quarta-feira, 31 de março de 2010

PF deflagra operação em Limoeiro do Norte

Segundo informações, trata-se de uma operação preventiva, a fim de evitar a ação de bandidos.
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (31/03), uma operação na cidade de Limoeiro do Norte, na Região Jaguaribana.
Os policiais já passaram por alguns bancos do municípios e informações preliminares apontam que se trata de uma operação preventiva, que deve começar a acontecer rotineiramente nas cidades, a fim de evitar a ação de bandidos.
Informações: Jangadeiro Online

‘Dedé da Fubica’ foi assassinado com quatro tiros

Um dos acusados de participar do assassinato do radialista Nicanor Linhares, em junho de 2003, foi encontrado morto nesta terça-feira (30/03), em Limoeiro do Norte, na Região Jaguaribana.
Francisco José de Oliveira Maia, conhecido como "Dedé da Fubica" (foto), 31 anos, natural de Limoeiro do Norte/CE, amasiado, filho de José Joaquim Maia e Raimunda de Oliveira Maia, residente na Rua Sabino Roberto, 4380.
De acordo com as informações de testemunhas, o ex-presidiário encontrava-se em frente a sua residência, quando surgiu um indivíduo de blusa vermelha com listras brancas, em uma moto NXR BROS, de cor azul, e armado a revólver, que se aproximou e passou a disparar contra a vitima, que foi atingida com cerca de 4 (quatro), disparos na altura da cabeça e no peito esquerdo, tendo morte imediata.
Após tomar conhecimento do fato, as equipes de policiais militares, ao comando do Major Claudemir Ferreira, juntamente com os policiais da Força Tática de Apoio (FTA), passaram a realizar diligências por toda a área da Companhia, sendo disponibilizada uma viatura para resguardar o local do crime, onde aguardaram a realização da perícia.
A vítima já tinha sido condenada a nove anos de prisão pela participação na morte do radialista Nicanor Linhares. A polícia ainda não tem pistas sobre o assassino e os motivos do crime.
Imagem/Reprodução: Jornal Diário do Nordeste (12/08/2003)

FTA apreende jovem com R$ 500 em notas falsas

Por volta das 15:30h desta terça-feira (30/03), na localidade de Sitio Bom Fim, zona rural de Limoeiro do Norte/CE, mais precisamente no “Bar da Neide”, por ocasião de uma abordagem realizada pela equipe da Força Tática de Apoio (FTA), os quais realizaram uma busca de arma nas pessoas que encontravam-se no local.
Ao abordar um adolescente identificado pelas iniciais S.S.C, 16 anos, natural de Tabuleiro do Norte/CE, solteiro, cortador de lenha, filho de Nilson Lúcio da Silva Costa e Francine Gama da Silva Costa, residente na localidade de Olho D'água da Bica, zona rural de Tabuleiro do Norte/CE, contataram que o menor estava com 10 (dez) cédulas de R$ 50,00 (Cinquenta reais), totalizando R$ 500,00 (Quinhentos reais), sendo que todas as cédulas eram falsas.
Ao indagá-lo onde teria conseguido todas aquelas notas, o citado informou que a pessoa de nome Tadeu Lavor de Oliveira Júnior, 22 anos, natural de Iguatu/CE, agricultor, residente na localidade de Bom Fim, zona rural de Limoeiro do Norte/CE, havia levado ele até uma residência, que fica no Sítio Pitombeira, periferia de Limoeiro do Norte.
Com as informações coletadas, a equipe de policiais militares, juntamente com o menor, dirigiram-se ao endereço informado, e ao chegar no local encontraram o individuo que havia levado o mesmo para pegar o dinheiro falso, no caso o Tadeu, e a pessoa que havia dado-lhes o dinheiro, que foi identificada como sendo Edson Maia da Silva, 25 anos, natural de Tabuleiro do Norte/CE, agricultor, filho de pai não declarado e Maria Dulce Maia da Silva, residente no Sitio Pitombeira, periferia de Limoeiro do Norte/CE.
Na residência do acusado, foi encontrado um papelote de cocaína, uma poção de pasta a base de cocaína, vários materiais utilizados para embalagem de drogas, sacos plásticos, papel alumínio, como também foi encontrado um pedaço de cédula de R$ 50,00 queimada, que o acusado, ao perceber a presença da policia, tocou fogo no dinheiro falso e tentou dispersar a droga jogando dentro dágua. Foi constatado o mesmo já responde por outros crimes, sendo eles: Art. 157 (Roubo), Art. 14 (Porte Ilegal), e Art. 129 (Lesão Corporal).
Os dois maiores foram presos e conduzidos a DPC local, onde foram autuados no Art. 289 (crime Moeda Falsa), sendo que contra o adolescente apreendido, foi realizado ato infracional, pelo mesmo artigo.

terça-feira, 30 de março de 2010

Limoeiro adere ao projeto Começar de Novo

Ao lado da Dra. Luciana Teixeira, Dilmar assinou o Termo. Município é pioneiro na realização de atividades para ressocialização de presos e egressos.
O prefeito municipal de Limoeiro do Norte, João Dilmar da Silva, assinou na tarde desta segunda-feira (29/03), o Termo de cooperação de adesão ao projeto "Começar de Novo", do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em solenidade no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).
O programa coordena nacionalmente propostas de trabalho e cursos de capacitação para ex-detentos.
A idéia é sensibilizar órgãos públicos e a sociedade civil para se engajarem nessa iniciativa. Pioneiro no Estado, o município de Limoeiro do Norte já iniciou as atividades proporcionando aos participantes, através da parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE), vagas para os cursos de Soldador e um curso de Eletricista predial, que está sendo ministrado dentro da cadeia pública municipal.
Além de Limoeiro do Norte, somente o município de Tauá assinaram o Termo até o momento. As duas cidades se comprometeram a trabalhar a ressocialização dos presos, egressos do sistema carcerário e cumpridores de medidas e penas alternativas.
O projeto é gerenciado pela Juíza de Direito da 1ª Vara de Limoeiro do Norte, Dra. Luciana Teixeira de Souza, que subdividiu as ações em Unidades de Ressocialização e Núcleos de Atuação.
Pela Prefeitura Municipal, as ações são coordenadas pela psicóloga do CREAS, Maria Celiane Magalhães, que desenvolve atividades no Núcleo 'Construindo Um Novo Caminho', e por Maria José M. Barros (Mazé Barros), que coordena o Núcleo 'Vida em Ação'.
Informações:.www.limoeirodonorte.ce.gov.br

Projeto O DORES: Documentário mostra a realidade dos catadores de lixo do bairro Antônio Holanda

A Associação Projeto Paz e União, organização não-governamental e sem fins lucrativos, convida a todos a participarem da abertura do Projeto O DORES. O objetivo desse projeto é mostrar a realidade sobre a questão social do Bairro Antônio Holanda de Oliveira, em especial focando os catadores de lixo.
O evento se realizará nesta terça-feira, 30 de março 2010, a partir das 18:30h, na sede da associação, situada na Rua Maria José Chaves de Almeida, 2580, Bairro Antonio Holanda de Oliveira, no município de Limoeiro do Norte/CE.
Entendendo que uma forma de intervir nessa realidade é registrando o recorte desse contexto e difundido para a comunidade, o projeto é dirigido ao público adolescente e jovem, e será visualizado através do documentário O DORES.
Ganhador do edital do Programa Microprojetos Mais Cultura 2009, o projeto atualmente conta com o apoio dos seguintes parceiros: Governo Federal, Ministério da Cultura, Programa Mais Cultura, Fundação Nacional de Artes, Banco do Nordeste, Instituto Nordeste Cidadania e Secretária de Cultura do Estado do Ceará.
PROGRAMAÇÃO
Terça-feira, 30/03
18:00h - Acolhida ao participantes.
18:10h - Apresentação institucional
Associação Projeto Paz e União
Facilitadora: Francineide Azevedo.
18:20h - Apresentação
Cia. de Dança e Teatro Maria Fumaça
Espetáculo: Morte e Vida Severina.
Facilitadores: Eligardênio e Fabio Sampaio.
19:00h - Apresentação do Projeto O DORES
Facilitador: Nacélio Alves.
19:20h - Espaço aberto para o debate sobre o tema, e visualização de painéis de fotos.
19:30h - Posse do conselho do Adolescente e Jovem da Associação
20:00h - Encerramento do Evento, com oferta de coquetel.
Foco Jovem
É o grupo de jovens da Associação Paz e União, do Bairro Antonio Holanda de Oliveira, que se reúne para estudo e prática do áudio visual.
Os participantes tiveram a idéia de produzir o documentário O DORES, com o objetivo de mostrar a realidade vivida pelos catadores de lixo da localidade Vila da Paz e Rua José Vitor de Oliveira.
SAIBA MAIS
Exemplo de experiência em ES fortalece pequenos grupos em Limoeiro do Norte (CE)
Na cidade de Limoeiro do Norte, no interior do Ceará, uma experiência em Economia Popular Solidária (EPS) tem mostrado aos pequenos grupos e empreendedores da região que a prática da coletividade e da solidariedade traz benefícios para todos.
O grupo "Construção Solidária", surgido em 2007, na Associação Comunitária Projeto Paz e União, é uma reunião de pequenos empreendedores da cidade que se encontram mensalmente para discutir questões da área de EPS e suas necessidades. O grupo é composto por artesãos, jovens e mulheres que trabalham sob os princípios da economia solidária, fortalecendo e dando visibilidade aos seus trabalhos.
Neide Azevedo, Gestora Social e Administrativa da Associação, comentou que as feiras de economia solidária são os espaços onde os empreendedores divulgam e comercializam seus produtos. De acordo com ela, de 2007 até agora já foram realizadas sete feiras. Nestas ocasiões, além da exposição e comercialização, são realizadas trocas solidárias e apresentações culturais, aliadas à instalação de uma praça de alimentação com comidas típicas.
Ela comentou que os trabalhos que mais se destacam na região são produções a partir de retalhos e bordados. Entre os integrantes do grupo, os artesãos que fazem sandálias de couro, os que trabalham em reaproveitamento de madeira, mulheres que trabalham com artesanato, bordado, tapeçaria e retalho, e jovens que produzem peças de biscuit.
Neide informou ainda que, no último encontro do grupo, foi marcada a data para a realização de um seminário que deve discutir os impactos, os benefícios e o desenvolvimento da EPS na cidade. O seminário será realizado no próximo dia 25 e conta com o apoio do Sistema Nacional de Emprego do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - SINE/IDT de Limoeiro.
A partir desta data, devem iniciar as inscrições dos interessados em participar da Feira de Economia Solidária que acontecerá em junho. "Nós sempre realizamos as feiras em junho, aproveitando as festas juninas, momento que dá visibilidade e fortalece o evento", explicou a gestora.
"A gente vê claramente a mudança no comprometimento da comunidade, eles (trabalhadores) se interessam e se informam", ressaltou Neide. Segundo ela, os empreendedores e empreendedoras tiveram aumento na produção e nas vendas, graças às feiras. "Eles sempre falam que as feiras deram muita visibilidade aos seus trabalhos", completou.
Ela exemplificou que o artesão que fabricava sandálias em casa, hoje tem um espaço maior próprio para a produção, e ainda comemora o aumento das vendas. Além dele, as mulheres conseguiram com sua produção, aumentar a renda familiar.
"As pessoas que pensam que vão ‘enricar’ com a economia solidária, desistem rapidinho, porque o nosso trabalho é ir fortalecendo a coletividade e a partilha, beneficiando todos aos poucos", finalizou.
Associação Projeto Paz e União
A Associação nasceu em assembléia geral em 01 de Agosto de 1986, com o apoio do Fundo Cristão para as Crianças do Brasil “CCF Brasil”. Está situada a Rua Maria José Chaves de Almeida, 2580. O projeto funciona na cidade de Limoeiro do Norte no estado do Ceará.
Maiores informações:
Site: www.projetopazeuniao.com.br
E-mail: projetopazeuniao@brisanet.com.br
Fone: (88) 3423-1866

segunda-feira, 29 de março de 2010

Limoeiro goleia o Itapipoca por 6 a 1 no Bandeirão, e segue na luta contra o rebaixamento

Goleada reacende esperança da torcida limoeirense pela permanência da equipe na primeira divisão cearense.
Ainda ameaçado pelo fantasma do rebaixamento, o Limoeiro ganhou um fôlego extra na luta pela permanência da equipe na elite do futebol cearense após uma sonora goleada em cima do Itapipoca.
Mostrando vontade de reverter a situação vivida no campeonato, o time agradou os torcedores que acompanharam a partida realizada na tarde deste domingo (28/03), antepenúltima rodada do segundo turno do Cearense 2010.
Joãozinho Pacajus marcou logo no primeiro minuto de jogo. O clima nublado inspirou os jogadores do Jaguar do Vale, e a chuva de gols teve sequência com Nilton (aos 11), Lequinha (aos 13), e Júnior Mota (aos 15 e 45), ainda no primeiro tempo.
Na volta do intervalo, outro gol logo no início. Wescley marcou aos 3min, o que viria a ser o último gol do jogo, fechando a goleada em 6 a 1 a favor do Jaguar do Vale. O gol de honra do Itapipoca foi marcado por Jorge Luís, aos 29 da primeira etapa. O Garoto Travesso ainda teve um pênalti desperdiçado.
De olho na rodada
No estádio Moraisão, outro jogo de grande importância para o Limoeiro estava acontecendo no mesmo horário.
Com o mesmo número de pontos que a equipe limoeirense, Maranguape e Boa Viagem fizeram o jogo dos desesperados. No final, o Maranguape saiu de campo vitorioso. César e Breno definiram o jogo no primeiro tempo: 2 a 0.
Na luta contra o rebaixamento
Com as vitórias nesta rodada, Limoeiro e Maranguape continuam empatados com 19 pontos na classificação geral, deixando a lanterna para o Boa Viagem e o Itapipoca em alerta.
As duas equipes travam uma batalha a parte para fugir do rebaixamento. O Jaguar do Vale tem pela frente o Horizonte (casa) e o Ferroviário (fora), enquanto o Gavião da Serra ainda enfrenta o Guarani de Juazeiro (casa) e o Horizonte (fora).
Com 21 pontos, o Itapipoca também corre riscos, mas depende apenas de si. Porém os jogos restantes contra Guarany de Sobral (casa) e Fortaleza (fora) são de extrema dificuldade para o Garoto Travesso.
A situação mais complicada é a do Boa Viagem. Com apenas 16 pontos, o Galo do Sertão além de vencer Fortaleza (casa) e Guarani de Juazeiro (fora), tem que torcer por resultados adversos de Limoeiro, Maranguape e Itapipoca.
Jogo de vida ou morte
Na última partida da equipe em casa, o Jaguar do Vale recebe o Horizonte no próximo domingo (04/04). A torcida promete marcar presença para apoiar a equipe que precisa muito da vitória para tentar livrar-se da degola.

domingo, 28 de março de 2010

Educação patrimonial ensina como valorizar a cultura e preservar as tradições

Grupo de jovens, em Limoeiro do Norte, participaram de curso que teve como objetivo preservar o patrimônio.
No livro, na escola, os estudantes fazem a leitura das manifestações culturais, a história das artes dos povos antigos, lendas folclóricas como o velho do saco, a perna cabeluda. Nas tradições, ouvem falar que a capoeira surgiu com os negros escravizados, e que o artesanato em barro, com os índios, muito antes do período colonial, ainda é fonte de renda nas feiras livres. Mas, sobre as manifestações culturais nos terreiros perto de casa, as artesãs da vizinhança, a procissão religiosa que passa na frente da escola, e mesmo histórias de lendas contadas pelos mais velhos do bairro, essas passam batido, desconhecidas dos livros escolares, dos educadores e, consequentemente, dos estudantes. A história começa a mudar com a projeção de estudos de educação patrimonial, que incentiva a pesquisa, o registro e a valorização cultural local.
O desconhecimento é o primeiro passo para a desvalorização, depois é só deixar que o tempo trate de gastar até o fim a existência de um patrimônio cultural, seja material (prédios, artesanato etc.) ou imaterial, como as danças e brincadeiras que atravessam gerações e na essência de ser contam a história de um povo. Até um dia desses, o jovem Miquéias Régis, de 14 anos, poderia levar mais tempo até ouvir falar em Chico Nogueira, e que bumba-meu-boi é que nem gente: pode ter o mesmo nome, porém, no resto, será sempre diferente.
Em Limoeiro do Norte, terra de Miquéias, tem a dança do "Boi Pai do Campo da Faceira", um cortejo circular da comunidade que teima em preservar o boi, cantando a sátira, o trabalho, o amor. Os versos curtos, rimados, caem no inconsciente musical popular: "Eu tenho um ´botão´ de açucena/ para dar a uma morena/(...) Quero ser dono/ da minha terra, ô morena/Quero morrer nos braços dela...". No V Encontro dos Mestres do Mundo, realizado de 17 a 20 passados em Limoeiro do Norte, grupos de jovens com gravador, câmera fotográfica, papel, caneta e motivação andavam de um lado para o outro, feito repórteres e pesquisadores movidos pela mesma mola: a curiosidade.
Participantes do curso de educação patrimonial entrevistaram os Mestres da Cultura, que participaram do encontro no município de Limoeiro do Norte. Eles foram movidos pela curiosidade. (Foto: Melquíades Júnior)
De repente, mestre Chico Nogueira sai da roda da brincadeira e fica no círculo formado pelos participantes do curso de educação patrimonial, que ensejou o evento.
"Como foi que começou a brincadeira? Onde fica a comunidade? O senhor gosta do que faz?". Não faltaram perguntas, que o mestre foi respondendo, os jovens conhecendo e, desde então, cientes de que existe uma manifestação folclórica tão perto de suas casas: feito a água do rio que desce, a brincadeira do bumba-meu-boi foi passando de geração para geração, povoado para povoado, até bater no município de Russas e, daí, para onde hoje é Limoeiro do Norte, na localidade de Faceira. Foi quando um tal de João Caboclo construiu com suas próprias mãos o boi, feito de ripa de madeira assada. João é o tio do mestre da Cultura Chico Nogueira, que foi para o meio da roda de curiosos.
Valorizar o patrimônio do lugar foi o objetivo do curso Patrimônio para Todos, extensão da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, de Fortaleza, que trabalha a preservação do patrimônio cultural como um processo de identificação e autoestima da população.
Continuidade
"O estudo da educação patrimonial permite que eventos como os mestres do mundo acabem, mas que estudantes e professores das escolas possam dar continuidade a essa valorização", explica a presidente da Comissão Nacional de Folclore, Lourdes Macena. Ela participou do Encontro Mestres do Mundo, em Limoeiro, e admite que uma das prioridades da comissão nacional este ano é o trabalho de educação patrimonial.
"A educação se fundamenta no cotidiano, e o estudo do patrimônio favorece esse olhar da escola para os saberes tradicionais, do que está ao redor da escola. Se há essa valorização, as crianças e a juventude podem se tornar guardiãs do saber".
Tarefa de classe e de casa não poderia ser mais oportuna: entrevistar os mestres da cultura que participaram do Encontro. "Começamos repassando aos alunos as informações necessárias para a elaboração de conhecimentos relativos ao patrimônio e à cultura", afirma Juliana Marinho, da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. Ela ainda explica que "os participantes exploram suas ideias de forma a tentar construir conceitos sobre o que é cultura. As turmas demonstraram bastante interesse pelos debates realizados em sala e isso é de grande importância para os trabalhos que serão promovidos posteriormente".
Em outras palavras, o interesse leva à preservação. "Temos que aprender a valorizar os nossos artistas, para podermos conhecer e valorizar os outros", afirma o secretário municipal da Cultura de Limoeiro do Norte, Renato Remígio. "O que esses jovens fizeram foi uma espécie de mapeamento, mas já entramos no compromisso de irmos à Câmara Municipal e propor uma lei que intitula os mestres da Cultura em nível municipal, pois é uma forma de oficializar esse patrimônio e fazer com que as pessoas busquem conhecer", defende.
Multiplicadores
De acordo com Renato Remígio, a educação patrimonial deve ser pauta das escolas públicas na região jaguaribana, "e os professores serão multiplicadores". É o que acontece em Estados como São Paulo e Bahia, onde funciona a Rede Nacional Ação Griô. Palavra africana, griô representa a figura da comunidade que defende, difunde e reverbera as tradições locais. Funciona como mensageiro e mantenedor das manifestações culturais, como os mestres da Cultura do Ceará.
A valorização do griô levou a uma estratégia pedagógica de inclusão do patrimônio cultural nas escolas e, além disso, foi legitimada em lei, executada pelo Governo Federal.
Para dizer sobre a emoção de participar de um encontro com outros mestres dos saberes e fazeres, seu Joaquim Ferreira, quilombola da Dança de São Gonçalo, do município de Quixadá, é abordado por um garoto, com caneta numa mão e folhas na outra. "Posso falar com o senhor?". Era Miquéias Régis, acompanhado de outros jovens empolgados para conhecer as histórias de vida desses seres um dia desconhecidos, que agora todos chamam de mestres da Cultura.
Mais informações:
Curso Patrimônio para Todos
(85) 3238.1244
Secretaria da Cultura de Limoeiro
(88) 3423.1165
RIQUEZAS DIVULGADAS
Site cataloga entrevistas
Da boca para o ouvido, daí para o papel e, em seguida, para a tela do computador. No site do Projeto Patrimônio para Todos, os alunos do curso realizam a primeira projeção do que aprenderam.
Pela oralidade, as manifestações culturais são conhecidas, e os meios de comunicação tratam de aumentar a roda dos que conhecem as riquezas culturais de vários lugares. No site do Projeto Patrimônio para Todos, os alunos da educação patrimonial realizam a primeira projeção do que aprenderam. E as dezenas de entrevistas com mestres da Cultura serão catalogadas em seus documentos de texto e audiovisuais.
Há oito anos no Ceará, desenvolvido pela Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, em Fortaleza, o Patrimônio para Todos qualifica jovens para o tratamento das múltiplas questões que envolvem a valorização e, também, a conservação do patrimônio cultural. "Procuramos desenvolver uma metodologia de educação patrimonial que reúna agentes culturais, professores e alunos em um processo de elaboração de conhecimentos coletivos e persiga aspectos que favoreçam a transmissão de conhecimentos", explica Juliana Marinho, da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho.
No site do projeto (patrimonioparatodos.wordpress.com), entrou na pauta a divulgação do Encontro Mestres do Mundo e as diversas atividades que o compuseram, como o cortejo dos mestres, logo no início, e a terreirada no Córrego de Areia, onde a mestra artesã Lúcia Pequeno recebeu os Irmãos Aniceto, do Crato, para mostrarem à comunidade a dança que já levaram até para a Europa. E para quem não conhecia, a terreirada virou pretexto bom para que os jovens pudessem conversar e fotografar a artesã Lúcia Pequeno, que fabrica peças de barro cobiçadas até em outros países.
"O curso Patrimônio Para todos apresentou aos alunos de Limoeiro do Norte o conceito sobre Cultura, Patrimônio, e Bem Imaterial, e busca, por meio da memória, a valorização das diversas formas de expressões que são peculiares ao povo", publica o site, logo abaixo das fotos dos jovens participantes. Eles que, sem pegar os livros da escola ou ouvir do professor em sala de aula, participaram, pela primeira vez, de três dias de aula sobre a cultura das diversas comunidades do Ceará.
FIQUE POR DENTRO
Troca de experiência
O V Encontro Mestres do Mundo aconteceu de 17 a 20 de março, em Limoeiro do Norte. Mestres da Cultura de vários Estados do Brasil reuniram-se, neste município, para a troca de experiências sobre seus saberes e fazeres, divididos em cinco categorias: mestres das Mãos (artesãos, bordadeiras etc.), do Corpo (dança, teatro, reisado), do Som (músicos, instrumentistas, luthiers) e mestres da Oralidade (contadores de história, poetas, cordelistas e repentistas). O curso Patrimônio para Todos era dividido em duas turmas, que se encontravam nas pesquisas de campo com os diversos mestres. A pesquisa está publicada e registrada no blog do projeto: patrimonioparatodos.wordpress.com.
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior

sábado, 27 de março de 2010

Blog Limoeiro do Norte adere à Hora do Planeta

Pelo segundo ano consecutivo, o blog participa deste ato em apoio à campanha nacional da WWF/Brasil.
Neste sábado, 27 de março de 2010, milhares de pessoas no Brasil apagarão as luzes, a partir das 20h30 (horário de Brasília), pelo segundo ano consecutivo, em apoio à campanha nacional da WWF (World Wildlife Fund) contra o aquecimento global.
Convidamos você a fazer o mesmo e refletir a respeito desta questão. Será um ato simbólico, realizado simultaneamente em diversas cidades do Brasil e do mundo, promovendo a conscientização popular sobre a questão.
De moradias simples a grandes monumentos mundiais, as luzes serão apagadas por uma hora. No Brasil, de norte a sul, governos, empresas, organizações e pessoas físicas vão se unir para demonstrar a preocupação com o aquecimento global e a conservação de ecossistemas terrestres e aquáticos. O país é, atualmente, o quarto maior emissor de carbono do mundo. Deste total, cerca de 75% são causados pelo desmatamento, principalmente na Amazônia e cerrado.
Quem quiser aderir à Hora do Planeta basta se cadastrar no site (www.horadoplaneta.org.br) e, no sábado (27/03), apagar as luzes entre 20h30 e 21h30. A Hora do Planeta começou em 2007, apenas em Sidney, na Austrália. Em 2008, 371 cidades participaram.
No ano passado (2009), quando o Brasil participou pela primeira vez, o movimento superou todas as expectativas. Centenas de milhões de pessoas em mais de 4 mil cidades de 88 países apagaram as luzes. Monumentos e locais simbólicos, como a Torre Eiffel, o Coliseu e a Times Square, além do Cristo Redentor, o Estádio do Morumbi, o Congresso Nacional e outros ficaram uma hora no escuro. Além disso, artistas, atletas e apresentadores famosos ajudaram voluntariamente na campanha de mobilização.

APAE Limoeiro ganha o transporte escolar

A Escola de Educação Especial Dom Pompeu Bezerra Bessa (APAE LIMOEIRO) irá receber neste mês de Abril de 2010 uma FIAT DUCATO PASSAGEIRO, 16 lugares, como doação de vários empresários de São Paulo, através da intermediação da Sra. Carmelita Maia, de Limoeiro do Norte, e sua filha Anne Mary Chaves Maia.
O recurso apurado no sorteio realizado em Outubro de 2009, no valor de 23.050,00 (Vinte e três mil e cinquenta reais), está sendo utilizado para a regularização do carro e a construção de uma garagem.
Com este benefício a APAE espera melhorar o atendimento aos seus 62 alunos, contando ainda com a parceria da Prefeitura Municipal na concessão de um outro transporte.
O Fiat Ducato Passageiro é equipado com o novo motor diesel F1A MultiJet. De acordo com a montadora, ele conta com alta tecnologia, ótimo desempenho, menor consumo e redução no índice de emissões de poluentes. O furgão tem oito opções de configuração, voltadas para o transporte de carga e até 16 passageiros.
Segundo a Fiat, o motor MultiJet foi desenvolvido dentro do conceito de downsizing, mais compacto e com desempenho melhor. Ele oferece 127cv de potência a 3.600 rpm e seu torque é de 30,7 kgfm a 1.800 rpm. O propulsor é 20 quilos mais leve do que o antecesso, com o cabeçote de alumínio contribuindo para essa redução.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ceará goleou o Limoeiro no Castelão: 4 x 0

Em ritmo de treino, time alvinegro derrota o Limoeiro, no Castelão, chegando à quarta vitória consecutiva no returno.
Em um jogo de ataque contra defesa, o Ceará venceu fácil o Limoeiro, goleando por 4 a 0, na noite desta quarta-feira (24/03), no Castelão. Com o resultado, o Vovô chega a 18 pontos, mantém a invencibilidade e liderança do returno. Já o Limoeiro, continua na lanterna e vê a segunda divisão cada vez mais próxima.
Embalado na competição e buscando a quarta vitória seguida no Estadual, o Ceará armou uma verdadeira blitz ofensiva. A iniciativa assustou o Limoeiro e o gol do Ceará não demorou a sair. Aos cinco minutos, Fabrício cabeceou forte, a bola explodiu no travessão e entrou: 1x0.
As chances do Vovô de ampliar o placar apareciam em profusão, com oito oportunidades de gol até os 25 minutos. Dinei, Ernandes e Geraldo perderam duas chances cada.
Aos 29, repeteco do lance do primeiro gol: Fabrício fez o segundo, mas a bola tocou outra vez no travessão. Geraldo e Dinei ainda perderiam gols incríveis antes dos 45 iniciais. No minuto final do primeiro tempo, pênalti para o Ceará: Geraldo foi derrubado por Marcelo. Dinei bateu e fez: 2x0.
Goleada esperada: Ceará 4 x 0 Limoeiro. (Foto: Xandy Rodrigues)
Goleada
Com a vantagem, o Ceará diminuiu o ritmo nos primeiros minutos da etapa final, permitindo o Limoeiro a atacá-lo. Mas o time interiorano não oferecia perigo à meta do goleiro Diego.
Após perder algumas chances de gol com Misael, Erick Flores e Luizinho, o Ceará não vacilou aos 22 minutos. Geraldo, que já havia feito linda jogada no lance anterior em um voleio defendido pelo goleiro André, deixou sua marca, de cabeça, após assistência de Thyago Fernandes: 3x0.
Em ampla desvantagem no placar e na bola, o Limoeiro assustou, aos 22min, e por pouco não diminui em cobrança de falta de Denílson, que acabou acertando o travessão.
Satisfeito com placar, o Ceará começou a controlar a partida valorizando mais a posse de bola. E aos 42, novo pênalti para o Vovô, cometido por Marcelo, que foi expulso. O meia Erick Flores bateu no canto e fechou a goleada, marcando seu segundo gol com a camisa do Ceará.
FICHA TÉCNICA
Ceará – 4
Diego; Arlindo Maracanã (Luizinho, 25/2ºT), Fabrício, Anderson e Ernandes (Thyago Fernandes, Intervalo); Michel, Heleno, João Marcos e Geraldo; Erick Flores e Dinei (Misael, 15/2ºT). Técnico: PC Gusmão.
Limoeiro – 0
André; Denilson, Marcelo, Haroldo e Joãozinho (Celinho, Intervalo); Murilo (Bruno, 20/1ºT), Nilton, Freitas e Lequinha; Wesley e Mota (Rafael, 24/2ºT). Técnico: Claudinho.
Competição: Campeonato Cearense (segundo turno) Estádio: Castelão, em Fortaleza/CE. Data: 24 de março de 2010 Árbitro: Avelar Rodrigo Renda: R$54.150,00 Público: 6.815 pagantes Gols: Fabrício (5/1ºT), Dinei (45/1ºT), Geraldo, (22/2ºT), Erick Flores (43/2ºT) Cartões Amarelos: Anderson, Arlindo Maracanã, Luizinho (CEA); Marcelo (LIM). Cartão Vermelho: Marcelo (LIM).
Informações: Diário do Nordeste (no caderno Jogada)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Limoeiro do Norte e Tauá são os primeiros a aderir ao projeto “Começar de Novo”

O projeto “Começar de Novo”, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), já tem os primeiros municípios do Ceará cadastrados. Tauá, na região dos Inhamuns, e Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, assinarão o termo de cooperação, em parceria com a Secretaria de Justiça do Estado, na próxima segunda-feira (29/03), no auditório do Tribunal de Justiça, em Fortaleza.
O projeto nacional coordena as propostas de trabalho e de cursos de capacitação profissional de presos e recém saídos do sistema carcerário. O objetivo é sensibilizar órgãos públicos e sociedade civil para também se engajarem na iniciativa. Os homens e mulheres que cumpriram pena enfrentam dificuldades para entrar no mercado de trabalho e ainda sofrem com o preconceito, situações que facilitam o retorno à criminalidade.
Em Limoeiro do Norte, região conhecida pelos crimes de pistolagem, há uma cadeia pública e um presídio, ocupados por cerca de 100 detentos. Através do projeto, o procurador do município, João Batista Freitas de Alencar, disse que “a Justiça fornecerá a relação dos detentos aptos a participar do programa e a prefeitura buscará, junto às empresas locais, oportunidades de trabalho para eles”.
No município de Tauá haverá uma audiência admonitória (o juiz estabelece condições ao preso para o cumprimento do regime semi-aberto ou aberto), presidida pelo juiz titular da Comarca, Edson Ponte. Na audiência, os egressos poderão manifestar ou não a vontade de participar do Projeto.
Informações: Ceará Agora

terça-feira, 23 de março de 2010

Mestres do Mundo: Cartilhas do corpo e da voz

Reunindo mestres das culturas populares de vários estados brasileiros, o V Encontro Mestres do Mundo, em Limoeiro do Norte, foi espaço de troca e mostra de técnicas e saberes, além de evidenciar os muitos meios que os artistas do povo se valem para garantir a continuidade de suas tradições.
Gravada pela lei, a expressão "tesouro vivo" evidencia a riqueza dos saberes e fazeres da tradição popular. Ilustram a ideia de fortuna, algo maravilhosa e encantada, que é preciso descobrir. Substituiu outra definição que não caiu em desuso: a de mestre (da cultura). É nesta que se reconhecem os quase 60 titulados pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult) - o que é rico, para os mestres, é sua cultura, a tradição da qual são guardiães e promotores; e, para eles, não estão nada ocultos. A riqueza é para ser partilhada.
Mestre Lúcia aprendeu a manipular e dar formas ao barro ainda criança. Mestre Zé Pio se dedica há cerca de cinco anos à difusão do reisado. Logo abaixo, Mestre Bigode do Bacamarte. (Fotos: Júnior Panela / Felipe Abud)
A maestria os define: é o ponto de intercessão de manifestações culturais aparentemente tão distintas, que a umas caberia a definição de arte, enquanto outras precisaram ser pensadas na condição de ritual, de técnica ou de saber - caso do mateiro, que lê sinais na natureza tão qual outros mestres tradicionais, os profetas da chuva, grupo que ainda não teve integrantes contemplados pelo edital. (Não é o único ponto de contato: sonoridades afrodescendentes despontam num canto de origem indígena; passos de uma dança remetem à Idade Média europeia, enquanto tratam do universo da mata nordestina...).
O mestre é aquele que sabe, aquele que faz. Centro de uma cultura que sobrevive graças a ele, pois tem nele a ligação com o passado. E é ele quem aponta para o futuro, indicando a direção aos mais jovens, para a continuidade daquele saber.
No V Encontro Mestres do Mundo, que aconteceu no final de semana passado (de 17 a 20 de março), em Limoeiro do Norte, se viu que, aí também, na condição daquele que tem algo a legar, os mestres se diferenciam. Não é apenas as artes que são distintas, também o são os meios utilizados por cada um deles para garantir que elas sejam transmitidas e apropriadas pelas gerações mais jovens, que lhes garantam a sobrevivência. Métodos distintos, identidade.
Aprender é fazer
Lúcia Pequeno, mestre louceira de Limoeiro do Norte, conta que aprendeu a manipular e dar formas ao barro ainda criança. "Todo mundo em casa fazia. O pai de minha mãe, meu pai, minha mãe... Minhas irmãs também fazem, tem tia minha que faz", conta a artista, que há 50 anos produz peças feitas de barro extraído na própria comunidade.
Na casa de Lúcia não lhe restou nenhum aprendiz. Tem dois filhos, homens, e, apesar de seu pai também trabalhar com barro, hoje a atividade que desenvolve é praticada predominantemente por mulheres de sua comunidade, Córrego de Areia (localidade afastada de Limoeiro). "Só irmão meu faz. Aqui em Areias tem um senhor que também faz, que é um tio meu. Antigamente não tinha quase emprego, e a pessoa era obrigada a trabalhar com o barro, para vender na feira do Limoeiro", diz.
Hoje, o trabalho das louceiras do Córrego de Areias têm trabalhos comercializados na Ceart, em Fortaleza, e já encontraram compradores estrangeiros. Mudam os locais do comércio das peça se, com eles, o repertório de peças produzidas. A forma de fazer permanece - em suas técnicas essenciais, já que há variações de instrumentos utilizados, de acabamento e de formas produzidas. Mais que a peça, é este saber fazer que é transmitido. "Pra aprender, a menina tem que ficar do lado, prestando atenção. Vai mexendo com barro e depois eu vou dizendo como é que tem que fazer. Tem que amassar o barro com o pé, depois faz com a mão e deixa endurecer, para depois deixar bem lisinho, usando os instrumentos. Para alisar a peça, eu uso o cabo de pente. Depois leva pro forno, por umas quatro horas. Do jeito que se ensina um aluno, a gente ensina também", conta Lúcia Pequeno, quem já fez as vezes de professora para uma sobrinha.
É assim também, ficando do lado, olhando e, aos poucos, arriscando a fazer que se forma um penitente. A Ordem de Penitentes de Barbalha, que congrega homens que cantam benditos e praticam rituais de autoflagelação para remissão dos pecados do mundo, supera os 100 anos de existência com uma transmissão de saberes baseada na experiência conjunta. Mestre Severino, decurião (líder) da ordem, explica: "o penitente aprende os benditos ouvindo, acompanhando os mais velho. Com tempo ele canta uma coisinha e vai aprendendo".
Estima-se que a ordem de Seu Severino tenha cerca de 180 benditos em seu repertório, confiados apenas á memória do grupo. "Precisa ter uma 'ideia' boa pra aprender. Porque é muita coisa pra gravar, como tenho aqui no meu juízo", explica. O ritmo dos benditos, repetitivo, e as repetições dos próprios versos contribuem para os processos de memorização.
Ensaio
Zé Pio, pescador aposentado e mestre do reisado, tem atenção especial ao ensinamento de sua arte. Há cerca de cinco anos, dedica-se exclusivamente à manutenção e transmissão da tradução. No bairro Goiabeiras, em Fortaleza, ele atende mais de 30 jovens. Eles aprendem os cantos, as danças e as brincadeiras do reisado. Zé Pio acredita no ensaio. As reuniões são periódicas e cada aprendiz, conforme o nível que se encontre, tem atenção especial do mestre, que ajuda a moldar o saber que terminará por se manifestar na apresentação.
"Não importa se é criança de três anos (idade em que o mestre começou a brincar) ou se é um velho de 100 anos. Esse é um brinquedo bom. A gente faz por amor a nossa cultura", ressalta. Mestre Zé Pio defende que o Estado contribua para, com incentivos para os alunos, para que o reisado se perpetue. "Tem que ter uma bolsa pra incentivar os alunos. Eles acham que não ganham nada na brincadeira. Quando ganho cachê, é tão pouco se demora tanto a aparecer o dinheiro que não tem como dividir com eles. Só que sem meus brincantes eu não sou nada, nem eles sem eu", defende.
Gilberto Augusto, Mestre Gil, de Piquete (SP), cidade do Vale do Paraíba, quebra a cabeça pensando soluções na transmissão da tradição do Jongo. Diretor de escola pública, ele atua em diversas frentes. Para a sala de aula, ajudou a produzir um material didático de apoio, para compreensão da comunidade Quilombola de Piquete. O mestre também tem que estar disposto a aprender com os mais novos.
"Não é preciso abandonar o novo para cuidar do tradicional", acredita. Ele ilustra sua sentença: "Como você vai falar de tradição pro jovem com tanta coisa sendo oferecida pra ele (celular, internet, televisão etc)? Eu uso estas mesmas coisas! Você filma com o celular, então filma nossa dança e coloca no Youtube. Quem sabe fazer blog? Faz um blog do Jongo, cria uma comunidade no Orkut do Jongo de Piquete". Para ele, a tecnologia não é vilã, mas uma aliada na transmissão de um saber que está intimamente ligada à identidade daquele grupo. Mestre Gil passa longe dos discursos apocalípticos, que veem em outras manifestações ameaças a permanência da tradição. "Quer dançar funk? Deixa os meninos dançarem funk. Mas que eles dancem o Jongo também", opina.
O jornalista participou do Encontro Mestres do Mundo como coordenador da Roda do Sagrado (ao lado do prof. Wellington Jr., do curso de Comunicação Social da UFC). Ele viajou a Limoeiro do Norte à convite da produção do evento.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem: Dellano Rios
Fotos: Júnior Panela / Felipe Abud

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dia de refletir sobre o uso da água

No Dia Mundial da Água, a população se reúne para refletir sobre o tema. Há comemorações em Limoeiro do Norte e na região do Maciço de Baturité. O Ceará tem 73,5% de água acumulada nos 132 açudes.
Em todo o mundo, hoje é dia de refletir sobre um dos bens mais fundamentais do planeta. No Dia Mundial da Água, comemorado neste dia 22 de março, várias instituições no Ceará estão celebrando o tema e aproveitando para discutir sobre o assunto. Nesse fim de semana, principalmente, em que as águas recomeçaram a cair no Ceará, a população pôde perceber a falta que ela faz.
Em Limoeiro do Norte a Barragem das Pedrinhas é, a um só tempo, lugar para descanso, animação, pesca ou só um contemplar da paisagem, seja dia de sol forte ou noite de luar. (Foto: Alex C. Monteiro)
O município de Limoeiro do Norte encerra hoje a reunião promovida pelo Fórum Microrregional de Convivência com o Semiárido do Vale do Jaguaribe. Desde o dia 15, organizações da sociedade civil, movimentos sociais e instâncias governamentais estão se encontrando na Semana da Água.
O momento é para refletir e propor alternativas para os problemas estruturais da região Jaguaribana. A região concentra mais da metade da água acumulada no estado do Ceará. A bacia do Jaguaribe inclui o Alto, Médio e o Baixo. O açude Castanhão, o maior do Estado, tem capacidade para armazenar um total de 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. É localizado na cidade de Alto Santo.
AÇUDES DO CEARÁ: SITUAÇÃO HÍDRICA
Fonte: Cogerh
- Segundo o site da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), que monitora 132 açudes do Estado, o volume hídrico do Ceará está em 73,5%. São mais de 13,1 bilhões de metros cúbicos de água acumulada.
- A capacidade total de acúmulo de água do Ceará passa dos 17,8 bilhões de metros cúbicos.
- O maior açude do Estado, o Castanhão, está com 72,7% de sua capacidade. O Orós acumula 83,7% do 1,9 bilhão de metros cúbicos de água que pode armazenar.
Acarape do Meio (Redenção) 70,5%
Aracoiaba 91,6%
Araras (Varjota) 73,6%
Ayres de Souza (Sobral) 66,7%
Banabuiú 76,2%
Castanhão (Alto Santo) 72,7%

Cedro (Quixadá) 27,7%
Forquilha 73,3%
Gavião (Pacatuba) 93,8%
Orós 83,7%
Pacajus 86,6%
Pesqueiro (Capistrano) 86,3%
Salão (Canindé) 54,7%
Souza (Canindé) 66,6%
Tijuquinha (Baturité) 90,3%
Informações: OPOVO Online e Cogerh

Quixadá vence e deixa o Limoeiro preocupado

Gol no segundo tempo deixa o Limoeiro em situação cada vez mais complicada em relação a permanência na Primeira Divisão.
Jogando no estádio Abilhão na tarde deste sábado (20/03), o Limoeiro Futebol Clube amargou mais uma derrota no Cearense 2010. Com um gol sofrido aos 30 minutos do segundo tempo, o Limoeiro perde para o Quixadá pelo escore mínimo, e liga de vez o sinal de alerta sobre o rebaixamento da equipe.
No primeiro turno, jogando em casa, o time limoeirense sofreu uma virada histórica e perdeu por 4 a 3, depois de estar vencendo por três gols de diferença, em pleno Bandeirão. Os destaques do jogo foram os ex-jogadores do Limoeiro, Samy e Preto, que fizeram diferença ao entrar no segundo tempo.
Veja como foi: Limoeiro 3x4 Quixadá
Falta apenas 4
Faltando apenas quatro jogos para o Limoeiro FC no campeonato, a situação da equipe fica cada vez mais complicada em relação a permanência na Primeira Divisão.
Mal das pernas, o Jaguar do Vale ainda busca sua reabilitação na competição, e nos jogos restantes enfrenta o Ceará (24/03) e Ferroviário (07/04) fora de casa, Itapipoca (28/03) e Horizonte (04/04) em casa.
De cara, logo na próxima rodada, o Limoeiro vai até Fortaleza, onde enfrenta o Ceará nesta quarta-feira (24/03), às 20:00, no estádio Castelão.
Com 16 pontos somados na classificação geral, o Limoeiro está empatado com Boa Viagem e Maranguape, porém, perde nos critérios de desempate e segura a lanterna da competição.
Importância de vencer em casa
Apesar da importância de vencer as duas partidas restantes em casa nesta reta final, o retrospecto da equipe no Bandeirão preocupa.
Diante de sua torcida, o Jaguar do Vale venceu apenas 3 dos 9 jogos disputados até o momento. Completando a campanha do Limoeiro no Bandeirão, tivemos 2 empates e 4 derrotas, como vemos:
Limoeiro 1x1 Guarany (S)
Limoeiro 2x2 Boa Viagem
Limoeiro 0x3 Crato*
Limoeiro 3x4 Quixadá
Limoeiro 3x2 Ceará
Limoeiro 1x2 Ferroviário
Limoeiro 0x1 Maranguape
Limoeiro 2x0 Fortaleza
Limoeiro 1x0 Guarani (J)

Mestres do Mundo: Tradição preservada

Mestres de várias partes do Brasil trocaram experiência. Oficinas passaram vivências para os mais jovens sobre a preservação da cultura popular.
Mestres da Cultura de todo o País movimentaram Limoeiro do Norte com seus diversos saberes. Em quatro dias, mais de cem artistas e brincantes das tradições populares visitaram Limoeiro do Norte. Pequenos pedaços do Brasil reuniram-se feito retalho que vira pano de boi bumbá, de várias cores e jeitos num pedaço do sertão que só não foi mais quente porque choveu no dia de São José, que lavou o terreiro da alma, revigorou a fé.
Depois de muito ciúme, devido a saída em 2008 para Juazeiro do Norte, o Encontro Mestres do Mundo voltou para a cidade onde tudo começou - Limoeiro do Norte. Para os espectadores, não deve sair mais. Para artistas como Mestre Bigode, mais importante que ‘onde’ é ‘de quem’, pois "a festa é nossa" - dos mestres, guardiões, tesouros, griôs ou que nome se dê aos mantenedores das tradições populares culturais. O evento reuniu muita gente curiosa dançando o reisado, lembrando de antigamente, seja pela vivência ou pelo que contaram os mais velhos. Aboliu-se o palco armado estilo comício eleitoral e banda de forró. O largo tablado de madeira deu o tom da nova estrutura, feita para respeitar as brincadeiras, reisados, fandangos e cirandas.
A V Edição dos Mestres do Mundo, realizada em Limoeiro do Norte, reuniu mais de cem artistas e brincantes das tradições populares. Oficinas, shows, relatos orais marcaram o evento.
E não faltaram avós no Encontro dos Mestres, estes com idade média perto dos 70 anos. Eram eles e os netos, gente vinda de vários cantos do Ceará para conferir e participar da festa, onde havia um mundo de mestres, mas só brasileiros. Pela primeira vez faltou mestres estrangeiros no encontro que se pretende internacional.
A programação do evento teve três momentos distintos: as manhãs eram dedicadas às Rodas de Mestres, troca de saberes e fazeres de suas tradições e vivências; as tardes eram acompanhadas pelos relatos de experiências e durante as noites as apresentações artísticas no Palco Mestre e no Palco Brincante, este um espaço alternativo para os grupos novos que cultivam as tradições culturais.
Lourdes Macena, presidente da Comissão Nacional de Folclore, foi a responsável pela mudança do evento de Juazeiro para Limoeiro. "Estavam devendo isso a Limoeiro. A quantidade de mestres aumentou. O encontro está se solidificando na valorização das manifestações tradicionais. O evento dá visibilidade a essa vertente, de fomento aos mestres, que fazem a produção do patrimônio cultural, aos tesouros vivos", assinala.
O Patrimônio Cultural esteve sempre na pauta. Jovens do município participaram, por três dias, do curso Patrimônio para Todos, extensão da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, de Fortaleza, que discute a preservação patrimonial como instrumento de identidade, singularidade e autoestima da população. Em miúdos, conhecer, entender e registrar, para não perder. Gravação em audiovisual, fotografia e textos foram produzidos pelos jovens com idades entre 14 e 16 anos. Para Lourdes Macena, a educação patrimonial é o eixo principal para o sentimento de identidades e tradições.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
Apresentação dos Irmãos Aniceto
(YouTube, com imagens de Felipe Abud)

sábado, 20 de março de 2010

Cirandas, cocos e frevos em Limoeiro do Norte

O município de Limoeiro do Norte, situado no Vale Jaguaribe, encerra a quinta edição do Encontro Mestres do Mundo trazendo ao Palco Mestre da Praça Matriz o som pernambucano de Siba e a Fuloresta, neste sábado (20/03), a partir das 21:30h.
Conhecido por integrar o extinto grupo Mestre Ambrósio, contemporâneo da cena mangue beat da década de 90, o rabequeiro Siba Veloso uniu-se a veteranos músicos de Nazaré da Mata - uma pequena cidade com 30 mil habitantes, distante 65km da capital Recife - a fim de colocar num mesmo balaio a tradição da cultura popular e a pós-modernidade.
Siba e a Fuloresta faz show pela primeira vez no Ceará. O grupo pernambucano encerra a programação do V Encontro Mestres do Mundo em Limoeiro do Norte.
No cenário desde o ano de 2002, Siba e a Fuloresta já realizaram turnês pela Europa entre 2004 e 2006 e, no mercado, já possuem dois CDs: Fuloresta do Samba e Toda Vez Que Eu Dou um Passo / O Mundo Sai do Lugar. No repertório, muita poesia, cocos de roda, ciranda, frevos, tudo isso misturado a guitarras, pianos elétricos, dubs e uma afiada orquestra de sopro.
Informações: OPOVO Online

A reinvenção da roda

Em grande estilo, numa animada brincadeira de roda, termina neste sábado o V Encontro dos Mestres do Mundo, realizado anualmente pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, na cidade de Limoeiro do Norte.
A roda grande está saindo de dentro da roda pequena. Ela é trêmula e heterogênea. Da brincadeira, participam mestres, aprendizes e quem nunca tinha ouvido falar em Mestres da Cultura. No V Encontro dos Mestres do Mundo, que se encerra neste sábado (20/03), acontece, nas rodas de mestres, seu maior momento de interação. "Você faz que é como um terreiro, só que não é. Mas é", retruca José Pio, de Fortaleza, referindo-se às salas com os mestres das modalidades de sons, oralidade, corpo, mãos e sagrado. A primeira roda já inventada pelo homem, a da cultura, transforma-se e no meio do terreiro. Os saberes e fazeres são transmitidos para as novas gerações.
Em muitas comunidades onde vivem os Mestres da Cultura, a juventude tem vergonha, não quer participar das brincadeiras, dos reisados, ladainhas; mas na "Roda dos Mestres", a batucada, seja do tambor ou do pé no chão, mais parece uma injeção na veia. "Não tem como ficar parada", diz a estudante Gabriela Teixeira, 16 anos.
O evento também contou com a participação dos Irmãos Aniceto.
Se o mundo vai acabar, a profecia já estava musicada por dona Maria do Horto, de Juazeiro. A lavadeira que entoa as ladainhas ao Padim Ciço ecoou "Lampião de gás", música de sua autoria, para além das salas do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia, onde acontecem as rodas.
"Quando o mundo começou/ era um candeeirinho de luz/ é com ele que alumeia, o coração de Jesus/ Mas como vai ser bonito, os tempos velhos voltando/ nas cidades do Nordeste, os carros de boi cantando: lampião de gás". A ideia de dona Maria para a música começou com a seca do São Francisco e a população assustada com a falta de energia há uma década. Segundo dona Maria, "o lampião de gás é o que começou e o que vai permanecer". Ela ainda musicou que, quando o mundo der uma reviravolta, "a Cagece e a Coelce para sempre vão embora, mas o lampião de gás, esse fica na história...". O sonho da Mestre da Cultura é ver uma banda gravando sua música, "mas pagando os meus direitos e pronto, fico feliz".
Ponte
E pode ser curta a ponte entre sonho e realidade da mestra, se é verdade que o tradicional mais que antes virou elemento midiático. "Com a modernidade, o que não está na mídia é cafona. E está aparecendo agora uma nova moda, a cultura popular. Ela é o ‘de ponta’. O que é careta é não ser cultura popular. Ser bonito é ser como índio, como quilombola, como brincante. Antes era coisa de menino e de velho, agora tá ficando coisa de juventude", acredita o jornalista e sociólogo Oswald Barroso.
Memória
Entre mal e bem, Oswald defende que o interesse pelas manifestações culturais populares, pelos jovens, faz parte da manutenção dos saberes e fazeres. É quando entram a oralidade e a escrita como formas de retenção da memória. "A expressão oral, ou corporal, por assim dizer, é o que caracteriza as culturas tradicionais".
Mestre da Cultura também tem outro quase-sinônimo, hoje tratado como alternativa pedagógica de ensino das tradições populares. Grupos de brincantes e pesquisadores da Bahia defendem a Ação "Griô", termo da cultura africana que significa "aquele que transmite". "É a difusão de um trabalho de vivência da comunidade. Todos que trabalhamos com a oralidade somos mestres do saber popular. Preciso ter cuidado para não ser um oficinero, e sim um transmissor do saber do jeito que eu entendi, pelo que aprendi com meus mestres", explica Alcides Lima, representante da Ação Griô, de São Paulo.
Palco armado, poste com a luz reforçada, chão aguado e os bancos da igrejinha ao lado para não deixar os mais velhos em pé, e, na comunidade de Córrego de Areia, foi aberta a terreirada para mestre convidado. Fazendo as honras da casa, mestra Lúcia Pequeno, do artesanato em barro de Limoeiro do Norte. A comunidade rural teve a oportunidade de ver os já internacionais Irmãos Aniceto e dançou com as ainda pouco conhecidas "Dramistas de Quixeré".
As dramistas de Quixeré roubaram a cena durante a terreirada do Córrego da Areia, em Limoeiro do Norte.
Dramistas
Fazendo parte do Encontro Mestres do Mundo, a terreirada é a parte em que o mestre do lugar convida os mestres de fora, para que a comunidade conheça as artes. A pequena pracinha da comunidade, sem qualquer atrativo, virou a sensação da meninada. Viram as estripulias de seu Raimundo Aniceto e os outros irmãos do grupo. Dançaram, cantaram e riram com a dança do ataque das abelhas, do homem desinformado que vai tirar leite da colmeia.
Mas a cena foi roubada pelas dramistas de Quixeré, município vizinho. A peleja no verso das senhoras só não é maior do que a peleja para os mais jovens continuarem a manifestação. "Menino, é uma emoção tão grande, que se os filhos e netos da gente soubessem, nunca que deixariam isso morrer", afirma dona Maria de Fátima, só conhecida por "Maria de Ana de Manel". Este, seu esposo desde os 16 anos, é quem puxa o ritmo do drama com a viola nos braços.
Para outra dramista do grupo, dona Susana Rodrigues dos Santos, dançar o drama hoje é passar um filme de antigamente. "A gente pegava uma garrafa, um pavio, enchia de gás pra alumiar, colocava nuns troncos nos cantos do terreiro, botava uma madeira no chão pra dançar em cima. As mesmas que brincávamos quando criança são as que brincamos hoje", afirma a dramista, de 63 anos. De ontem para hoje, a diferença foi só a substituição da luz de garrafa pelos postes de luz elétrica. Mas a depender da profecia de dona Maria do Horto, de Juazeiro, ainda pode voltar a ser festa no terreiro só com lampião.
Neste último dia do Encontro, após a manhã de roda com os mestres, à noite acontece uma missa e apresentação da dança de São Gonçalo, da Mestra Expedita dos Santos, de Tianguá, seguida pela mestra Badia Alves, moda de viola de Goiás, e dos grupos Siba e a Fuloresta, de Pernambuco.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Fotos: Melquíades Júnior

Homem executado com sete tiros no Tomé

No início da manhã desta quinta-feira (18/03), por volta das 6:30h, foi vítima de homicídio à bala o Sr. José Ivanildo Freitas, nascido aos 25/02/1980, natural de Quixeré/CE, filho de Zacarias Cavalcante de Freitas e de Maria de Fátima Freitas, agricultor, casado, residente na localidade de Cercado do Meio, zona rural de Quixeré/CE.
O mesmo seguia na estrada carroçável, que liga as comunidades de Tomé e Cercado do Meio, nos limites dos municípios de Limoeiro do Norte-CE e Quixeré-CE, conduzindo a moto Honda FAN 2009, de cor azul, placa NRB-6938, tendo como garupeiro o Sr. Ednaldo Alves da Silva (cunhado da vítima), 34 anos, quando um homem de capacete, numa moto Honda BROS, de cor preta, de arma em punho, se aproximou dos mesmos e disparou contra o condutor, que veio a cair. Em seguida o criminoso mandou o garupeiro correr, e terminou de executar a vítima.
Segundo informações do perito, sete disparos atingiram a vítima na região da cabeça e do tórax, e provavelmente a arma utilizada foi uma pistola, de calibre ainda não identificado. Os Policiais Militares compareceram ao local, tomando as devidas providências e realizam diligências, no sentido de identificar e prender o autor do delito.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Uma dança de fé: Tambor de Crioula e o Manto de São Benedito, do Maranhão

O Tambor de Crioula e o Manto de São Benedito, do Maranhão, roubaram a cena na abertura do V Encontro dos Mestres do Mundo.
O tambor toca, tudo acorda. O gingado do corpo voluptuoso da negra (foto) espreguiça, o santo é homenageado, ou o preto velho e o rei de congado. O tambor chama a coreira, que dança, sapateia, requebra até que a batida de umbigos representa a "punga" e sinaliza o convite para outra assumir lugar em frente ao tambor grande. "Quando o tambor toca, a emoção... Ave Maria, nem sei, porque quando o tambor começa, meu filho, fervilha, o negócio vai me possuindo, eu me sinto no paraíso".
E assim vai se sentindo a Mestra Maria Cantanhede, do Tambor de Crioula e Manto de São Benedito, do Maranhão. No V Encontro dos Mestres do Mundo, em Limoeiro do Norte, as danças comandam: som, fé, história e raízes culturais.
"A minha cultura é centenária, um morre e o outro vai levando", conta a mestra Maria Cantanhede, de 66 anos. Enquanto o tambor vai passando de geração para geração, a dança resiste com a ginga de uma das manifestações folclóricas mais antigas do Brasil. O Tambor de Crioula é uma das maiores tradições do Maranhão. Afinal, no Brasil inteiro não faltaram senzalas ou quilombos, onde os negros bailavam, pagavam promessas e brincavam.
E pelo País danças, como a do Tambor de Crioula, foram se espalhando. Um exemplo é o congado, no Rio de Janeiro, que também tem as umbigadas, feito as "pungas" (espécie de samba de roda) das dançarinas, chamadas de coreiras - uma avisando para a outra de quem é a vez. E o círculo da dança parece uma roda de fogo flamejante, ritmada pelo tambor grande, o meião e o crivador, conhecido por perereca. A matraca, que o diga os adeptos da musicoterapia, dá o ritmo cadente. É a mestra quem libera a "punga" para outras mulheres entrarem na roda.
Durante a dança, em frente do tambor grande sempre tem um dançarino. O tambor de Maria Cantanhede tem mais de 60 anos. "Minha avó morreu, passou para minha mãe, e eu comecei a dançar com três anos de idade".
Há muito tempo ela é professora na Associação Cultural Tambor de Crioula e Manto de São Benedito, em São Luis, no Maranhão, um dos mais repletos de manifestações quilombolas. "Falam que começou em Alcântara, mas o primeiro tambor de crioula nasceu em Guimarães", pontua a mestra, mesmo esclarecendo que "nascer, nasceu mesmo na África, quando os 'colarinho branco' 'senzalavam' os escravos. A cultura negra é o tambor de crioula, outro não interessa", afirma a herdeira da cultura do Quilombo de Frechal, no Estado do Maranhão, reduto de uma das maiores miscigenações de raças do país.
Durante o V Encontro dos Mestres do Mundo, as danças comandam a festa: som, fé, história e raízes culturais estão em evidência no gingado voluptuoso do corpo da dançarina. (Foto: Melquíades Júnior)
Cultura secular
O tambor de crioula traz o manto para São Benedito, "que é preto e gosta de tambor". É a cultura secular do povo quilombola que resiste, e a fé que mistura catolicismo e tradições africanas, um sincretismo religioso que intercede corpo e alma. "O tambor é raiz, ninguém tira, tem que estar no sangue", conta a mestra. "A dança popular é a dança do lugar, a dança de cada um. A dança do Maranhão também é do Ceará. Somos mestiços, então toda dança brasileira é nossa. O Brasil é o país das danças, das manifestações", afirma a pesquisadora Graça Martins, dançarina e membro da Comissão Cearense de Folclore.
Os brincantes dançam com o corpo e com a fé, seja a São Benedito, a um preto velho ou a caboclos como Antonio Luis Corre Beirada, conhecido dos umbandistas. "A maioria das danças tem origem religiosa, assim temos o bumba-meu-boi, o pastoril, pois mesmo a dança que se faz profana também é religiosa", explica Graça Martins.
São Gonçalo
Se o tambor de crioula do Maranhão também 'pertence' ao Ceará, mais ainda se pode dizer do culto a São Gonçalo, "um santo bom como os todos", costuma definir o Mestre Joaquim Ferreira da Silva, de Quixadá. "A gente viaja, tira longe pra dançar. Alguém tem uma promessa a pagar a São Gonçalo, aí chama a gente. Chegamos na sexta-feira, pra dançar no sábado, que não dançamos em outro dia. Nos dão o (dinheiro) da ida e da volta, e pagando o do sabão, que é pra lavar as roupas que ficam tudo sujas depois da dança tá bom demais. A gente faz porque gosta", esclarece o Mestre, que nasceu e difunde a manifestação folclórica na comunidade de Sítio Veiga, na Serra do Estevão, em Quixadá, que tem mais história: foi porto seguro de escravos fugidos. Após anos de luta para o reconhecimento, o povo comemora a inclusão do lugar como uma autêntica comunidade quilombola, remanescente dos quilombos. É a São Gonçalo que agradecem, pois como diz a contaria do grupo, "é um santo muito milagroso. É de Deus amado e de todo o povo. Quem a São Gonçalo serve, será servido. É de Deus Amado. É de todo o povo".
Com um tambor pequeno na mão, o mestre Joaquim Ferreira da Silva participa da Roda do Corpo (que divide espaço com as rodas da Oralidade, do Sagrado, das Mãos e dos Sons) nas manhãs do Encontro dos Mestres do Mundo, reunindo mestres da cultura popular das danças daqui e alhures, como Andréas Hamester, do Grupo Folclóricos de Estrela, entidade que divulga a cultura alemã, na região do Vale do Taquari, região central do Estado do Rio Grande do Sul. "A cultura alemã é forte na nossa região, e o Grupo Estrela mantém há 43 anos o trabalho, atualmente tem 450 dançarinos, mais de dois mil ex-dançarinos. Já estivemos em 14 países, entre América Latina e Europa", diz instrutor, que participa do encontro dos mestres.
Tambor de Crioula, do Maranhão, atração do primeiro dia dos Mestres do Mundo: cultura secular dos quilombolas misturando o profano e o sagrado. (Foto: Felipe Abud)
As manifestações culturais no sul do País são tão diversas que, para Andréas, "incomum são as manifestações brasileiras. O Rio Grande do Sul tem 14 colônias de diferentes países europeus. Então para nós diferente mesmo são a comida, as vestimentas, a cantoria, as danças brasileiras. Tenho cinco mil quilômetros de distância da minha cidade até Limoeiro do Norte, isso é muito, com mais cinco mil quilômetros eu estaria na Europa (risos), então é muita coisa diferente no meio disso", afirma. E se para os mestres e brincantes cearenses e mesmo maranhenses a transferência dos saberes e fazeres tem tido maior resistência dos mais jovens, não é o que acontece no Sul, segundo Andréas.
"Se muitos jovens aqui não participam, tem que abrir o olho corre-se o risco de se perder muita coisa ao longo de uma geração. Na minha cidade, temos uma expressão fortíssima de crianças que participam. Dos 450 dançarinos, cerca de 300 são crianças ou adolescentes. A média de dança é próximo de 15 anos de idade", esclarece.
Mas para Maria Cantanhede, enquanto o tambor tocar, ninguém vai parar. "Nem velho, nem criança, branco, preto, índio, hoje somos uma raça só, tudo é de todo mundo. Quando eu morrer, outra pessoa vai levando, e assim vai... O Tambor de Crioula e Manto de São Benedito, do Maranhão, dançou na primeira noite do Encontro Mestres do Mundo. Apresentação que, para mestra Maria, não deveria nunca terminar: "aí você ouviria cantar ´chega pra roda, mulher; chega pra roda, o tambor tá te chamando, chega pra roda mulher...".
Mais informações:
V Encontro dos Mestres do Mundo, em Limoeiro do Norte. Nesta sexta-feira (19/03), após a roda de mestres pela manhã, segue de 14h às 17h, Seminário sobre Políticas Públicas para Patrimônio Cultural. À noite, terá Dança do Coco, do Mestre Moisés, de Trairi, Samba Chula, da Bahia e o grupo Fandango Pés de Ouro, do Paraná.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cortejo e diplomação dos Mestres são destaque na noite de abertura do V Encontro Mestres do Mundo

Sons e cores se misturaram nas ruas de Limoeiro do Norte e deram o tom da abertura do V Encontro Mestres do Mundo, realizado na noite desta quarta-feira (17/03). Um cortejo com a participação de dezenas de Mestres da Cultura, banda de música e o Maracatu Reis de Paus saiu do Centro Cultural com destino à praça da Igreja Matriz. Lá chegando, os participantes foram recebidos com os aplausos da população que lotava as arquibancadas da arena montada no local. Eram adultos, jovens e crianças acompanhando algumas das principais manifestações da cultura brasileira.
A corte do Maracatu Reis de Paus continuou sua apresentação no palco, levando a riqueza da toada e das loas do maracatu cearense para o público. Em seguida, foi realizada a solenidade de diplomação dos novos Mestres da Cultura do Ceará, selecionados pelo edital da Lei dos Tesouros Vivos de 2009. Este ano, foram diplomados nove mestres e um grupo. Ao todo, o Ceará possui agora 59 Mestres da Cultura e três grupos oficialmente reconhecidos pela lei.
No Palco Mestre, Monarco e músicos da Velha Guarda da Portela encerraram a noite mostraram o ritmo contagiante do autêntico samba brasileiro.
Durante a solenidade, o Secretário da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Américo Córdula, louvou a iniciativa do Ceará em valorizar as figuras representativas da cultura local e destacou o fato de se estar reverenciando estas pessoas ainda ativas, mantendo e repassando suas tradições para as outras gerações. Já o secretário da Cultura do Ceará, Auto Filho, destacou o evento como o mais representativo encontro de cultura popular do Ceará, onde se valoriza a troca de informações e saberes dos Mestres entre si e deles com a população.
O talento de casa foi reconhecido pelo público com a apresentação de Mestre Chico, de Limoeiro do Norte, e as facetas multicoloridas do seu Boi da Faceira. A dança afro-brasileira foi representada com a força da percussão e a cadência da dança do Tambor de Crioula do Manto de São Benedito, do Maranhão. A noite terminou com o registro do autêntico samba brasileiro por meio de um dos seus mais tradicionais representantes, Monarco da Portela, acompanhado pelos músicos da Velha Guarda.
O V Encontro Mestres do Mundo segue até sábado (20/03), com uma ampla programação composta de Rodas de Mestres, relatos de experiências e apresentações de música, dança e diversas manifestações culturais.
Informações e Foto: www.mestresdomundo.art.br