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segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Animais mortos de forma desumana no Matadouro Público de Limoeiro do Norte
Animais mortos a machadadas ou marretadas, agonizando e lutando em vão contra a morte é apenas a principal evidência de uma série de irregularidades no Matadouro Público de Limoeiro do Norte. Na noite de sexta-feira (07/08), preparando para o abastecimento do açougue e frigoríficos da cidade, os animais são mortos e, com raras exceções, todos os processos, da depilação aos cortes, é realizado no chão encharcado de água, sangue e restos de fezes e vísceras. A pistola usada no abate está quebrada há mais de seis meses. O esgoto do local ainda deságua e contamina o Rio Jaguaribe. (Foto ilustrativa: Alex Pimentel)
Quem entra no matadouro público de Limoeiro do Norte, se não for de bota, provavelmente sairá com os pés encharcados de sangue e do que vier no chão sujo. O corte da carne, desde a retirada das vísceras, é realizado ali mesmo. Os animais chegam ao local e, contrariando a orientação para a carência de até 24 horas para o abate, em um mínimo de horas já estão sendo mortos.
Na noite de sexta-feira (07/08), 25 porcos foram abatidos. Aberta a porta do chiqueiro, um homem segura o bicho pelo rabo, outros dois esperam, com machado em punho, a aparição do animal pelo velho portão enferrujado. O primeiro homem solta o rabo, e o porco, pensando que vai fugir, é atingido com vários golpes. O animal cai, depois levanta, agonizando.
"Esse não levanta mais", diz um dos abatedores. Em compensação, ainda passa alguns minutos agonizando, contorcendo-se até a morte. Na primeira leva dos nove porcos, é feito o corte e a retirada do pêlo. "Outra vez eu estava cortando o bicho, aí a faca pegou mesmo no meu tendão, que quase perco a mão", conta seu Antônio Gomes. As vísceras do animal chegam às mãos de mulheres como a dona Auridênia Venâncio, há 15 anos trabalha na atividade. Ela trata os órgãos do animal no chão, sentada num banquinho, de vez em quando jogando um balde de água para afastar a sujeira.
"Aqui você não viu foi nada", diz Ana Lúcia Martins, há 14 anos trabalhando no matadouro. Mostrou "duas reses" condenadas atrás do prédio. Foram mortas, mas estavam doentes. No dia seguinte, são levadas para o aterro sanitário, onde são queimados os bichos que "não prestam".
Quem avalia os animais é o veterinário Endrego Girão. O profissional admite que "não são seguidas as normas de higiene", do abate ao transporte da carne, feito com carros não refrigerados. Os gestores públicos dos municípios de Limoeiro do Norte, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte planejam a concretização de um consórcio público intermunicipal para construir e gerenciar um matadouro seguindo as normas da Vigilância Sanitária, mas, por enquanto, o projeto do abatedouro está apenas no papel.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior
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