sábado, 6 de fevereiro de 2010

“Tratorada”: Vendaval destrói 1.410 ha de banana

Para chamar a atenção das autoridades para o problema, os produtores fizeram um protesto em Limoeiro do Norte.
Após uma semana contabilizando os prejuízos, chega-se ao tamanho da consequência do vendaval que dizimou plantação de banana neste município: 1.410 hectares de banana destruídos e cerca de R$ 21,5 milhões que deixam de circular na região jaguaribana. Nesta sexta-feira (05/02), pela manhã, centenas de pequenos produtores do Agropolo da Chapada do Apodi realizaram uma "tratorada" pelas ruas de Limoeiro do Norte, para dar visibilidade ao problema e pedir apoio do Governo do Estado para atenuar os prejuízos, que deixaram milhares de desempregados.
É o sexto ano da devastação da produção de banana causada pelas chuvas de pré-estação acompanhadas de rajadas de vento na região da Chapada do Apodi, compreendendo Limoeiro do Norte e Quixeré. Uma só chuva derrubou 1.410 hectares de banana de 102 produtores, dos quais cerca de 70% são "pequenos". Estão desempregadas 1.128 famílias que vivem da produção de banana. Os dados são da Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (Fapija), dando conta, ainda, de que 2.820 empregos indiretos deixam de existir.
Problema
O problema começou a ser registrado em 2005, mas o prejuízo foi superado este ano. A "vítima" é sempre a banana do tipo pacovan, cuja árvore é muito alta e fina, pouco resistente aos ventos que chegam a 60km/h. Alguns produtores fizeram mudança do plantio para outros tipos de banana, como a prata anã. Mas a persistência no cultivo da pacovan se dá principalmente porque é esta cultura de banana a de maior aceitação no Nordeste. Segundo Aldair Gomes, produtor e gerente agrícola da Frutacor, a zona da mata pernambucana atua com 19 mil ha de banana pacovan em regime de sequeiro.
"A produção de lá acaba determinando a preferência por essa banana no Nordeste", aponta ele. Outro fator é o tempo de conservação da pacovan. É o tipo de banana que dura mais tempo nas prateleiras tanto de feiras livres quanto de supermercados, sem perder suas características. Os produtores acreditam que se houvesse pesquisa de melhoramento genético nessa cultura seria possível testar cultivo dela de menor porte, menos suscetível aos vendavais.
Reivindicação
Na reivindicação de ontem, em "tratorada" pelas ruas de Limoeiro, foi solicitada prorrogação dos prazos de custeios e investimentos, realização de novos custeios, criação de novas linhas de crédito, melhoramento da infraestrutura das estradas para escoamento da produção; projeto de pesquisa, com suporte a variedades de banana e novas culturas; reservatório de água na Chapada do Apodi (para reduzir o custo de energia com bombeamento); subsídio para os custos com energia e segurança na área do Agropolo.
O faturamento anual para cada hectare plantado chega a até R$ 15 mil, dos quais R$ 9 mil representam o custo, com pagamento de insumos agrícolas, funcionários etc. "Sem produzir, é nada menos que R$ 21,5 milhões que deixam de circular na região, é desde o pagamento de adubo ao mercantil na cidade", diz Raimundo César, presidente da Fapija.
Ajuda
"A maioria dos prejudicados são pequenos agricultores. Precisamos que o governo olhe pra gente" - Raimundo César, Presidente da Fapija.
Mais informações:
Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (Fapija)
(88) 3423.1386
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

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