domingo, 7 de junho de 2009

Depois da cheia, o recomeço

Depois da 'situação de emergência' provocada pelas cheias, municípios vivem o 'estado de perseverança'.
Depois da cheia, a esperança. O tempo “fechou” em março, e choveu, alagou, destruiu. O tempo reabriu em junho, daí apareceram o sol, o sorriso, e a situação de estrago do que estava debaixo d’água. Depois das enchentes no Ceará, ainda não veio a bonança, muito precisa ser reconstruído, reformado, repensado. Enquanto as águas baixam, o sertanejo levanta a cabeça. E já não é assim a vida toda? Depois da “situação de emergência” – em 132 municípios até 1º de junho — o “estado de perseverança”, que não precisa de decreto da Defesa Civil, mas da atenção do Poder Público, “como sem falta”.
Limoeiro do Norte: Devido às inundações, as pessoas utilizavam barcos para a travessia. Quem tentava andar de bicicleta, percebia que não era nada fácil.
O Interior do Ceará não viu tanta água em 21 anos de medições pluviométricas. Na zona norte, o município de Granja virou canteiro de limpeza, após as inundações nas ruas e distritos. Em Sobral, o Rio Acaraú chegou a 6,52 metros. Até poste a água arrancou. Dezenas de açudes arrombaram na região jaguaribana – 21 somente em Morada Nova.
Feito bomba-relógio, o Açude dos Gondins, em Icó, transbordou em direção aos conjuntos habitacionais. Somem-se casas, ruas, pontes, rodovias, prédios públicos destruídos ou danificados pela água. O depois disso é o refazer – para isso Estado e União liberaram R$ 88 milhões para o Ceará. “Ninguém sabe o que é pior, se quando chove e alaga tudo ou depois que as águas baixam, pois desde que voltei pra casa não paro de trabalhar limpando a sujeira que a chuva deixou”.
Limoeiro do Norte: Agora, com tudo seco, os moradores podem retomar seus hábitos, como andar de bicicleta pelas ruas da cidade.
Na casa de Francisca Regina, na Ilha de Santa Terezinha, em Limoeiro do Norte (entre os rios Jaguaribe e Banabuiú), parece que todo dia tem faxina, de tão frio ficou o chão de cimento, que passou mais de semana debaixo d’água. A lembrança está marcada na parede, a 90cm do chão. Ela não perdeu quase nada, levou móveis e eletrodomésticos para abrigo. Fez como 69.742 pessoas desalojadas ou desabrigadas de 94 municípios dos 101 atingidos por intensas chuvas.
Mas o cenário atual já é de melhora. Após travessia de barco, a reportagem flagrou a dona de casa Rosineide Lopes chorando por ter perdido a casa. Um mês depois, o flagrante é o sorriso espontâneo; não porque resolveu o problema – continua em abrigo – mas pela “certeza” de que vai conquistar tudo de novo.
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Fotos: Melquíades Júnior

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