O cosmonauta Marcos Pontes participou do VI Encontro Regional de Ensino de Astronomia, em Limoeiro do Norte.
"Oi, meu nome é Ítalo, tenho dez anos, e queria saber como você dormia sem sair flutuando dentro da nave"; "Eu sou Aline, tenho seis anos. Lá no espaço faz muito frio?". As perguntas das crianças eram para Marcos César Pontes, o primeiro brasileiro a viajar para o espaço. O astronauta brasileiro visitou Limoeiro, recentemente, durante o VI Encontro Regional de Ensino de Astronomia. Especialistas do ramo realizaram uma série de palestras e oficinas na cidade, que agora vive olhando para as estrelas. O maior alerta foi para a qualificação do ensino fundamental para a base do conhecimento científico e tecnológico.
Depois que bateu recorde de participantes na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), dentre os municípios brasileiros, Limoeiro do Norte tomou gosto pela área. Ou melhor, seus estudantes - notadamente de escolas públicas - passaram a olhar mais para as estrelas. Os livros didáticos de ciências não trazem informações mais que o comum, sobre o Sol, estrela que rege o Sistema Solar, e os satélites, como a Lua que gravita em volta do nosso planeta e que representa mais que uma bola brilhante no céu noturno.
Marcos Pontes fala sobre a importância da base educacional, durante o Encontro de Astronomia, realizado no Município de Limoeiro do Norte.
O que faz a diferença é o professor que, com materiais complementares, pode falar melhor sobre a Astronomia. Participar de uma olimpíada sobre o assunto foi o motivo primeiro para entender os astros. Mas se é o professor quem pode levar e estimular o conhecimento para os alunos, profissionais de instituições nacionais sobre a Astronomia criaram um evento para despertar esses professores, "para que eles possam sentir a importância do ensino da Astronomia, e com empolgação passar para seus alunos", diz o coordenador estadual da OBA e diretor do Planetário de Fortaleza, professor Dermeval Carneiro. Professores das escolas públicas municipais de Limoeiro e outros municípios do Vale do Jaguaribe acreditam ter saído com "outra visão" depois do VI Encontro Regional de Ensino de Astronomia (Erea), uma miscelânea de assuntos: palestra sobre explosões cósmicas, as ciências espaciais no século XXI, gravitação, cosmologia, astrobiologia e arqueoastronomia, esta que era o estudo da Astronomia praticado pelos povos pré-históricos, observadores dos astros muito antes da criação do primeiro telescópio.
Participaram do evento o professor João Braga, pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); Adelino Carlos e Fábio Stogmuller, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e professor Leonardo Ferreira, da Agência Espacial Brasileira. O professor João Canalle, coordenador nacional da OBA e da Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica, deu oficinas sobre montagem de foguetes e modelos de ensino da Astronomia. "Precisamos mostrar aos professores que eles podem entender sobre o céu, fenômenos como a formação da lua, e que isso pode ser repassado para os alunos, colocando Física e Astronomia juntas", explica João Canalle.
Na Praça José Osterne, no largo da Igreja Matriz de Limoeiro, exposição fotográfica do universo e telescópios montados eram vistos e tocados por crianças e adolescentes. Mas o adulto curioso também estava lá. O garoto Luis Bernardo queria observar Marte. Mas o céu parcialmente nublado não permitira. Então, o astro mais observado foi um filho de servente, mestre em engenharia de sistemas, que iniciou sua carreira profissional como eletricista aos 14 anos de idade, Marcos Pontes, o primeiro cosmonauta brasileiro.
CONSELHO DO ASTRONAUTA
Estímulo ao aprendizado
Em Limoeiro do Norte, o Projeto Noite nas Estrelas permite que os jovens façam observações astronômicas. "Para que eles acreditem neles mesmos, é preciso que focalizem em coisas úteis e produtivas". O recado de Marcos Pontes foi para professores em alusão às crianças que estes ensinam.
Em miúdos, a motivação desde cedo para realizar sonhos começa quando se estreita teoria e prática, e quando a meninada começou a pegar em telescópios e "apalpar" com os olhos as crateras da Lua até perderem o medo de Ciências, Física e da palavra Astronomia. O principal instrumento tem sido a Olimpíada Brasileira de Astronomia, levando o assunto para conhecimento de professores e alunos para além dos livros didáticos de ciências.
A Olimpíada Brasileira de Astronomia existe há 13 anos. Participam escolas públicas e privadas, com alunos do primeiro ano do Ensino Fundamental até o último do Ensino Médio. Ao final, todos os estudantes recebem um certificado de participação, bem como os professores e os diretores escolares envolvidos no processo. Os alunos passaram a exigir informações além das oferecidas nos livros didáticos de Ciências, que geralmente dão pouco espaço para a Astronomia.
Enquanto se aumenta o número de participantes nos vários municípios do Ceará, o coordenador estadual, Dermeval Carneiro, alerta para a qualificação dos participantes, intenção principal do Encontro Regional de Ensino de Astronomia (Erea). É a segunda vez que o Ceará sedia o encontro, que reúne professores de vários Estados. Em Limoeiro, existe um Núcleo de Astrociência, e as comunidades rurais são visitadas pelo Projeto Noite nas Estrelas, com palestra e, também, observação astronômica.
De acordo com o coordenador nacional da OBA, professor João Canalle, a intenção da olimpíada é ser mais do que uma prova escrita. "Tem levado as escolas a tratarem da Astronomia como não haviam antes", afirma. Até o fim do ano serão distribuídas 20 mil lunetas em escolas de todo o País.
Diante da constatação de que o Brasil pode não ter um crescimento maior pela carência de mão-de-obra qualificada, principalmente na área de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes defende que, antes de haver um Ensino Superior de excelência nesse setor, "é necessário que haja forte investimento na educação de base. É lá que começa a se formar o sonho, é acreditar na qualificação do Ensino Fundamental", comentou.
No início da visita, Marcos Pontes era o assediado "popstar" que foi para o espaço, apareceu na televisão e tornou-se famoso. E de repente ele estava ali, tão perto. Mas, ao final de sua palestra de duas horas e meia, encerrando o Encontro Regional de Astronomia (Erea), os conhecimentos aplicados e a narrativa de sua história de "simples" estudante a especialista e astronauta internacional, com várias responsabilidades, revelaram o sonho alcançado pelo tenente-coronel Pontes que, não de repente, tinha ido tão longe, agora mais admirado para além dos dez dias que passou em órbita da Terra. "Eu só cheguei aonde cheguei por causa da educação, por causa dos meus professores", afirmou.
Ele ingressou e liderou a esquadrilha de caças na Academia da Força Aérea, foi selecionado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e representou o Brasil em projeto da Estação Espacial Internacional.
Mais informações:
Secretaria Municipal da Educação Básica de Limoeiro do Norte (Semeb)
(88) 3423.1519
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Fotos: Melquíades Júnior
Um comentário:
Muito bom para o nosso Limoeiro essa visita. Mas eu queria perguntar: porque Limoeiro está tão imunda? porque a cidade está tão cheia de mato e entulhos? não há dinheiro para a Secretaria responsável tomar as providências? que feia tá a minha cidade. Sempre que vou a Limoeiro fico triste em ve-lo tão sujo. As ruas cheias de restos de arvores e entulhos. Autoridades responsáveis tomem providências. O BLOG DEVIA MOSTRAR UMA REPORTAGEM SOBRE ISSO.
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