quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ato marca três meses do assassinato de Zé Maria

As ruas do Centro de Fortaleza receberão, nesta quarta-feira (21/07), um movimento diferente do vai e vem comercial dos transeuntes. Centenas de manifestantes, entre militantes sociais, religiosos e trabalhadores rurais, farão um ato público de protesto em lembrança aos três meses de morte do líder comunitário, José Maria Filho, de Limoeiro do Norte. A intenção é não deixar cair no esquecimento o caso que, antes de ser de polícia, é social, político e econômico. O ato em protesto à impunidade acontece de 8 as 11 horas e terá como ponto de partida a praça em frente à sede da Policia Civil, no Centro da Capital cearense.
Como o Caderno Regional antecipou na última segunda-feira, várias entidades ligadas às lutas do campo no Ceará, grupos religiosos, estudantes, pesquisadores de universidades e moradores de Limoeiro, farão protesto para exigir a "apuração ágil, imparcial e efetiva do crime, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público", diz a nota convocatória divulgada nesta terça-feira (20/07), pela manhã. Com faixas, cartazes e gritos de protesto, os manifestantes também pedirão a cooperação da Polícia Federal nas investigações. Esta intenção foi apresentada ao governador Cid Gomes, no mês de maio.
José Maria questionava, ainda, a apropriação das áreas rurais na Chapada do Apodi, como foto de 2007. (Foto: Melquíades Júnior)
Segundo o padre Júnior Aquino, pároco de Limoeiro do Norte, o protesto servirá para mostrar que os movimentos continuam acordados e fortes para que não haja impunidade. O "Zé Maria" foi morto no dia 21 de abril deste ano, numa estrada na Chapada do Apodi, em Limoeiro, a caminho da comunidade Tomé, onde morava. Conforme as informações da época, Zé Maria voltava para casa no horário de sempre depois de ter feito as compras no Centro de Limoeiro, onde também mantinha reunião com os grupos sociais que com ele combatiam o uso abusivo de agrotóxico, pela prática da pulverização aérea. Foi morto com 18 tiros, após perseguição, em que estariam envolvidos ao menos um carro e uma moto. O crime ainda não foi elucidado.
Naquela semana, ele e outros militantes sociais se preparavam para participar da audiência pública promovida pela Câmara Municipal de Limoeiro, que colocaria em votação emenda à lei que proibia a pulverização. Com a sua morte, a audiência assumiu contornos mais fortes, mas não foi o suficiente para, uma semana depois, a maioria dos vereadores de Limoeiro decidirem pela permissão da pulverização aérea. O fato aconteceu no momento em que acontecia uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado em que foi consenso que o Ceará enfrenta sérios problemas de uso indiscriminado de veneno nas lavouras.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

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