Alunos, professores e pesquisadores se reuniram, em Limoeiro do Norte, para debater sobre o meio ambiente. Aquecimento e desertificação colaboram mais para estragos durante as cheias. O volume de cheias e a rapidez com que as águas dos rios subiram não estão relacionadas somente com a quantidade de águas precipitadas em chuvas. O solo cearense está mais “nu”, devido ao acelerado processo de desertificação, por sua vez, influenciado pelo processo de aquecimento global, mas principalmente pela utilização predatória pelo homem.
Têm se formado no Interior verdadeiros núcleos regionais de desertificação. O assunto está na programação da Semana do Meio Ambiente, que tem encerramento hoje na maioria das cidades. Na ocasião, estudiosos alertaram para a preservação do meio. Em questão não somente o comportamento das comunidades locais, mas dos modelos econômicos de utilização do território.
A semana destinada à conscientização ambiental ganhou, por um lado, dimensão mais séria na região jaguaribana e, também, a atitude além do discurso. Estudantes, professores e pesquisadores de vários cantos do Estado reuniram-se no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, campus Limoeiro, para o alerta que ganhou mais significado depois da força que a natureza mostrou com suas águas. Todo cuidado com preservação é pouco.
E estudiosos alertaram para o aumento no processo de desertificação, o que aumenta a fragilidade do Estado com as chuvas que caem a cada ano. A professora Daniely Guerra, da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), unidade da Uece, diz que a desertificação também é acelerada pelo homem, um gerador do desequilíbrio ambiental.
“Os níveis de degradação no Ceará estão caminhando para a desertificação. E um dos principais atributos para identificar é a vegetação. Ela se comporta como um espelho do ambiente. As espécies arbustivas têm sido preponderantes em lugares em desertificação, além da própria homogeneização da vegetação. A jurema, por exemplo, é um indicador de degradação, pois não é uma planta exigente de solo e água”, explica a geógrafa Daniely Guerra, que desenvolveu sua pesquisa de Mestrado em áreas com processo de desertificação no Vale do Jaguaribe, delimitando-se no município de Jaguaribe, a 200km de Fortaleza, que está com 37,7% do seu território em processo de desertificação.
Segundo Daniely, as conseqüências desse processo são o aumento da fragilidade do solo. E quando não há vegetação natural afixada, o solo fica desprotegido tanto dos raios solares como das chuvas. Assim, as gotas de chuva incidem diretamente na superfície e saem com uma velocidade bem maior que o normal, e que tende a degradar mais ainda o solo. Além disso, também aumenta o escoamento superficial, a água carrega sedimentos com maior velocidade para a calha dos rios, favorecendo o assoreamento, um dos diretamente responsáveis pelo nível de cheia dos rios neste ano. A desertificação ocorre nas áreas de clima árido, semi-árido e seco, e naturalmente esses ambientes estão suscetíveis à desertificação. Os participantes arrecadaram donativos para os atingidos pelas enchentes.
Mais informações:
Instituto Federal do Ceará – Campus Limoeiro
(88) 3423.6900
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
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