segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Lentidão para construir aterro sanitário

Unir recursos e gestão para garantir a qualidade da saúde humana, do meio ambiente, por meio de um consórcio intermunicipal para substituir os lixões em aterros sanitários. O chamado "consórcio do lixo" foi projetado em 2008, em janeiro de 2009 formada a diretoria e, passado um ano, os avanços práticos não acompanharam os de planejamento.
O aterro sanitário dessa modalidade de consórcio será construído em Limoeiro do Norte, atendendo a 11 municípios da região jaguaribana, mas não há prazo de instalação.
Os lixões espalhados nos municípios reúnem desde problemas sociais a, principalmente, relacionados ao Meio Ambiente. Lixos domésticos, industriais e até hospitalares são espalhados a céu aberto. Em Limoeiro do Norte existe a seleção do lixo que possa trazer mais riscos à saúde, e o aterro sanitário é constituído de galpão para receber as mais de 20 toneladas de lixo diariamente. Não é o ideal, mas está em melhores condições que nos municípios de Quixeré e Palhano, também na região jaguaribana. Nestes, é possível encontrar remédios, seringas, e até lixo orgânico direto dos hospitais.
Em Ererê, o chorume, líquido resultante da decomposição do lixo, atinge o açude Santa Maria, que abastece a população daquele município. Há pouco mais de dois anos, os prefeitos jaguaribanos reunidos planejaram o que se prenunciava como o primeiro consórcio intermunicipal para a construção de aterro sanitário na região de Vale do Jaguaribe e Litoral Leste. Em reunião realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Limoeiro do Norte foi definida a diretoria do Consórcio Municipal de Aterro de Resíduos Sólidos - Unidade Limoeiro (Comares-UL), popularmente conhecido como "Consórcio do Lixo".
Também foi discutida uma série de assuntos relacionados à operacionalização do consórcio, visando à preservação do meio ambiente e à conservação do lençol freático da região compreendida entre os municípios de Alto Santo, Ererê, Iracema, Quixeré, Potiretama, Morada Nova, Palhano, Russas, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte e Limoeiro do Norte. Enquanto isso, a população continua a reclamar dos lixões que, principalmente na estação chuvosa, agridem a saúde e o meio ambiente. Uma consequência é o aumento do número de mosquitos, e os corredores de água formados pelas chuvas levam os resíduos sólidos para as calhas dos rios e mesmo para dentro das comunidades.
"Não está caminhando na velocidade em que a gente quer, mas todos os prefeitos já aderiram à parceria. O próximo passo é própria construção do aterro. Já organizamos os estudos e levamos para a Secretaria das Cidades, pois o governo do Estado é quem vai construir", explica João Dilmar, prefeito de Limoeiro do Norte e presidente da presidente do Comares-UL. A obra será construída na localidade de Café Queimado, na confluência entre Limoeiro do Norte e São João do Jaguaribe, o que vai facilitar o escoamento dos resíduos sólidos vindos de outras cidades.
O prefeito João Dilmar esteve no Rio de Janeiro visitando o Centro Tecnológico Usina Verde, que em caráter experimental já trata 30 toneladas de lixo urbano por dia e gera 440 quilowats/hora que tem sido consumido na própria unidade. A capacidade da usina é de tratar o lixo urbano gerado em uma comunidade de aproximadamente 50 mil pessoas, número próximo à quantidade de habitantes de municípios como os de Limoeiro do Norte e Russas. A usina ainda tem forno de incineração, caldeira de recuperação, sistema de lavagem de gases além de outros equipamentos. A intenção dos consorciados do lixo na região jaguaribana é seguir um modelo análogo de Usina Verde. Falta sair do papel.
QUESTÃO AMBIENTAL
Interior do Ceará tem 236 lixões
Lixão de Limoeiro é denominado de aterro sanitário pela população. Catadores esperam o início das obras.
Fica geralmente a dez ou 15 quilômetros dos centros urbanos os depósitos a céu aberto de lixo de todo jeito. A visita a esses locais aguça os sentidos, que o diga o olfato com a fedentina, e a pele com os mosquitos que não se incomodam de picar à vontade.
É a realidade comum para os catadores do Interior que, aproveitando material reciclável, colaboram para diminuir os impactos ambientais provocados pelos lixões. Somente o Ceará possui, atualmente, 236 lixões e um aterro sanitário, localizado em Caucaia. Mais dois estão em fase de execução - na Região do Cariri e no Complexo Trairi-Paraípaba-Paracuru.
São esses os únicos aterros, construídos em regime de consórcio intermunicipal. O resto são 236 lixões espalhados pelo Interior do Estado. Tem pelo menos 25 anos que Socorro Rodrigues é "despoluidora" do meio ambiente. Toda semana está no lixão de Limoeiro (que alguns insistem em chamar de aterro sanitário) removendo plásticos, papelão e ferro. Revende para reciclagem. Ouviu falar que será construído um grande aterro sanitário. "Tô esperando", resumiu. Além do impacto que gera ao meio ambiente, os lixões aumentam os riscos de doenças para os catadores. Socorro usa bota, luvas, chapéu, mas em Palhano, as pessoas catam o lixo "de qualquer maneira", sem equipamentos de proteção individual.
O aterro sanitário que atenderá de forma consorciada os municípios do baixo Jaguaribe deve ser construído pelo Governo do Estado. A Secretaria das Cidades é o órgão que atua diretamente com os municípios no planejamento, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento de Consórcios (IDC), com sede em Fortaleza. A preocupação dos órgãos de defesa do Meio Ambiente é a contaminação dos recursos hídricos.
Mais informações:
Consórcio do Lixo
Prefeitura Municipal de Limoeiro do Norte
(88) 3423.1165
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Fotos: Melquíades Júnior

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