terça-feira, 31 de agosto de 2010

Limoeiro Futsal vence Sumov por 3x2, e assegura classificação antecipada no Cearense 2010

Vitória e classificação antecipada, nos 113 anos de Limoeiro do Norte. Com o ginásio cheio, o torcedor teve uma “tripla comemoração” com a vitória do Limoeiro sobre o Sumov.
Limoeiro do Norte completava seus 113 anos de emancipação, e o palco principal do esporte limoeirense estava lotado na noite desta segunda-feira (30/08), para prestigiar um grande jogo de futebol de salão entre Limoeiro e Sumov.
A festa estava armada, e não deu outra. Mesmo em um jogo "truncado", com as duas equipes dando mais atenção a marcação, o "fator casa" fez a diferença, e o Limoeiro Futsal aproveitou melhor as chances, vencendo o Sumov por 3 a 2.
Com a vitória o Limoeiro Futsal assegurou sua classificação, de forma antecipada, para a próxima fase do Cearense de Futsal 2010. Estando sempre a frente do placar, Denilson, Marcos (goleiro) e Dedo marcaram para o Limoeiro, enquanto Thiago marcou duas vezes para os visitantes.
Fator casa
Ainda em fase de conclusão, deu pra sentir como o Ginásio Municipal José Nilson Osterne vira “um caldeirão” com a festa da torcida limoeirense. O público encheu o Ginásio Coberto, empurrando o time da casa em busca de mais uma vitória no Cearense de Futsal 2010.
A promoção dos ingressos incentivou ainda mais a presença de público. Apesar de muitos não terem tomado conhecimento, na compra do ingresso ao preço de R$ 5,00, o torcedor ganhava uma camisa do “Torcedor Amigo”, em versões masculina e feminina.
Sem transmissão pela TV
Antes anunciado como o jogo da televisão, um impasse nos valores impossibilitaram a transmissão da partida. Com isso, o jogo que seria realizado às 21:20h, teve seu início antecipado para às 20:00h.
Cumprindo tabela
E o caldeirão vai ferver novamente na próxima segunda-feira (06/09), quando o Limoeiro Futsal recebe o Clube dos Diários/Marquise, apenas para cumprir tabela na última rodada da segunda fase da competição.

Biblioteca Municipal pleiteia sede própria

A Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto, que festejou 39 anos, em Limoeiro, quer uma sede.
A história e o conhecimento estão guardados nos livros, nos jornais, na memória, e quem guarda tudo isso pode se chamar biblioteca. Quando no início dos anos 1970 alguém entendeu a importância de um lugar assim, cujo lema hoje é "apoiar a cultura e promover a dignidade da pessoa humana", ficou criada a Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto, que comemorou 39 anos de atividades em Limoeiro, entre livros e leitores.
Numa prateleira de jornais há uma pasta volumosa, pesada, comprida, identificada com um manuscrito: "Caderno Regional", seguido de outros cadernos do Diário do Nordeste. Mas em outras estantes se encontram documentos do início do século passado. Documentos antigos da Câmara Municipal, que por pouco não foram jogados no lixo. A mesma sorte não tiveram livros de tendência marxista, como se lembra de "Pão, Refrão e Misantropia" o memorialista Irajá Pinheiro, contando que tudo que fosse comunista seria perseguido pela Ditadura dos "anos de chumbo". Os livros precisaram ser jogados no Rio Jaguaribe, antes que a polícia do governo descobrisse.
Hoje em dia quem quer se desfazer de livro pode doá-lo à biblioteca que, entre achados, mantidos e doados, já conta com um acervo de 13.377 livros de assuntos diversos, 3.346 livros de literatura infanto-juvenil, 335 folhetos de literatura de cordel, 4.111 periódicos (entre revistas e jornais) e 225 fotografias de registro histórico, totalizando 21.149 títulos na biblioteca, conferidos, mensalmente, por uma média de 1.910 usuários. Em um mês são registrados mais de 1.300 empréstimos de livros. O leitor lê o material com calma na própria casa, mas de silêncio e calma também é feito o espaço da biblioteca, que funciona das 7 às 21 horas, de segunda a sexta-feira.
Saiba mais: Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto está aberta para receber visitantes de todas as idades.
No dia 25 de agosto de 1975, o prefeito João Eckner documenta que "fica criada na sede deste Município a Biblioteca João Eduardo Neto, que servirá para estudos, pesquisa e recreio da população estudiosa de Limoeiro do Norte". Quatro anos depois outro documento a registro no Instituto Nacional do Livro. Para quem há vários anos cuida com carinho do acervo público da biblioteca, notadamente a professora Lenira Oliveira, o documento mais almejado será da criação da sede definitiva. "Aos 39 anos e sem uma sede própria", resume Lenira, na biblioteca que passou por cinco lugares (e milhares de extravios de livros durante o período), até se instalar, há seis anos, no imóvel alugado dos herdeiros de Custódio Saraiva e Judite Chaves Saraiva, no casarão da primeira mulher influente na política do Vale do Jaguaribe. Assim, a própria arquitetura traz recorte da história local.
Na programação de aniversário da biblioteca, foram realizadas mesas redondas com temáticas voltadas para as políticas publicas e o incentivo à leitura, e sobre o contexto histórico, político e cultural da "aniversariante" em Limoeiro do Norte. "Foi uma biblioteca criada na contra-mão da história, foi na Ditadura", afirmou Irajá Pinheiro. "Biblioteca é leitura, é liberdade, é abertura de conhecimento. Não sei até onde ela vai, mas é um sonho a conquista de uma sede própria, e que ela fique independente de qualquer situação", pontua Lenira. Os sonhos são tão antigos quanto as promessas das gerações de gestores públicos. O secretário da Cultura, Renato Remígio, confirma o valor histórico do local, guardador de livros e memória, mas sem a sede própria, "e também queremos pleitear um tele-centro digital para a biblioteca".
Conhecimento
"A Biblioteca é leitura, é liberdade, além de abertura para novos conhecimentos". Lenira Oliveira - Professora e servidora da Biblioteca.
Mais informações:
Biblioteca Pública Municipal de Limoeiro do Norte
Rua Coronel Serafim Chaves, 335 - Centro
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

Limoeiro tem moradores que merecem destaque

Muita gente pensa que Limoeiro do Norte se destaca apenas pela produção de frutas. A cidade também tem moradores que merecem destaque. Gente de criatividade que conseguiu ter o trabalho valorizado fora do país. Confira na reportagem da TV Verdes Mares.

domingo, 29 de agosto de 2010

113 anos: Festa na praça comemora emancipação

Limoeiro do Norte comemora 113 anos de emancipação política, nesta segunda-feira (30/08). Missa, sessão na Câmara e festa na praça marcam aniversário.
Para comemorar o aniversário de 113 anos de emancipação da “Princesa do Vale”, a Prefeitura Municipal de Limoeiro do Norte promove uma festa com as bandas, Solteirões do Forró e Forró Novo Balancear.
O show será realizado no domingo, dia 29 de agosto, a partir das 21:00h, na Praça José Osterne, com direito a show pirotécnico e um grande bolo de 113Kg para os munícipes celebrem a festa.
Além da festa na praça, a prefeitura realizará no dia 30 de agosto, o tradicional hasteamento da bandeira, em frente à Prefeitura Municipal, a partir das 7:30 da manhã. Logo após, a partir das 8 horas, será realizada a missa, na Igreja Matriz. Em seguida, a Câmara Municipal realizará uma sessão solene, com a entrega de comendas e títulos de cidadão limoeirense.
Blitz da Paz
Dando início as comemorações, no sábado (28/09), a Secretaria da Saúde e o DEMUT lançaram o projeto de Prevenção de Violências e Promoção à Cultura da Paz, neste primeiro momento voltado para a violência no trânsito, quando foi promovida a “Blitz da Paz”, na Praça da Assunção.
Na ocasião os carros e motos que pararam na blitz foram adesivados, estando estes concorrendo a sorteios, de capacetes para motos, e alinhamento e balanceamento para carros. O projeto tem como objetivo conscientizar a população sobre as diversas formas de violências e como preveni-las.
Conheça mais o município de Limoeiro do Norte:
A história de Limoeiro do Norte
Desenho animado conta a história da ‘Princesa do Vale’
TV Verdes Mares conta um pouco da história de Limoeiro
Igreja Matriz de Limoeiro do Norte
Nossa Senhora da Imaculada Conceição
Museu da Igreja Catedral
Câmara Municipal de Limoeiro do Norte
Cachoeira formada pelas águas das chuvas
Morros e a "Gruta de Lampião"
Núcleo de Informação Tecnológica – NIT
Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto
Casarão dos Osterne - Academia de Letras
Márcio Mendonça, sua arte e trajetória
A morte de Dom Aureliano Matos
O dia 15 de junho de 1927 marcou a história de Limoeiro
Capela de Santa Luzia, Espinho
Bixopá se alegra pelo Dia de São José
Açude Orós, 26 de março de 1960
Limoeiro do Norte, 30 de junho de 2003
Limoeiro do Norte na tela do seu computador

Ministério Público do Trabalho recebe dossiê sobre uso de agrotóxicos na Chapada do Apodi

De acordo com representante da entidade, o MPT deve analisar o documento e constatar se há subsídios para uma ação civil pública.
O Ministério Público do Trabalho recebeu dossiê elaborado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) que aponta malefícios à população da Chapada do Apodi causados pelo uso de agrotóxicos na região. A apresentação do estudo serviu de palco para manifestações pela memória do ambientalista José Maria Filho.
A professora explanava sobre os impactos do agrotóxico nas comunidades da Chapada do Apodi (no seminário 'Conhecimento e Ação', ocorrido entre 19 e 20/08). Mas foi interrompida por uma homenagem a um protagonista da luta contra o agrotóxico. Era um grupo de manifestantes que adentrava o auditório, lembrando os quatro meses de morte do ambientalista José Maria Filho, assassinado com 19 tiros em 21 de abril de 2010, em Limoeiro do Norte.
Os gritos eram de “Companheiro Zé Maria, aqui estamos nós, falando por você, já que calaram a sua voz”. E foram repetidos, várias e várias vezes, por membros dos movimentos sociais que foram ao auditório da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), em Limoeiro do Norte. A professora Raquel Rigotto, que comandava a apresentação, também participou da homenagem.
Raquel Rigotto, médica e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), descrevia a pesquisa, iniciada há cerca de três anos.
É um estudo epidemiológico da população do Baixo Jaguaribe exposta a contaminação ambiental em área de uso de agrotóxico.
Foram estudadas oito comunidades, que abrigam cerca de mil moradores cada. São oito mil pessoas, no total, expostas ao veneno, segundo ela.
Populações de Limoeiro do Norte, Quixeré e Russas foram analisadas, além da cultura de abacaxi, melão e banana, maiores responsáveis pelo agronegócio na região. Em uma das comunidades estudadas, cita a professora, foi constatada a presença do endossulfam, substância tóxica que teve uso banido pelo Ministério da Saúde nesta semana.
Foram achados ainda sete tipos de veneno na comunidade Cabeça Preta. “E esse veneno é na água que é oferecida à comunidade, naquela que vai servir pra fazer a mamadeira do neném”, cita ela.
Um dado preocupante foi a quantidade de agrotóxico que é pulverizada na região - 73.750 litros de calda tóxica a cada pulverização aérea, ou seja, a cada vez que o avião joga nas plantações. Como as casas da região são próximas aos bananais, a situação é ainda mais problemática, porque o contato aumenta.
Durante a apresentação de quinta-feira (19/08), um dossiê do estudo foi entregue ontem a representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), presentes no auditório da Fafidam. Receberam o dossiê Geórgia Aragão, procuradora do Trabalho, e Bianca Leal, promotora de justiça de Limoeiro do Norte. “Vamos analisar o documento e constatar se há subsídios para uma ação civil pública”, declarou a representante do MPT.
Morte sob suspeita
Rigotto apresentou também um estudo feito com um agricultor de 29 anos, empregado da cultura do abacaxi. Em agosto de 2008, ele era considerado sadio. Três meses depois, morreu de uma doença hepática grave. Depois de o caso ter sido estudado por especialistas do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), foi constatado que a hepatite foi induzida por substâncias tóxicas.
Segundo a professora, que é médica do Trabalho, mestre em Educação e doutora em Sociologia, o Ceará é o quarto estado do País em número de estabelecimentos que usam agrotóxicos. Na pesquisa, foram entrevistados 496 trabalhadores do agronegócio, moradores de assentamentos e pequenos e médios produtores.
ENTENDA O CASO
Em 21 de abril, Zé Maria foi assassinado. Ele denunciou a desapropriação dos agricultores devido à implantação de grandes projetos de irrigação e o uso de agrotóxicos e a pulverização aérea na região.
Em maio, uma audiência pública em Limoeiro discutiu a pulverização aérea das lavouras da Chapada do Apodi. A lei municipal que proibia as pulverizações acabou revogada.
No dia 21 de julho, em protesto em Fortaleza, manifestantes pediam agilidade nas investigações do assassinato do ambientalista. Familiares e amigos participaram da passeata. Até o momento, não foram apontados os mandantes ou executores do crime.
Fonte: Guiame.com.br, por Thatiane de Souza
Link para a matéria, direto da fonte: http://www.guiame.com.br/v4/57439-1456-MPT-recebe-dossi-sobre-uso-de-agrot-xicos-no-Apodi.html
Veja também:
CartaCapital destaca os problemas que atingem a Chapada do Apodi
Incidência de leucemia entre agricultores da Chapada do Apodi
Entrega de dossiê sobre os agrotóxicos na Chapada do Apodi
Vereadores autorizam pulverização aérea
Questão do uso de agrotóxicos é tratado como coisa pequena
Audiência Pública discutirá pulverização aérea em Limoeiro do Norte
Agrotóxicos, o veneno nosso de cada dia (por Dr. Reuber)
Envenenamento sutil (Editorial do Jornal OPOVO)
Agrotóxicos: Água em áreas da Chapada do Apodi está contaminada
Estudos mostram preocupação com a qualidade da água
Questão do uso de agrotóxicos é tratado como coisa pequena
Agrotóxicos estariam contaminando as águas
Trabalhadores preocupados com uso de agrotóxico
Abuso no uso de agrotóxicos na Chapada do Apodi

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Às vésperas dos 113 anos, TV Verdes Mares conta um pouco da história de Limoeiro do Norte

A equipe da TV Verdes Mares esteve esta semana visitando a região jaguaribana. E na última quarta-feira (25/08) a equipe do Bom Dia Ceará fez uma parada na cidade de Limoeiro do Norte para contar um pouco da história do município, que no próximo dia 30 de agosto completa 113 anos de emancipação política. Veja a reportagem.


Limoeiro do Norte
Estrategicamente entre os rios Jaguaribe e Banabuiu está Limoeiro do Norte. Água por lá não é problema. A localização privilegiada ajudou na colonização da região.
O passado ainda pode ser visto em casarões como um de 1905. Nesse local os limoeirenses costumavam assistir matinês no antigo cinema. Atualmente, o Museu da Imagem e do Som abriga raridades como projetores de filmes da década de 40. O aposentado Raimundo Costa, Seu Janjão, era o operador.
Um episódio que aconteceu há muito tempo em uma praça ficou marcado na história da cidade. Os historiadores contam que em 1927 Lampião, fugindo de uma batalha em Mossoró, fez uma breve passagem em Limoeiro do Norte. Na época, um morador conseguiu registrar o momento. Bem em frente a um comércio tirou uma fotografia do grupo de cangaceiros.
A cópia da fotografia tirada há mais de 80 anos foi emoldurada e guardada na Academia Limoeirense de Letras, um casarão do início do século XX.
Limoeiro do Norte era conhecida com a cidade das bicicletas, existia uma para cada dois habitantes. Atualmente, as motocicletas são a maioria. O velho costume de pedalar ainda é mantido por antigos moradores como o aposentado Luís Mendes, que preserva a bicicleta comprada na década de 70.
A pacata cidade é reconhecida no exterior pela produção de frutas na Chapada do Apodi. Graças a um moderno modelo de agricultura irrigada, a região é uma das maiores produtoras de frutas do Estado. Além de alavancar a economia da região, as águas do Rio Jaguaribe são também um convite para o banho na Barragem das Pedrinhas.
Informações: TV Verdes Mares / Foto: Rubens Craveiro

Aos 81 anos, morre o ex-prefeito Careca

Na última quarta-feira, Limoeiro do Norte amanheceu com a notícia do falecimento do ex-prefeito do município José de Oliveira Bandeira, popularmente conhecido como Careca ou Gladstone Bandeira, ocorrido por volta das 21:00h de terça-feira (24/08).
Uma multidão se reuniu em frente à prefeitura municipal, onde o corpo ficou por alguns instantes. Com a presença de diversas autoridades, parentes e amigos, foi realizado um ato solene no Salão Nobre do Paço Municipal para uma última homenagem.
Prefeito em exercício, João Dilmar da Silva decretou luto oficial de três dias no município. De 1983 à 1988, Dilmar foi o vice-prefeito da primeira administração de Careca, considerada por muitos como uma boa gestão do município, sendo em seguida eleito prefeito até 1992.
Em demonstração de respeito pelos grandes feitos do ex-gestor da cidade, foi sobreposta a bandeira do município sobre o mesmo. O sepultamento ocorreu no cemitério Vale da Paz.
Dezenas de pessoas estiveram presentes para o último adeus à Careca. Sobre o caixão, a bandeira do município onde foi prefeito em duas oportunidades.
Político
Conhecido por seu jeito rude, Careca teve uma brilhante carreira política, disputando quatro pleitos: 1976, 1982, 1992 e 1996. Destes, saiu vitorioso em 1982 (onde governou entre 1983 e 1988), e foi eleito pela segunda vez em 1996 (administrando no período 1997 a 2000). Entre suas obras, o estádio municipal leva seu nome, José de Oliveira Bandeira, sendo popularmente chamado de “Bandeirão”.
*com informações da TV Jaguar Online

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Idealizador da TV Jaguar On-line é homenageado com a comenda Dom Aureliano Matos

Limoeiro do Norte é a "Princesa do Vale", graças ao pioneirismo de homens como Dom Aureliano Matos, Cônego Mizael, Gerardo Lucena, e outros que ousaram e inovaram.
E é exatamente pela visão inovadora e empreendedora que a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte aprovou o decreto legislativo concedendo a Medalha Dom Aureliano Matos ao radialista e empresário do setor publicitário, José Flávio da Costa.
Flávio Costa consolidou sua visão inovadora e empreendedora ao implantar o primeiro meio de comunicação on-line do Estado do Ceará, a TV Jaguar On-line (www.tvjaguar.com.br).
Com um ano e meio de criação, o portal e seus parceiros registram em média 2.000 acessos diários.
A TV Jaguar On-line implementou seu link na rede mundial de computadores em 20 de novembro de 2007, e com o tempo difundiu-se na grande rede, tornando-se um dos sites mais acessados para quem busca informações da região jaguaribana.
A primeira transmissão da TV ocorreu no Limofolia 2008, sendo alcançada a marca de 25 mil acessos de internautas de Limoeiro do Norte, do Vale do Jaguaribe, do Brasil, e do mundo, vendo ao vivo a grandeza do evento.
TV Jaguar On-line: Com acesso facilitado pelas novas tecnologias, radialistas de Limoeiro produzem e transmitem programas que atendem a reivindicações locais. (Foto: Melquíades Júnior)
Além do Limofolia, a TV Jaguar transmite ao vivo, e em tempo real, vários eventos, sejam eles esportivos, políticos, ou de qualquer outro teor noticioso. Em sua programação se destaca o programa Comando Geral, apresentado pelo comunicador Josué Castro, destacando os problemas da comunidade, com reportagens de Ribamar Silva, e o Forrozando na Jaguar, comandado por Nilo Leite, exibindo clipes e trazendo informações atualizadas sobre as bandas de forró em evidência na região.
Segundo Flávio Costa, o empreendimento ainda não se matem, mas o mesmo se sente gratificado pela quantidade de e-mails e recados recebidos dos internautas jaguaribanos espalhados mundo a fora, demonstrando a satisfação de poder matar a saudade de sua terra através das imagens da TV Jaguar.

O sal da terra: Revista CartaCapital destaca os problemas que atingem a Chapada do Apodi

Os problemas relacionados ao uso indiscriminado de agrotóxicos ganharam mais ênfase após o assassinato de Zé Maria do Tomé.
“Gabriel, meu filho, bora lá ver onde o pai virou estrelinha”, diz Maria Lucinda Xavier na porta da venda modesta construída no cômodo da frente da casa da família, no Tomé, distrito de Limoeiro do Norte, a 205 quilômetros de Fortaleza. Branquinha, como é chamada pelos amigos, pega o menino no colo e leva o repórter a uma curva da estrada próxima que liga Limoeiro ao distrito.
No dia 21 de abril deste ano, José Maria Filho, 44 anos e dois filhos com Branquinha (Gabriel, de 4 anos, e Márcia, de 19), voltava da Câmara Municipal quando foi executado. Em um trecho ermo da estrada, levou um tiro de espingarda calibre 12, seguido de 17 tiros de pistola calibre 40. Quatro meses depois, o inquérito – presidido por um delegado da capital destacado para o caso – não apontou nenhum suspeito. O mais provável, diz quem acompanha a apuração, é ficar por isso mesmo: mais um caso de pistolagem na região sem mandante identificado, uma triste rotina a que os moradores da região parecem habituados.
“O que revolta foi o jeito como mataram o Zé Maria, como se fosse bandido”, diz Branquinha, acrescentando que ele sempre foi “desenrolado”, maneira de dizer que não tinha medo de enfrentar os problemas. Líder comunitário aguerrido, que nos últimos tempos encontrou apoio do MST, da Igreja e de pesquisadores locais, Zé Maria voltara há dez anos para a Chapada do Apodi, onde fica Tomé e outros distritos menores.
Trata-se de uma região que, desde o tempo da SUDENE de Celso Furtado, nos anos 60, foi objeto de projetos de desenvolvimento irrigado. “Antes disso, os grandes latifúndios viveram por décadas da carnaúba, então abundante na região, de onde era extraída a cera, mas também da produção de lenha para a indústria cerâmica e o cultivo do algodão”, diz a geógrafa Bernadete Coelho Freitas, professora na universidade local. O plástico substituiu a carnaúba, levando os barões à crise e ao socorro do Estado. E o náilon derrubou o preço do algodão, contribuindo para desvalorizar as terras.
Nos últimos dez anos, contudo, a história mudou de rumo. Parte da região do Baixo Jaguaribe, a chapada virou objeto de desejo de empresas fruticultoras de médio e grande porte, algumas internacionais, como a costarriquenha Del Monte, cujas ações são negociadas na Bolsa de Nova York.
Depois de trabalhar por mais de duas décadas em São Paulo, a maior parte do tempo em uma empresa de isolamento térmico, foi nesse contexto que Zé Maria se viu metido oito anos atrás, quando voltou à região com o irmão Adauto, que mais de uma vez o alertaria dos riscos de ir à rádio local denunciar os efeitos do uso inadequado de agrotóxicos nos quase 3 mil hectares de plantação de banana que as “empresonas” levaram para lá. Foram atraídas por incentivos fiscais criados pelo governo estadual, durante o governo Tasso Jereissati (PSDB) e nos seguintes, cujo motivo era estimular as exportações.
Dominada por grandes empresas produtoras de frutas, a Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte (CE), sofre com a contaminação das águas e a asfixia dos pequenos produtores. (Foto: José Leomar)
Desde esse período, os incentivos para as empresas foram crescendo – incluindo a desoneração fiscal dos agrotóxicos –, enquanto os pequenos eram tragados por desvio de dinheiro na cooperativa local, ainda nos anos 90, além da falta de apoio técnico e financeiro, da especulação fundiária e das disputas por terras. Mas de todas as batalhas, enfrentar a contaminação da água provocada pela pulverização aérea dos bananais foi o que deu visibilidade a Zé Maria – e há quem acredite que tenha sido o estopim da emboscada, ainda que os problemas fundiários sejam relevantes e aguardem uma solução definitiva da Justiça.
Como outros problemas da região, o descaso do poder público, no caso a prefeitura, é evidente, como relata a promotora do Meio Ambiente de Limoeiro, Bianca Leal: “É uma aberração usar o canal da irrigação para captar as águas que serão consumidas. Isso jamais deveria ocorrer”. Mas é rotina há anos nas comunidades locais.
A aberração é ainda maior porque o canal corre a céu aberto por 14 quilômetros, desde a sua origem no açude do Castanhão, outra obra iniciada no período Jereissati e construída para dar suporte ao agronegócio. “O problema é que os bananais ficam em alguns casos a poucos metros das casas, e o vento frequente na região trata de levar o veneno para o canal e de lá para as torneiras residenciais. Além disso, há a chamada deriva técnica, que, em média, significa a perda de 19% do veneno pulverizado pelos aviões”, afirma a médica Raquel Rigotto, professora da Universidade Federal do Ceará e coordenadora de uma pesquisa sobre a contaminação da água na Chapada do Apodi.
Entregue ao Ministério Público em uma cerimônia na quinta-feira (19/08), ocorrida na sede de uma faculdade local e diante de uma platéia de mais de 300 pessoas, uma parcela deles militante do MST, o evento serviu para lembrar os quatro meses do assassinato.
“Nas 13 amostras colhidas em diferentes pontos ao longo do canal foram identificados de três a 12 princípios ativos, alguns considerados tóxicos e outros altamente tóxicos, e sempre persistentes, ou seja, com efeito prejudicial à saúde por um tempo muito longo”, anota o relatório final, que conta com a colaboração de quase 30 pesquisadores de instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais, que fez a análise das amostras, Universidade de Brasília e Fundação Oswaldo Cruz.
Também foi encontrada água contaminada em poços artesianos, no lençol freático e nas torneiras das casas. “No mundo todo, calcula-se em cerca de 7 milhões o número de intoxicações decorrentes do uso do agrotóxico e 70 mil mortes. A maioria dos casos se concentra nos países em desenvolvimento, para onde as empresas multinacionais estão migrando. Além disso, o uso na chapada está contaminando o Aquífero Jandaíra, um verdadeiro tesouro para o semiárido”, afirma a pesquisadora, que contou com o apoio do CNPq para levar adiante o trabalho. “Além da contaminação da água, verificamos que os agrotóxicos são vendidos sem os receituários e que não há um manejo adequado das embalagens, que precisam viajar mais de 100 quilômetros até chegar a Mossoró, onde fica o posto de coleta mais próximo.” A pesquisa relata ainda o caso de um funcionário de uma multinacional que morreu de uma doença no fígado após trabalhar por alguns anos no almoxarifado onde os defensivos eram armazenados. “Todos os indícios sugerem que a morte tem a ver com os agrotóxicos.”
Na dúvida, há um ano José Anchieta Xavier e sua família prefere beber água mineral em vez de consumir a água que chega do canal, ou das 12 caixas d’água que a prefeitura mandou instalar em 2009, diante da argumentação de que não teria os 7 milhões de reais para erguer uma adutora exclusiva para a água potável. “Essa água também vem da barragem, do mesmo lugar onde sai a água do canal”, diz Xavier, enquanto mostra as bananeiras de um dos sítios que possui, num total de 23 hectares de bananal.
Sem recursos para pagar a pulverização aérea, ele está ciente de que a ausência do “veneno” e de orientação técnica para corrigir o solo representa uma queda de 50% na sua produção. “Os frutos ficam menores, é verdade, e muitos clientes não gostam. Mas também é verdade que o sabor das minhas bananas é melhor e elas duram mais.”
Um produtor de médio porte e influente na região é João Teixeira Júnior, proprietário da FrutaCor. Ele mora em Fortaleza, mas passa dois dias da semana em Limoeiro, onde cultiva banana. Teixeira mostra-se incomodado com a fama que a cidade amealha nos últimos tempos. “Acontece que aqui o desenvolvimento econômico está chegando, mas não o desenvolvimento social. O povo não tem educação, não tem saúde, e aí começam a criticar o agronegócio. Mas as grandes empresas andam dentro da lei, são os pequenos que criam os problemas e não sabem lidar com os agrotóxicos, muitas por falta de conhecimento.”
Alguns fatos recentes e de amplo conhecimento na cidade não confirmam a afirmação do empresário. No ano passado, depois de muitas reclamações, Zé Maria conseguiu que um vereador local apresentasse uma lei, inspirada em uma legislação aprovada poucos meses antes pelo Parlamento Europeu, proibindo a pulverização aérea dos bananais, diante da inquestionável contaminação. A promotora do Meio Ambiente, contudo, teve de entrar com uma ação pública diante da continuidade das pulverizações aéreas pelas médias e grandes empresas. A briga só não foi adiante porque a mesma Câmara decidiu revogar a lei seis meses após a sua aprovação, argumentando que não havia prova dos riscos à saúde, apesar dos laudos técnicos em contrário.
Fonte: Revista CartaCapital (por Luiz Antonio Cintra, em 24/08/2010)
Link:
http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/o-sal-da-terra

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto

Neste dia 25 de agosto de 2010, a Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto completa 39 anos de fundação.
Não é só por se tratar de uma guardadora de bons livros que a Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto tem importância em Limoeiro do Norte, desde sua fundação em 25/08/1971.
A história local está exposta em suas estantes, mas também em suas paredes, já que foi lá que morou seu Custódio Saraiva e dona Judite Chaves, aquele que um dia foi prefeito e esta que representou uma das maiores lideranças políticas na segunda metade do século XX. A casa foi visitada por Lampião, em sua passagem por Limoeiro do Norte, em 15/06/1927.
Em 2009, a biblioteca contatava com 2.602 leitores cadastrados (de 12 a 80 aos), com uma freqüência média mensal de 1.830 usuários, e uma média mensal de 1.226 empréstimos domiciliares. Os leitores têm direito à consulta no local e ao empréstimo domiciliar.
O acesso para utilização do acervo se dá através do preenchimento de ficha cadastral, mediante apresentação do RG e comprovante de endereço. O horário de funcionamento se estende das 07 às 21 horas, de segunda a sexta-feira.
Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto
Rua Cel. Serafim Chaves, 355 - Centro
Limoeiro do Norte/CE

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Onda de assaltos: Bandidos em motos aterrorizam comerciantes na Região Jaguaribana

Em poucas horas, dois postos de combustíveis e um mercadinho são alvos de bandidos em Limoeiro do Norte e Russas.
Quem será a próxima vítima dos assaltantes?... A pergunta reflete bem o momento vivido em Limoeiro do Norte, tendo em vista os constantes assaltos ocorridos no município. Os casos ganham mais ênfase devido ao aumento significativo deste tipo de ocorrência em um município conhecido pela "tranquilidade".
Em menos de 24 horas dois postos de combustíveis foram vítimas de assalto em Limoeiro do Norte. Um deles havia sido vítima de outro assalto exatamente uma semana antes. Como sempre, dois elementos armados em uma moto realizaram a ação delituosa.
Comerciantes da região reclamam da falta de segurança. Em relação aos assaltos, ninguém foi preso até este domingo.
A Casa Lotérica de Limoeiro do Norte também foi assaltada, no fim da tarde da última quarta-feira (18/08). No entanto, não foram divulgados os detalhes da ação. Sabe-se apenas que os bandidos invadiram o estabelecimento ao final do expediente, renderam os funcionários e subtraíram uma quantia não informada.
Noite de sábado
A primeira ocorrência foi em Limoeiro do Norte, por volta das 21:00h de sábado (21/08), onde o posto de combustível Bezerra, localizado na CE-265, entrada da cidade, foi assaltado quando dois homens em uma moto Fan preta de placa não anotada, ambos encapuzados, sendo um deles armado de revólver, trajando blusa azul, chegaram ao estabelecimento e renderam o frentista.
Sob forte ameaça, os assaltantes subtraíram a quantia de R$ 350,00 e um celular, em seguida se evadiram em direção à cidade de Tabuleiro do Norte.
Madrugada de domingo
Na noite do mesmo dia, também em Limoeiro, outro posto de combustível foi assaltado. A ação dos bandidos se deu na madrugada, por volta das 01:50h de domingo (22/08). A polícia tomou conhecimento do fato através do telefonema de um funcionário para a delegacia do município.
O funcionário informou que se encontrava trabalhando quando dois indivíduos em uma moto Honda Fan 125 de cor Preta, ambos de capacetes e um deles armado de revolver, chegaram como se fossem clientes, apontou a arma em sua direção e anunciou o assalto mandando-o passar todo o dinheiro, onde conseguiram subtrair aproximadamente a quantia de R$ de 90,00, e em seguida tomaram rumo ignorado.
Flores, Russas/CE
Outro assalto a estabelecimento comercial ocorreu em Russas, também no sábado, onde por volta 14:00h, no distrito de Flores, zona rural do município, dois elementos utilizando capacetes vermelhos, em uma Moto Preta – um deles armado de revolver -, adentraram em um mercadinho, renderam a balconista e levaram a quantia de R$ 80,00 em espécie, um celular e um litro de cachaça. Em seguida a dupla fugiu.
Nos três casos a policia realizou diligencias no intuito de prender os elementos, mas ninguém foi preso. Os comerciantes da região estão revoltados com tantos assaltos, e reclamam que, apesar de pagarem impostos, não têm segurança.
Motos tomadas de assalto são usadas nos crimes
O que mais impressiona é que em menos de 24 horas, dois postos de combustível e um mercadinho foram assaltados por homens trafegando em motos possivelmente roubadas, pois os roubos de motos na região são constantes, e as mesmas têm suas placas retiradas ou viradas, para serem usadas em assaltos, depois das ações o destino das motos é incerto, algumas são desmontadas e tem suas peças vendidas e outras são abandonadas pela zona rural dos municípios.
A última vítima que teve sua moto roubada foi o agricultor Roberto de Sousa Honorato que também no último sábado (21/08) por volta das 12:50h, na CE 356 (Estrada das Frutas) no KM 14 em Russas, trafegava pela referida rodovia em uma motocicleta Honda CG 125 Fan, ano 2006/2007, de cor preta, placa HYI-9552, quando foi surpreendido por dois indivíduos desconhecidos ambos armados com armas de fogo e trafegando em uma motocicleta, da qual a vítima também não sabe precisar as características, anunciaram o roubo e levaram da vítima a sua moto bem como seus documentos pessoais e fugiram em direção a cidade de Baraúna/RN.
A polícia atendeu a ocorrência e iniciou as diligências no sentido de localizar e prender os autores do delito, porém não obteve êxito, pois os assaltantes costumam se embrenhar na mata que fica na divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte.
Informações: Jangadeiro Online, por Augusto Marques

Em Limoeiro do Norte, projeto promove a inclusão de crianças e adolescentes

O Projeto de Inclusão Social da Criança e do Adolescente (Pisca) é realizado na Comunidade do Cabeça Preta.
Existem várias formas de se combater a exclusão social. Uma delas é incluir o problema diretamente nas atividades que são desenvolvidas pelo poder público nas comunidades. Sem muito entremeio, numa comunidade em Limoeiro do Norte, localizada na região do Vale do Jaguaribe, com forte vulnerabilidade social, um projeto encontrou um modo de ocupar crianças e adolescentes que, excetuadas as cinco horas de colégio e as oito horas de dormir em casa, corriam o risco de fazerem mau proveito no resto do dia, e da vida. Na Comunidade do Cabeça Preta, na Chapada do Apodi, o Projeto de Inclusão Social da Criança e do Adolescente (Pisca) tem, com medidas simples, obtido resultados positivos.
É simples mesmo: para que a adolescente Juliana Silva, de 15 anos, fizesse do esporte um lazer só faltava a bola de vôlei e um instrutor. De repente, uma leva de meninos e meninas descobriu o voleibol. Um berimbau e um pandeiro, o capoeirista para ensinar, e a roda se abre com meninos que duelam sem que um toque o outro, e o que mais provavelmente seriam tabefes seguidos de vaias é "só" gingado e palmas ritmadas dos amigos; "xeque-mate" deixou de ser apenas uma expressão ouvida em filmes com alguma coisa parecida com "você já era" para agora se perceber uma jogada do xadrez. Apesar de considerada hoje tão natural e corriqueira, a prática desses esportes é o que há de novo numa das comunidades mais pobres da Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte.
Crianças e adolescentes utilizam o tempo livre, depois da escola, para as atividades físicas, como a capoeira.
O problema é palpável e a solução é prática: depois que saem do colégio, crianças e adolescentes não encontram o que fazer em casa, e também na carência de atrativos na própria comunidade, uma das mais pobres do Município, ocupam o tempo 'vagando' com os amigos, por onde encontram forte apelo nos vícios, principalmente o álcool, uma das drogas que mais mata. O fenômeno fica mais transparente no contexto de favelização percebido na Chapada do Apodi, onde, num irônico contraponto da desigualdade social, está uma das maiores riquezas agrícolas do Nordeste, produtividade milionária em frutas para exportação. Mas foi lá que somente aos 15 anos de idade a menina Juliana, assim como a irmã Lucilene, de 13 anos, descobriu o vôlei. "Estou adorando", resume.
Desde o mês de abril o Pisca atende aproximadamente 120 pessoas entre sete e 15 anos, engajadas em capoeira, futebol, vôlei e xadrez. Além disso, participam de outras atividades socioeducativas, como palestras sobre temas atuais, numa parceria entre a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social e Cidadania e a Secretaria da Educação, que disponibiliza psicopedagogos, que conhecem os alunos com maior dificuldade de aprendizado escolar e buscam estratégias de solução, juntamente com as famílias.
Prática de lazer de forma sistematizada era reivindicação antiga dos moradores de Cabeça Preta, já que o único espaço de socialização é uma quadra esportiva onde tudo é realizado e, ao mesmo tempo, quase nada, numa comunidade que ficava a maior parte do tempo parada. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Joaquim Gadelha, da comunidade, nem ao menos possui área de lazer que não seja apenas um pequeno pátio na frente das salas. Mas foi lá nessa escola que o Pisca se fez sentir. A prova é que até as brigas de colégio diminuíram, segundo o diretor José Aristides.
VULNERABILIDADE
Ação quer reduzir índice de gravidez e uso de drogas
Na comunidade de Cabeça Preta existem 283 famílias e 331 jovens na faixa etária de sete a 15 anos. Nos últimos anos, a comunidade deixou de ser uma isolada vila para aumentar seu dinamismo por ser muito próxima dos perímetros irrigados que produzem frutas para exportação. Mas a ampliação dos atendimentos sociais e de saúde não impediram que a comunidade rural sofresse um processo de favelização. Dentre as metas do Projeto de Inclusão Social da Criança e do Adolescente está a redução da gravidez precoce e o consumo de drogas entre esses menores de idade.
De acordo com Sandra Bessa, da Secretaria da Assistência Social de Limoeiro, o Projeto de Inclusão da Criança e do Adolescente (Pisca) prevê uma abordagem mais ampla de inserção. "A participação das famílias é determinante para o bom andamento das atividades". E quem confere isso de perto é a articuladora Rosileide Fernandes, da própria comunidade e que, responsável por coordenar a meninada e os instrutores das atividades, atua mais como voluntária do que pelo pagamento que mais parece uma gratificação. Preocupada com a juventude da comunidade, a primeira fala de Rosileide foi dizer que "seria importante que tivéssemos uma cobertura para essa quadra, daria até mais gente, porque hoje, para evitar o sol quente demais, eles precisam madrugar para chegar cedo, ou então virem à tardinha e à noite".
Dentre as metas do Pisca estão a redução em 45% do consumo de drogas por crianças e adolescentes e em até 65% os índices de violência na comunidade. Os problemas sociais seguem uma nova dinâmica: a transferência de função para o então agricultor familiar, agora um funcionário agrícola, resultado da expropriação de terras e da posse de grandes produções. Depois de uma semana inteira trabalhando dia e noite, é no fim de semana que muitos moradores encontram lazer no bar, na bebida e nas drogas ilícitas. A cena se torna mais lamentável quando os próprios adolescentes acompanham os pais.
Outro esporte praticado pelos jovens de Limoeiro do Norte, que participam do Projeto de Inclusão da Criança e do Adolescente (Pisca), é o futebol, que tem grande participação.
Favelização
A "favelização rural" da comunidade é atenuada com a aquisição de serviços básicos: escola, atendimento de saúde, e incrivelmente um bola de futebol ou de vôlei, fornecidas pelo Pisca. No contra-turno das aulas escolares, há meninos e meninas afoitos descobrindo a brincadeira, debatendo sobre as coisas que a "tia" orienta, tirando notas boas, porque senão é advertido e retirado do Projeto, que virou a principal estratégia de lazer para centenas de crianças e adolescentes da Chapada do Apodi. "A minha mãe não quer que eu pare com a capoeira, que deixa a gente mais educada", define Josiana Freitas, de 10 anos. Coordenado pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras), o Pisca é realizado pela Secretaria Municipal da Assistência Social, "e pretendemos encontrar meios de ampliar, sempre buscando as áreas de maior vulnerabilidade social", explica o secretário municipal, Pedro Luciano. No próximo dia 28, serão entregues 80 uniformes e mais instrumentos para as rodas de capoeira e fardamento para o time de futebol.
A primeira edição do Pisca deve seguir até o mês de dezembro. O projeto era uma reivindicação da própria comunidade, atendida desde o mês de abril, quando começaram as atividades. Outras comunidades em áreas de risco social também devem ser atendidas no ano que vem pelo projeto que educa e livra os jovens da ociosidade.
Mais informações:
Projeto de Inclusão Social da Criança e do Adolescente (PISCA)
Limoeiro do Norte
(88) 3423.1340
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Fotos: Melquíades Júnior

sábado, 21 de agosto de 2010

Agrotóxicos: Incidência de leucemia é maior entre agricultores da Chapada do Apodi

Hoje (sábado, 21/08) completa quatro meses da morte do líder José Maria Filho, que denunciou a pulverização aérea de agrotóxicos.
A saúde do trabalhador rural da Chapada do Apodi está tão mais vulnerável quanto maior se foi disseminando a prática de aplicação de agrotóxico. Mas o impacto dos agrotóxicos vai além do cercado da plantação e o quadro agravante de doenças se alastrou para os municípios produtores: Limoeiro do Norte e Quixeré. Estudos comprovam que várias doenças, dentre as quais o câncer, estão relacionadas com os malefícios causados pelos venenos. De acordo com levantamento da Universidade Federal do Ceará, os agricultores apresentam índice de leucemia, um tipo de câncer, seis vezes maior que o esperado, em comparação com trabalhadores de atividades não-agrícolas. A incidência de doenças crônicas tem aumentado na região em torno do agropolo, em que já está constatado o abuso de agrotóxicos.
"É a questão de ver que nós estamos sofrendo todo o santo dia, esses produtos químicos são muito, eles são muito fortes! Eu li as bulas desses venenos tudinho. Quando eu entrei na empresa eu comia abacaxi, mas hoje em dia não tem quem faça eu comer abacaxi, porque eu sei, todo santo dia, o que é aplicado ali em cima". O depoimento é de um trabalhador rural da Chapada do Apodi e foi coletado pela equipe de pesquisadores do Núcleo Trabalho, Saúde e Meio Ambiente para a Sustentabilidade (Tramas), da Universidade Federal do Ceará. O maior estudo já realizado no Ceará sobre o impacto de produtos químicos na lavoura e nas comunidades relacionadas apresentou, em Limoeiro, a conclusão da pesquisa de um dos principais objetos de estudo: a plantação de abacaxi.
As centenas de hectares onde antes se encontrava abacaxi são ocupadas, atualmente, por banana, também para exportação aos mercados consumidores dos Estados Unidos e da União Europeia. Alguns dos efeitos crônicos dos agrotóxicos são as dermatites, cânceres, desregulação endócrina (hormônios), efeito no sistema de defesa do corpo, má desenvolvimento da criança, doenças respiratórias e doenças do fígado e dos rins. Já tratado em outras matérias, a polêmica sobre os casos de câncer entre Limoeiro e Quixeré é reforçada pelos dados comparativos do registro da doença entre agricultores e não-agricultores.
Trabalhadores rurais acampados em Limoeiro do Norte para marcar o assassinato do líder Zé Maria do Tomé, há quatro meses.
Levantamento
Conforme anunciado em reportagem de abril deste ano, de um levantamento de casos de câncer em 23 localizações anatômicas da doença, em pelo menos 15, os agricultores apresentaram maior incidência. E desses, os cânceres no sangue (leucemia), nos testículos e na bexiga urinária tiveram incidência maior que o esperado em agricultores. Leucemia deu a pior constatação: incidência 6,3 vezes maior em agricultores. Nas duas outras localizações foi o dobro do estimado pelo estudo.
Hoje (sábado, 21/08) é o último dia do Acampamento Zé Maria. Também hoje completa quatro meses da morte do líder, que por vários anos denunciou a pulverização aérea de agrotóxicos e a contaminação da água para consumo das comunidades. Os manifestantes estão reunidos desde a última quinta-feira, na Praça da Câmara Municipal. Apesar dos estudos, a pulverização continua, a água é consumida do mesmo tanque impróprio. Em Limoeiro continua a triste média de uma morte por câncer a cada nove dias, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
Sofrimento
"O caso de Leucemia, um tipo de câncer, dimensiona o que os trabalhadores rurais estão sofrendo". Raquel Rigotto - Médica e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Luta contra agrotóxicos: Entrega oficial de dossiê sobre os agrotóxicos na Chapada do Apodi

Apresentação de pesquisas fazem parte da programação que lembra quatro meses da morte do líder comunitário. Em julho passado, amigos e familiares de Zé Maria pediram, em protesto, rigor na apuração da sua morte.
Para dizer que a luta não acabou, e a causa do porta voz da comunidade do Tomé, em Limoeiro do Norte, continua viva, centenas de trabalhadores rurais, militantes sociais, pesquisadores e estudantes universitários estarão, desta quinta-feira (19/08) até o próximo sábado, realizando o 'Acampamento Zé Maria'.
Será o maior manifesto já realizado desde a morte do líder comunitário José Maria Filho, quatro meses atrás. Estava prevista para a madrugada desta quinta-feira um protesto, mantido sob sigilo pela organização do evento. Seminários, apresentação de pesquisas e oficinas também fazem parte da programação.
Na ocasião, será feita a entrega oficial do dossiê sobre os agrotóxicos na Chapada do Apodi e os impactos na saúde, trabalho coordenado pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Três dias de gritos, de uma história de reivindicação que já dura muitos anos, dessa vez lembrada nos quatro meses de morte de "Zé Maria do Tomé", líder comunitário e principal denunciante da contaminação por agrotóxicos no trabalhador, na família e no solo, principalmente na comunidade que representava, o Tomé, na Chapada do Apodi, em Limoeiro. Haverá série de mobilizações contextualizadas no acampamento - saúde, reforma agrária, agroecologia, combate a corrupção eleitoral. Algumas das mobilizações foram tratadas sob sigilo pelos organizadores e não incluídas na programação oficial para o dia de hoje.
Está prevista a presença de centenas de famílias de comunidades de vários assentamentos rurais da região jaguaribana. Todas as diferentes manifestações de luta pela terra em uma só. Durante a manhã desta quinta-feira (19/08) será montado o acampamento na Praça da Câmara Municipal de Limoeiro. A escolha do lugar é óbvia: foram os vereadores de Limoeiro que, numa manobra de última hora em maio desde ano e cedendo a pressões políticas, revogaram a lei que proibia a pulverização aérea na Chapada do Apodi. Era essa uma das principais lutas do agricultor e comerciante José Maria Filho, principal denunciante dos problemas com agrotóxicos na Chapada, todas feitas com exclusividade pelo Diário do Nordeste. As famílias reclamavam do avião despejando veneno que, espalhado pelas ventanias, atingia as residências, causando problemas de saúde.
A decisão da Câmara pela derrubada da proibição aconteceu com um mês da morte de José Maria, assassinado com 18 tiros quando voltava para casa. Por ironia ou coincidência, o seu corpo foi alvejado a poucos metros da pista de pouso da cidade, de onde partiam os aviões pulverizadores e com seguidas visitas do protestante para provar que mesmo com a então proibição pela lei municipal, os empresários continuavam realizando a pulverização. A reportagem descobriu na época que os fiscais do Ministério da Agricultura, órgão responsável pela permissão federal da pulverização, nem tinham conhecimento da lei - ou se tinham, passaram por cima.
No intervalo da morte de José Maria e a revogação da lei pelos vereadores de Limoeiro, pesquisadores do Núcleo Trabalho, Saúde e Meio Ambiente para a Sustentabilidade (Tramas) da UFC divulgaram dado parcial de uma pesquisa apoiada pelo CNPq e que dimensionou o nível de prejuízos causados pelo agrotóxicos: após análise laboratorial, foi constatada a presença de vários tipos de fungicidas, herbicidas, acaricidas e inseticidas em todas 46 amostras de água para abastecimento humano coletadas na Chapada do Apodi. Foram encontrados na torneira de casa até agrotóxicos que estão em reavaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo alto teor nocivo à saúde humana.
Ensejando o 'Acampamento Zé Maria', acontece hoje e amanhã o Seminário Conhecimento e Ação: Resultados da Pesquisa Agrotóxicos/UFC, com participação do Ministério Público e Procuradoria Regional do Trabalho. Hoje finda com um debate, e amanhã haverá discussão sobre mapeamento da saúde em assentamentos rurais, bem como alternativas de produção feitas por comunidades agrícolas na região. Hoje à tarde a professora Raquel Rigotto, coordenadora do Núcleo Tramas, anunciará mais resultados preliminares da pesquisa "Estudo epidemiológico da População da Região do Baixo Jaguaribe" exposta à contaminação ambiental em área de uso de agrotóxicos.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
DIÁRIO DO NORDESTE - EDITORIAL
Vigilância nos agrotóxicos
O meio ambiente começa a ser objeto de ações mais incisivas dos órgãos públicos encarregados de preservá-lo e protegê-lo. O Planalto da Ibiapaba e o Vale do Jaguaribe têm sido os focos mais visíveis do elevado consumo de agrotóxicos, utilizados nos alimentos produzidos nessas duas regiões, colocando em risco a saúde dos consumidores e dos trabalhadores responsáveis por sua aplicação nos cultivos, com reflexo nas terras ocupadas.
Uma força-tarefa constituída por representações do Ministério da Agricultura, Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Agência de Defesa Agropecuária (Adagri), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) e da Polícia Militar, iniciou pelo Vale do Jaguaribe a fiscalização dos estabelecimentos especializados no comércio de produtos agrotóxicos. O propósito é chegar até o grande comprador, cujas transações são feitas com os fabricantes.
Esses órgãos públicos priorizaram o vale jaguaribano diante dos elevados índices de enfermidades comprovadas pelos hospitais terciários. Além dos graves problemas causados aos humanos, há as questões sanitárias resultantes do descontrole no emprego do veneno para eliminar as pragas agrícolas e da falta de recolhimento sistemático das embalagens dos produtos tóxicos, descartadas a céu aberto, gerando a poluição dos córregos, riachos e rios da região.
Essa operação conjunta possibilitou, também, a fixação de tarefas específicas para cada um de seus órgãos integrantes, ficando convencionado o acompanhamento do uso até agora indiscriminado dos agrotóxicos. O Ministério da Agricultura terá a responsabilidade pelo controle da entrada dos produtos tóxicos usados nas plantações, bem como da pulverização aérea. À Semace caberá o cadastro dos estabelecimentos e a fiscalização desse tipo de comércio.
A Agência de Defesa Agropecuária terá a incumbência de monitorar e regulamentar o uso e a aplicação do veneno nos plantios de alimentos. Essa tarefa será decisiva na exigência do receituário agronômico, mediante o qual os produtos são comercializados. Nesse segmento, o Crea tem papel relevante, pois nenhum produto com grau de toxicidade pode ser comercializado sem a receita prévia do agrônomo.
Entre as primeiras aberrações constatadas em Limoeiro do Norte, havia uma loja vendendo no mesmo espeça, agrotóxicos, ração animal, e algumas espécies de pássaros. O estabelecimento comercial foi interditado. Como ele, há dezenas espalhadas pelo interior do Estado, exatamente pela ausência de fiscalização sistemática sobre as práticas mercantis de defensivos agrícolas.
Quando chegar ao Planalto da Ibiapaba, essa força-tarefa encontrará duas realidades: de um lado, plantadores de hortifrutigranjeiros, comercializados nos grandes centros urbanos, com elevado índice de substâncias tóxicas; e de outro, a experiência bem-sucedida de produtores engajados na agricultura orgânica, especialmente no cultivo de hortaliças sem a menor contaminação por veneno. O surgimento desse grupo traz a esperança de alimentos mais saudáveis.