessoas ficam com medo de que matem outras lideranças sociais. A luta não pode mais parar no ponto em que chegamos”, afirma.
O crime
Encabeçando lutas comandadas pelo ambientalista, como o fim de pulverização aérea dos agrotóxicos e melhores condições de vida para pessoas de comunidades de Limoeiro, o grupo afirma que o assassinato do José Maria Filho deu visibilidade aos conflitos na Chapada do Apodi.
O ambientalista foi executado com 19 tiros quando trafegava em sua moto numa estrada carroçável, próxima ao aeroporto, na tarde da última quarta-feira. Ele presidia a Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi.
E-Mais
- Hoje será realizada duas missas de 7º dia pela morte do ambientalista José Maria. A primeira em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra - avenida José Bastos, 4700), às 17 horas, no local há um acampamento do MST. A outra celebração acontece em Limoeiro do Norte.
- Entre os grupos presentes, estavam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Cáritas, Fórum Cearense pela Vida no Semi-Árido, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Diocese de Limoeiro do Norte, Escritório Frei Tito de Alencar, Faculdade de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), entre outros.
Informações: OPOVO Online, por Angélica Feitosa

Entrada da PF será pedida na investigação

Investigação sobre o assassinato do líder comunitário José Maria Filho pode passar à Polícia Federal.
Ainda esta semana, a Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares no Nordeste (Renap) deve entrar com um pedido junto ao Ministério Público do Estado para que a investigação do assassinato do líder comunitário José Maria Filho seja federalizado. A decisão foi tomada durante reunião realizada, na manhã de ontem, na sede da Cáritas Diocesana, na Capital cearense. O agricultor foi brutalmente assassinado na última quarta-feira (21/04), em Limoeiro do Norte.
José Maria Filho era conhecido pela luta contra o uso irregular de agrotóxicos e a concentração fundiária na Chapada do Apodi. O agricultor foi executado com 19 tiros no tórax e, também, na cabeça. Seu corpo foi encontrado por populares jogado no asfalto, ao lado da moto que pilotava.
"Como este é um caso que envolve direitos humanos e teve grande repercussão nacional, a legislação prevê que a investigação possa ficar a cargo da Polícia Federal", argumenta o advogado da Recap, Davi Rocha, acrescentando que o pedido não exclui uma participação conjunta das Polícias Federal e Civil, que atualmente é responsável pelo caso.
Clima de medo
Apesar da expectativa em conseguir a federalização do caso, o advogado da Recap reconhece que este é um processo difícil. "No caso da freira Dorothy Stang, que foi assassinada no Pará, não se conseguiu a federalização mesmo com toda a repercussão que causou. Mas vamos lutar para que este caso no Ceará seja diferente", reforça Davi Rocha.
A reunião foi realizada a portas fechadas, as fotos foram tiradas antes do início. Foi argumentado que muitas pessoas estavam com medo de falar com a presença da imprensa, por conta do clima de medo na região desde que ocorreu o assassinato. Durante a reunião, que contou com a participação de diversas entidades e movimentos sociais, também se discutiu o fato de os moradores do Sítio Tomé e Cabeça Preta, localidades mais atingidas pelo problema dos agrotóxicos denunciados por José Maria Filho, estarem assustados com a possibilidade de represálias depois da morte do líder comunitário.
Por conta do medo que pessoas de Limoeiro têm em falar sobre a morte de José Maria, fotos sobre a reunião foram tiradas antes de iniciarem os trabalhos. (Foto: Thiago Gaspar)
O assessor de comunicação da Cáritas Diocesana, Eduardo Campelo, comentou que, durante a reunião, um morador ligou dizendo que havia sido convocado para depor no caso, mas que estava com medo e pediu orientação jurídica dos advogados do Renap. Outras pessoas também devem receber este suporte.
Missa
Segundo o padre da Diocese de Limoeiro do Norte, Júnior Aquino, será celebrada uma missa pelo falecimento de José Maria, hoje, em frente à sede do Incra, que fica na Avenida José Bastos, em Fortaleza. A celebração ocorrerá por volta das 17 horas. A celebração será feita no acampamento montado pelo Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na avenida.
De acordo com o padre, foram convocados representantes de todas as pastorais e os movimentos sociais, além de grupos independentes e quem quiser participar da celebração. "Queremos despertar os olhares de toda a população para crimes contra lideranças comunitárias", afirma o padre.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem: Karoline Viana

domingo, 25 de abril de 2010

Meton Maia e Silva completa 90 anos de vida

Pioneiro do jornalismo interiorano, o Sr. Meton Maia e Silva completou exatos 90 anos de vida na última quinta-feira, dia 22 de abril de 2010. Possuidor de um rico acervo, retrata e relata em detalhes a história cultural, política, social, religiosa e esportiva de Limoeiro do Norte.
Jornalista, pesquisador, historiador, desportista, poeta, escritor, tem o sincero reconhecimento deste blog e do povo limoeirense, por resguardar a história desta cidade, divulgando e contribuindo para o engrandecimento de Limoeiro do Norte, e pelo assíduo trabalho como verdadeiro defensor da cultura cearense.
Moacir Maia, também limoeirense, descreve perfeitamente quem é “Seu Meton” numa crônica descritiva em homenagem ao mesmo, publicada no jornal Diário do Nordeste, neste domingo (25/04).
O homem e sua história
Por Moacir Maia, Jornalista, diretor de Relações Internacionais da Fenaj.
O ano de 2010 marca os 113 anos de emancipação política de Limoeiro do Norte, cidade pólo do Baixo Jaguaribe e uma das mais importantes do Estado do Ceará. Mas o calendário deste ano, precisamente neste mês de abril, assinala para a cidade um fato ainda mais relevante por ter comunhão com a história de vida de um homem que completa 90 anos e que faz convergir, comungar para o seu nome, os mais importantes episódios que Limoeiro viu e viveu até hoje.
O sobrenome dele é Maia e Silva, mas "Seu Meton" pode muito bem acrescer e assinar como Meton Limoeiro Maia e Silva, colocando no registro de nascimento o mais preciso traço de seu DNA, uma linhagem e descendência que fazem confundir sua história com a história da cidade.
Desde a infância, vi, pela figura de "Seu Meton", o portador, o relator dos fatos que compunham a narrativa histórica de minha cidade. Seus artigos e reportagens nos periódicos da Capital gravaram para o resgate e a memória de historiadores, e muito para minhas referências, os mais representativos fatos ocorridos na querida Limoeiro.
Hoje, seria impossível tentar descrever o homem, o tempo e sua história na linha que acompanha a trajetória de vida de Seu Meton, e vejo que para poucos é possível alcançar a compreensão de como ele se tornou vital para entendermos Limoeiro, sem alinhar e perceber como o município assumiu tão significativo papel nas letras, na cultura, na economia, no esporte e na política em nosso Estado.
Não fora o registro sistemático, cotidiano, jornalístico que fizera este homem, seria impossível um mergulho na história e o entendimento da evolução social que Limoeiro empreendeu ao longo dos anos.
Na retina da memória, no compasso de uma vida dedicada à coletividade, podemos constatar que sua atuação, seja como servidor público no IBGE, diretor da sucursal dos Diários Associados (Correio do Ceará, Unitário e Ceará Rádio Clube - PRE 9), desde os anos 1940, à sua atuação como líder classista de jornalistas no Interior, embasado na crença da luta coletiva, ou como presidente do Esporte Clube Limoeiro, sempre esteve esculpida pela defesa intransigente dos interesses de nossa cidade.
As páginas do Correio do Ceará, d´O Nordeste, da Tribuna do Ceará e do Diário do Nordeste, além do microfone da Rádio Vale do Jaguaribe, sempre espelharam e reverberaram suas crônicas sobre a cidade de Limoeiro. É possível relatar a história da cidade só acompanhando os traços jornalísticos do escriba Meton Maia e Silva.
Quisera ter e ser a síntese de uma vida que se embrenha e corporifica-se na simbiótica relação entre a pessoa física e uma aliança indissolúvel com o instituto maior de uma comuna, de uma cidade. É de fazer inveja a qualquer cidadão que ama o torrão em que nasceu e onde despertou para a vida.
Até parece que Limoeiro esperou a maioridade de um filho das terras jaguaribanas, (Meton fez estreia na vida pelo vizinho Pereiro) para que tivesse um porta voz à altura dos teus fatos. Bem definido pelo professor Waldir Sombra como o "repórter do Sertão", Meton Maia e Silva fez mais do que contar e relatar a história, ele é protagonista e agente ativo e presente nos episódios que contam a vida de nossa comunidade. Parabéns, Meton Limoeiro Maia e Silva!

Tensão: Ausência do Estado preocupa empresários

Empresários com negócios no vale jaguaribano culpam os três níveis de governo pela falta de quase tudo.
Para empresários dos setores do agronegócio e da indústria ceramista da região do Vale do Jaguaribe, a morte do agricultor, comerciante e líder comunitário José Maria Filho, assassinado quarta-feira (21/04), com 19 tiros de pistola e escopeta 12, em Limoeiro do Norte, tem uma causa: a completa ausência do Estado, nos seus níveis municipal, estadual e federal, naquela área geográfica do Ceará. Principalmente na zona rural.
"No interior dos municípios, falta tudo, desde a escola de qualidade à coleta e destinação final dos resíduos sólidos", disse um empresário. Outro, com negócios implantados e em pleno desenvolvimento na Chapada do Apodi, afirmou que não há um só posto da Semace em toda a região onde se localizam e operam as fazendas de produção de frutas, as indústrias de cerâmica e também as de mineração. Igualmente, não há posto de coleta de embalagens de agrotóxicos, apesar de todo o esforço que a Adece tem feito neste sentido. O agricultor assassinato atuava no combate ao uso de agrotóxicos, principalmente nas áreas de produção.
Para quem trabalha na zona rural do vale jaguaribano, não há escola, posto de saúde, coleta de lixo e segurança pública. Ou seja, falta Estado e isso preocupa o empresariado. (Foto: José Wanderley)
Consultados sobre as causas e as consequências da morte de José Maria Filho, os empresários citaram os que consideram os problemas mais visíveis, do ponto de vista social e ambiental: a escola pública oferecida pelos governos municipais à população da zona rural é de péssima qualidade; a segurança pública é precária; os postos de saúde não existem; os resíduos sólidos são coletados e depois despejados em lixões e, às vezes, na calha dos rios; não há na região um só aterro sanitário, e isso causa doenças que atingem principalmente a população infantil. Que o Estado reaja.
Informações: Diário do Nordeste

Religiosos prometem continuar luta de ambientalista

O bispo diocesano de Limoeiro do Norte, José Haring, garante que a luta em defesa do meio ambiente continua após a morte do ambientalista José Maria Filho.
O bispo diocesano de Limoeiro do Norte, dom José Haring, é um dos que lamentam a morte do ambientalista e líder comunitário José Maria Filho, executado com 19 tiros no tórax e na cabeça, na última quarta-feira (21/04).
“A morte dele chocou a todos nós. Era uma pessoa simples, mas ficou visível por causa de sua luta. Ele era engajado, queria uma vida boa para a comunidade pobre”, lembra. O ambientalista, conhecido como Zé Maria ou Zé do Tomé, era considerado o maior defensor das comunidades que ficam na Chapada do Apodi. Lutava em defesa do meio ambiente e do combate às injustiça sociais.
"Sempre sabíamos das dificuldades e até das ameaças. Mas temos que continuar a luta. Seguir com nossos ideais, engajados em defesa do homem do campo”, promete o bispo. Durante a missa de corpo presente do ambientalista, na última quinta-feira (22/04), o padre Júnior Aquino, também de Limoeiro do Norte, fez a mesma promessa. "Se pensavam que matando o Zé Maria iam acabar com a luta, estão enganados. A luta continua. A comunidade do Tomé não está sozinha. A igreja está junto".
O ambientalista de 44 anos foi executado com 19 tiros quando trafegava em sua moto numa estrada carroçável próximo ao aeroporto, na tarde do último dia 21. Ele era presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi. A entidade, fundada por ele, lutava para que os pequenos produtores não fossem retirados de suas terras - transformadas em fazendas de fruticultura irrigada. “Quem o matou disse não à vida, o maior bem que Deus nos deu. Temos o direito a trocar ideias, a dialogar, a argumentar. Isto é humano e não a morte violenta”, conclui dom José Haring, que participou da missa de corpo presente de Zé Maria.
Informações: OPOVO Online / Foto: Edimar Soares

sábado, 24 de abril de 2010

Comissão vai apurar conflitos na Chapada do Apodi

A morte do líder comunitário José Maria Filho acirra contexto de conflitos ambientais na Chapada do Apodi.
O que para uns é oásis agrícola e econômico é, mais ainda, uma ilha de conflitos sociais, econômicos, culturais e políticos. A Chapada do Apodi, entre os municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré, assume contornos mais questionadores após o assassinato, anteontem, do principal líder comunitário, José Maria Filho, do Tomé, uma das várias localidades que existem nesse relevo geográfico e palco de uma série de denúncias que vão da contaminação por agrotóxicos à falta de demarcação de terras, todas publicadas com exclusividade pelo Diário do Nordeste. Com as denúncias, vários órgãos, dentre os quais, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Procuradoria da República, Ministério Público, Justiça Federal e, principalmente, universidades e movimentos sociais, debruçaram-se sobre o tema. De mais recente, a confirmação da criação de Comissão Permanente com várias entidades para tratar, exclusivamente, dos problemas na Chapada do Apodi.
O líder comunitário, José Maria Filho, denunciou problemas socioambientais e econômicos que vitimam trabalhadores na Chapada do Apodi. Morreu no Dia Mundial da Terra. (Foto: Melquíades Júnior)
Apesar das poucas informações que diz dispor, a Polícia Civil está investigando a morte do líder comunitário José Maria Filho, um dos principais ativistas da região. Sua morte atiçou mais ainda a revolta das comunidades e movimentos sociais com os problemas que cercam a região:
Utilização indiscriminada de agrotóxicos, por pequenos e grandes produtores; prática irregular da pulverização aérea, com o veneno atingindo as residências das comunidades; crescimento das casas de taipa nas vilas; uso doméstico da mesma água que abastece a lavoura e sem o devido tratamento; o atraso na demarcação das terras - do pequeno agricultor às maiores empresas fruticultoras, nenhum possui título de propriedade e a concentração fundiária atende a quem tem maiores condições de se fixar.
Um relevo geográfico que em menos de duas décadas sai de uma região abandonada e sem perspectivas para um dos lugares mais "prósperos" da fruticultura e do agronegócio do Nordeste Setentrional. O problema é entender quem, de fato, se beneficia da prosperidade da Chapada do Apodi, entre os municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré. Somente no ano passado, houve faturamento superior a R$ 70 milhões. A produção gera mais de 10 mil empregos diretos e indiretos.
As primeiras denúncias envolvendo contaminação por agrotóxicos ganharam repercussão a partir de 2006. Na época, a reportagem flagrou uma comunidade inteira invadida pelo pó de enxofre, utilizado por uma empresa para tornar o solo ácido para plantação de abacaxi. Depois seguiram evidências da venda indiscriminada de veneno em estabelecimentos comerciais, e aumentaram os casos de trabalhadores vítimas de contaminação, com pelo menos três mortes.
Uma das vítimas fatais acompanhadas pela reportagem era José Valderi, que trabalhou na aplicação de veneno em uma empresa e após perder, um a um, os dedos do pé esquerdo teve a perna amputada e meses depois veio a óbito. O laudo médico apontava contaminação por bactéria.
Os casos de contaminação, somada à denúncia em edição especial do Caderno Regional, de 29 de abril de 2008, sobre os casos de câncer em Limoeiro do Norte - até o ano de 2007, média aproximada de um caso de câncer para cada 300 habitantes -, chamaram a atenção do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC). Há dois anos, a médica e professora Raquel Rigotto lidera uma equipe de pesquisadores, apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que estuda a situação de saúde de trabalhadores agrícolas da Chapada. Um dos problemas apontados pela professora é o "abuso" dos coquetéis de venenos, uma mistura de substâncias químicas que tem, inclusive, diferentes períodos de carência entre as aplicações.
Três semanas antes da morte de José Maria, teve início a criação de uma comissão para discutir os problemas envolvendo saúde do trabalhador, meio ambiente e concentração de terras na Chapada do Apodi. De acordo com Janaina Magalhães, chefe do Serviço de Fiscalização Agropecuária do Ministério da Agricultura, a comissão terá caráter permanente e deverá incluir diferentes órgãos. "Mas uma comissão só tem sentido se envolver os movimentos sociais, as universidades", pontua o professor Hidelbrando dos Santos, diretor da Fafidam- Uece, em Limoeiro, que no início da década publicou levantamento sobre a intensa concentração de terras e a consequente expropriação de trabalhadores como o líder José Maria, que presidia a Associação dos Desapropriados São João e foi sepultado na última quinta-feira, no Dia Mundial da Terra.
ENQUETE
Morte anunciada
“A comunidade tinha Zé Maria como a pessoa mais preocupada pelas nossas causas. Foi vítima da pressão dos grandes”.
Antônia Hélia - Sobrinha do líder comunitário assassinado
“A Chapada do Apodi está mergulhada no contexto da favelização, drogas e da disputa entre grandes e despossuídos”.
Hélio Herbster - Professor e vereador em Limoeiro
“A morte foi anunciada. Todos somos ‘Zé Marias’, que sabemos a dificuldade da luta que se trava contra a opressão”.
Lourdes Vicente - Da direção estadual do MST
Fac-Símile de reportagem exclusiva sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos na Chapada do Apodi. (Diário do Nordeste, Caderno Regional / Publicação: Terça-feira, 29 de abril de 2008)
VENENO AÉREO
Pulverização ilegal ainda é realizada
Leia-se, mas não se cumpra. É essa a prática da lei aprovada há quase um ano pela Câmara Municipal de Limoeiro proibindo a pulverização aérea das lavouras agrícolas da Chapada do Apodi. Os aviões sobrevoando as plantações e jogando veneno, mas atingindo os trabalhadores e áreas residenciais, conforme denunciaram os moradores da comunidade Tomé, liderados pelo agricultor e comerciante José Maria. Apesar da proibição, a pulverização aérea seguiu, ficou o dito pelo não dito. Num flagrante de desobediência à legislação municipal, a reportagem teve acesso a um e-mail de funcionário de uma empresa enviado para o Serviço de Fiscalização Agropecuária do Ceará alegando que, por consideração à família do líder assassinado, a pulverização aérea está "suspensa pelos próximos dias".
O líder comunitário José Maria Filho não tinha o Ensino Fundamental, lia e escrevia pouco, mas sabia muito dos seus direitos. Quando acontecia uma reunião sobre recursos hídricos, meio ambiente e saúde pública no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) ou da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), em Limoeiro, ficava na fila para perguntar aos debatedores e denunciar a contaminação de veneno em sua comunidade. Reclamava que a comunidade consome água imprópria, fato verificado pela própria Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (Fapija), que concede ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) a retirada de água para abastecer algumas comunidades.
A tentativa de encontrar provas de que a pulverização aérea acontecia, apesar da proibição, levou-o várias vezes ao aeroporto da Chapada do Apodi. Numa das queixas levadas à Delegacia de Polícia, ameaça de morte que teria sofrido quando tentava fazer o flagrante do avião pulverizador alçando voo.
A chefe do Serviço de Fiscalização Agropecúária do Ministério da Agricultura no Ceará, Janaina Magalhães, confirmou que a pulverização é permitida, de acordo com a legislação federal. "Se houver pulverização, eles nos avisam, dizem qual produto vão utilizar, tenho os registros das pulverizações feitas desde 2007, mas é tudo feito às claras, eu mesma já estive fazendo fotos lá", explica a fiscal, que afirmou não ter conhecimento dessa lei municipal. "Sabia que estava em discussão". De acordo com o vereador Heraldo Holanda, mesmo com a proibição, a situação continuou porque não há qualquer fiscalização.
Audiência pública
No próximo dia 12 de maio de 2010 a Câmara Municipal de Limoeiro promoverá audiência pública para tratar do projeto de política ambiental, que tem em um de seus artigos a revogação da lei anterior, que proíbe a pulverização aérea. Movimentos sociais pretendem fazer manifestação para que haja proibição real do despejo de venenos por avião.
De acordo com a fiscal Janaina Magalhães, a criação da Comissão Permanente para discutir os problemas da Chapada do Apodi poderá convergir as discussões para que se chegue a um consenso sobre a situação dos trabalhadores e do meio ambiente. O procurador da república em Limoeiro do Norte, Luis Carlos, recebeu como sugestão da atual comissão preparatória, que também inclui a Prefeitura Municipal de Limoeiro, para que solicite dos ministérios da república integração à comissão, além de produção de análise dos solos, da água e da saúde das comunidades. "Vamos pedir uma preocupação maior dos órgãos para a Chapada do Apodi, e também será muito importante o envolvimento dos movimentos sociais na Comissão Permanente", disse.
Mais informações:
Fiscalização Agropecuária do Ministério da Agricultura no Ceará
Av. dos Expedicionários , Fortaleza
(85) 3455.9206
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Fotos: Melquíades Júnior

Polícia Civil destaca força-tarefa para investigar a morte do líder comunitário

Superintende da Polícia Civil desloca agentes e delegado para auxiliar investigações de assassinato de ambientalista.
Uma força-tarefa da Polícia Civil vai atuar na apuração do assassinato do ambientalista e líder comunitário José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé, na Chapada do Apodi, região jaguaribana. Ontem, o superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas disse ao O POVO, que designou, através de portaria, que o delegado regional de Russas, Luciano Barreto, auxilie o delegado José Fernandes, de Limoeiro do Norte, nas investigações.
“Inclusive, desde ontem (quinta-feira, 23/04), dois policiais de Russas estão integrando a equipe de policiais civis de Limoeiro do Norte”, informou Dantas acrescentando que “os policiais dos dois municípios estão em campo buscando descobrir os criminosos” e que ele próprio acompanhará detalhes das investigações.
Ontem, porém, não havia novidades sobre as investigações. Na última quinta-feira, contudo, o superintendente disse que o delegado José Fernandes ouviu o vigia do aeroporto de Limoeiro do Norte, de onde decolam aviões para fazer a pulverização de agrotóxicos no perímetro irrigado. Segundo ele, havia acontecido discussão entre o vigia e o ambientalista, devido à resistência de Zé Maria às pulverizações.
Velório de Zé Maria parou a comunidade de Tomé. Ambientalista lutava pela preservação da Chapada do Apodi. (Foto: Deivyson Teixeira)
O ambientalista de 44 anos foi executado com 19 tiros quando trafegava em sua moto numa estrada carroçável próximo ao aeroporto, na tarde da última quarta-feira. Ele presidia a Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi. A entidade foi fundada por ele e lutava para que os pequenos produtores não fossem retirados de suas terras - transformadas em fazendas de fruticultura irrigada.
A morte dele chocou as famílias que moram em localidades da Chapada do Apodi e integrantes de movimentos sociais e de instituições ligadas à diocese de Limoeiro do Norte. O corpo do ambientalista foi sepultado no cemitério São João Batista em Quixeré. A missa de 7º dia está sendo organizada pela diocese para a próxima semana, em data a ser confirmada.
Informações e Foto: OPOVO Online / Reportagem: Rita Célia Faheina

Lei criada por atuação de Zé Maria é desobedecida

“Recentemente Zé Maria, que era uma das lideranças que lutava contra os agrotóxicos na região, fez um abaixo-assinado e entregou na Câmara Municipal (de Limoeiro do Norte). O resultado foi que os vereadores aprovaram uma lei proibindo a pulverização aérea feita nas área do plantio de fruticultura”.
A informação é da médica e professora Raquel Rigotto, do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC). Desde 2007, ela e uma equipe de pesquisadores acompanham os impactos dos agrotóxicos na saúde de trabalhadores e consumidores de frutas no Ceará, incluindo a Chapada do Apodi. "Zé Maria estava sempre presente nos encontros, seminários e mobilizava as comunidades", declarou Raquel. Ela confirma que estudo, patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), constatou a contaminação da água pela pulverização aérea com agrotóxicos.
Numa sessão da Câmara Municipal de Limoeiro do Norte, último dia 8 de abril de 2010, o vereador e vice-presidente da Casa, Hélio Herbster, também falou sobre o assunto. Disse que ia discutir sobre o tema até o momento que fosse colocado um ponto final na questão. A lei que proíbe o uso de agrotóxicos na Chapada é desobedecida. (RCF)
Informações: OPOVO Online - Foto/Reprodução: Jangadeiro Online

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Polícia investiga o assassinato de José Maria Filho

A Polícia ainda não tem pistas dos bandidos que mataram um líder comunitário José Maria Filho, conhecido pela luta em favor de comunidades carentes na região do Vale do Jaguaribe. Veja abaixo a reportagem do Jornal Jangadeiro:

O corpo de José Maria foi velado na capela da localidade de Tomé, onde o ambientalista e líder comunitário assistia a missa todos os dias 13 em honra de Nossa Senhora de Fátima, havendo a concelebração eucarística presidida pelo bispo diocesano de Limoeiro do Norte, Dom José Haring. Após a missa, outro cortejo seguiu para Quixeré, onde houve o sepultamento.
Crime tem repercussão nacional
José Maria Filho foi executado com 19 tiros no tórax e na cabeça. Seu corpo foi encontrado por populares jogado no asfalto, ao lado da moto que pilotava, na Chapada do Apodi.
De acordo com as informações periciais, um carro e uma moto podem ter sido usados o crime.
O carro teria sido forçado o agricultor a sair da pista, e sem chances de defesa, mesmo caído no chão, José Maria teria sido alvejado. A Polícia tem poucas informações.
O fato repercutiu nacionalmente, tendo em vista a bandeira levantada pelo lidér comunitário que denunciava o uso indiscriminado de agrotóxicos na Chapada do Apodi, em prol da comunidade que sofre com o descaso e o desrespeito dos órgãos públicos e a irresponsabilidade das grandes empresas que se fixaram na Chapada, e que atentam contra o meio ambiente e a saúde da coletividade.
Outra denúncia fala da concentração de terras na Chapada do Apodi por grandes grupos empresariais que, conforme o próprio Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (DNOCS), nenhuma das grandes fazendas fruticultoras possui títulos das terras.

Execução de José Maria pode ter ligação com denúncias de contaminação por agrotóxicos

Denúncias sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos, pode ser um dos motivos da execução. Porém, a polícia não descarta outras hipóteses.
O barril de pólvora da pistolagem explodiu mais uma vez na Região Jaguaribana. A morte do agricultor e comerciante José Maria Filho, executado com 19 tiros de pistola calibre Ponto 40 e uma escopeta 12, ganhou fortes contornos sociais. O principal líder comunitário da Chapada do Apodi e autor das principais denúncias envolvendo contaminação por agrotóxicos e pela concentração fundiária em uma das regiões fruticultoras mais ricas do Nordeste, foi sepultado no fim da tarde desta quinta-feira (22/04), com a presença de grupos de pesquisadores, movimentos sociais e da comunidade que ele liderava.
A morte de José Maria Filho ganhou repercussão nacional. Foi executado com 19 tiros no tórax e na cabeça. Seu corpo foi encontrado por populares jogado no asfalto, ao lado da moto que pilotava. De acordo com informações periciais, um carro e uma moto podem ter sido usados o crime. O carro teria sido forçado o agricultor a sair da pista, e sem chances de defesa, mesmo caído no chão, José Maria teria sido alvejado. A Polícia tem poucas informações.
Durante todo o dia de ontem, universidades, movimentos sociais e associações de moradores fizeram protesto, contra a contaminação por agrotóxicos e a concentração de terras. Uma nota de repúdio ao ato violento foi assinado por UFC, UECE, Cáritas Diocesana, MST, Conlutas e vários outros órgãos sociais que acompanham os conflitos sociais e econômicos na Chapada do Apodi.
O corpo de José Maria Filho foi sepultado, no fim da tarde, na cidade de Quixeré. Ele foi morto com 19 tiros. (Foto: Melquíades Júnior)
Reportagens
A causa de José Maria Filho ganhou visibilidade por uma série de reportagens exclusivas do Diário do Nordeste, denunciando a utilização irregular de agrotóxicos. O caso gerou muita repercussão e José Maria alegava que recebia ameaças.
Outra denúncia foi a concentração de terras na Chapada do Apodi por grandes grupos empresariais que, conforme o próprio Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (DNOCS), nenhuma das grandes fazendas fruticultoras possui títulos das terras. O agricultor fazia parte do grupo de desapropriados da chapada. Por vários anos era presidente da Associação dos Ex-Irrigantes do Jaguaribe Apodi.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

Assassinato de José Maria levou comoção à região

O ambientalista José Maria Filho, um dos principais líderes populares da região jaguaribana, foi morto na última quarta-feira com 19 tiros. A Polícia trabalha com a possibilidade de pistolagem.
“Hoje é um dia muito triste para a família do Zé Maria, mas também para as comunidades da Chapada do Apodi porque morreu aquele que estava todos os dias denunciando a concentração de terras, as injustiças, o uso indiscriminado de agrotóxicos na região. Mas se pensavam que matando o Zé Maria iam acabar com a luta, estão enganados. A luta continua. A comunidade do Tomé não está sozinha. A igreja está junto. Vamos todos dizer agora: José Maria, a luta continua”.
Quando o padre Júnior Aquino, de Limoeiro do Norte, acabou de falar, todos que estavam na pequena capela de Nossa Senhora de Fátima repetiram a frase: “José Maria, a luta continua”.
A capelinha, onde o ambientalista e líder comunitário José Maria Filho, 44, assistia a missa todos os dias 13 em honra de Nossa Senhora de Fátima, ontem, não comportou o número de pessoas que foram acompanhar a concelebração eucarística antes do sepultamento de Zé Maria, assassinado na tarde da última quarta-feira, com 19 tiros e claras características de pistolagem, conforme apuração da Polícia.
Ambientalista executado com 19 tiros em Limoeiro do Norte. Ativista atuava junto à Igreja Católica e pela preservação ambiental. (Foto: Deivyson Teixeira)
O Zé Maria ou o Zé do Tomé (Sítio Tomé, na divisa entre Limoeiro do Norte e Quixeré) era o maior defensor das comunidades que ficam na Chapada do Apodi. Abraçou a luta em defesa do meio ambiente e do combate às injustiça sociais do seu povo. “Perdemos um herói na terra”, dizia a jovem integrante da Associação dos Desapropriados da Comunidade São João. “O que aconteceu com o Zé Maria aconteceu com Jesus Cristo que foi crucificado porque defendia os pobres e injustiçados”, comparava o pároco de Quixeré, padre Alessandro de Souza.
Inconformados
Ontem à tarde, os moradores do Sítio Tomé estavam inconformados com a morte “do filho e do pai da comunidade; do homem que lutou bravamente por justiça social e pelo direito à vida”, como definiam os conterrâneos. “Ele era muito querido por nós porque estava sempre pedindo para melhorar nossa água, nossas moradias. Pedia que acabassem com esse agrotóxico que faz muito mal pra gente”, dizia Maria de Lourdes Ribeiro. Ela participou do cortejo pelas ruas da pequena localidade seguindo o caixão com o corpo do ambientalista morto a tiros na tarde da última quarta-feira.
O corpo de José Maria ficou exposto da capela onde houve a concelebração eucarística presidida pelo bispo diocesano de Limoeiro do Norte, dom José Haring. Após a missa, outro cortejo seguiu para Quixeré, onde houve o sepultamento. E, em seguida, as associações, movimentos e pastorais sociais promoveram um ato público, na praça da cidade, clamando punição aos culpados e reafirmando que a luta pela defesa do meio ambiente e da vida continua na Chapada do Apodi, região jaguaribana do Ceará.
E-MAIS
- José Maria Filho tinha 44 anos, era casado com Maria Lucinda Xavier e deixou três filhos. Todos estavam na missa de corpo presente na capela de Nossa Senhora de Fátima.
- Zé Maria presidia a Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra - Chapada do Apodi, uma liderança social e era muito ligado à igreja católica (Cáritas e pastorais sociais). Sua luta começou na década de 90 quando começou o agrohidronegócio na Chapada do Apodi.
- Após a concelebração eucarística, presidida pelo bispo diocesano de Limoeiro do Norte, dom José Haring, várias notas de solidariedade foram lidas pelo pároco de Quixeré, Alessandro de Souza. Eram mensagens de associações, escolas, comunidades e dos familiares que lamentável a morte “daquele que pregava a justiça e o direito à vida”, “o defensor dos recursos naturais e dos direitos humanos”, segundo as notas.
Fonte: OPOVO Online (por Rita Célia Faheina, enviada a Limoeiro do Norte)
Assassinato de José Maria tem “caráter de execução”
A advogada Maiana Maia, que acompanha o caso do assassinato do trabalhador rural José Maria Filho, em Limoeiro do Norte, conversou na manhã desta quinta-feira (22/04) com o delegado José Fernandes. “Ficou bem claro o caráter de execução, principalmente pela quantidade de tiros (19), todos do peito para cima e muito certeiros”, diz Maiana.
A advogada diz que existe muito medo na região, o que tem dificultado o processo de investigação. “Não houve ninguém para testemunhar ainda”, diz. O promotor Alexandre Aragão, em conversa com Maiana e com o advogado Davi Aragão, que também assessora movimentos sociais, destacou a necessidade de haver grande repercussão em torno do assassinato de José Maria.
Muito provavelmente, de acordo com o promotor, essa foi a primeira execução relacionada com a questão socioambiental e trabalhista na região, já marcada por crimes de pistolagem envolvendo conflitos pessoais e familiares. José Maria era presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra – Chapada do Apodi.
Segundo Mariana Maia, a necrópsia já foi realizada no município de Canindé, e o corpo já está retornou à Limoeiro do Norte onde, às 16h desta quinta-feira (22/04), aconteceu a missa de corpo presente e, às 17h, o enterro. Vários ônibus de Fortaleza e de outros municípios do interior com lideranças de movimentos populares se dirigiram ao município.
Fonte: Racismo Ambiental.net