quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Mais detalhes sobre a greve na Del Monte

Trabalhadores param atividades
Segundo o gerente jurídico da empresa Delmonte, Newton Assunção, o movimento grevista é ilegal
Limoeiro do Norte. Mais de 600 trabalhadores rurais da Chapada do Apodi, neste município, cruzaram os braços na manhã de ontem na fazenda da empresa multinacional Delmonte, exportadora de frutas. Na pauta, pedem mais refeitórios e auxílio alimentação, por meio de cestas básicas, e reclamam de baixos salários e prejuízos à saúde pela utilização de agrotóxicos. Os trabalhadores não informaram até quando vai ser mantida a paralisação.
A Delmonte Fresh Produce Brasil é produtora principalmente de abacaxi e melão, entre Limoeiro e Quixeré, e exporta para Estados Unidos e Europa. No início da semana houve paralisação de atividades nos setores de empacotamento e colheita de frutas. E ontem foi a vez de aderirem agricultores do setor de plantio, aumentando o número de trabalhadores que obstruíram a entrada da Fazenda Ouro Verde, onde está a empresa.
Sempre alvo de protestos de entidades trabalhistas, da saúde e dos que defendem a agricultura nos moldes agroecológicos, a Delmonte já sofreu, noutro momento, autuações do Ministério Público do Trabalho, que exigiu infra-estrutura e melhores condições para os trabalhadores rurais. A última fiscalização aconteceu no início do ano. E há dois meses uma equipe de pesquisadores recolheu amostras de sangue de trabalhadores que lidam diretamente com a manipulação de agrotóxicos para a lavoura.
Há três meses, trabalhadores reclamaram que os refeitórios eram insuficientes para atender a toda a demanda “Quando chega fiscalização, uma parte vai mais cedo para casa ou se esconde nos matos, aí cabe quem precisa no refeitório”, afirmou um jovem que trabalha na empresa, mas preferiu não se identificar. O movimento recebe apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro e Fetraece.
A empresa, que tem sede em Miami, nos Estados Unidos, há alguns anos atua na fruticultura cearense, sendo também responsável pelo aumento desse setor na pauta de exportações do Estado. Além do atraso na entrega das encomendas, pode haver prejuízo no apodrecimento das frutas, devido à paralisação do setor de colheita.
Segundo o gerente jurídico e de relações institucionais da Delmonte, Newton Assunção, o movimento grevista foi uma surpresa. “Não há qualquer negociação em andamento, não fomos comunicados previamente sobre a paralisação e estamos argüindo juridicamente a legalidade da greve”. Conforme ele, a empresa não foi comunicada com 48 horas de antecedência como prevê a legislação sindical. “Não ficou nenhuma ressalva na convenção do ano passado, nem pendências trabalhistas e ambientais. Não somos contrários à greve, somos contrários aos movimentos ilegais. Eles estão barrando a subida do ônibus da empresa na Chapada. Isso fere um direito constitucional. Não fomos procurados em momento algum antes da paralisação e estamos aberto ao diálogo”.
Fonte: Diário do Nordeste (caderno Regional)

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