sábado, 16 de agosto de 2008

Trabalhadores da Del Monte retomam atividades

O Tribunal Regional do Trabalho apresentou solução para o impasse provocado pela greve de trabalhadores.
Após 10 dias de greve e só com decisão judicial, trabalhadores rurais da empresa Del Monte Fresh Produce, multinacional agrícola instalada na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, retomaram desde ontem as atividades, conforme exigiu em despacho o desembargador José Antônio Parente da Silva, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região. Em contrapartida, o mesmo tribunal exige que a empresa forneça cesta básica aos trabalhadores, a principal reivindicação do movimento grevista.
A decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) pela retomada das atividades na Delmonte foi assinada no último dia 12, mas apenas ontem todas as partes envolvidas tomaram nota do documento.
O desembargador José Antônio Parente da Silva exigiu que os trabalhadores da Delmonte voltem “imediatamente” aos postos de trabalho, e que a empresa fica “obrigada a fornecer a cesta básica, sem prejuízo da concessão de outros benefícios, sob pena de multa de R$ 500,00, por trabalhador com freqüência regular que não receba o benefício”.
Por outro lado, para que tenham o direito de receber a cesta, os trabalhadores não podem faltar mais que dois dias “sem justificativa”.
Argumento
A greve, iniciada no dia 6 de agosto com mais de 600 trabalhadores, foi considerada ilegal pelo TRT no último dia 8, acatando argumento da empresa de que não teria sido avisada no prazo de 48 horas da decisão pelo movimento grevista. Os grevistas tiveram apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro do Norte, Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Ceará (Fetraece), Cáritas Diocesana e Movimento Comlutas.
Há vários anos instalada na Chapada do Apodi, de onde exporta abacaxi, melão e banana, essa foi a primeira vez que a Del Monte virou alvo de movimento grevista.
Em outras circunstâncias, grupos de mulheres agricultoras e de trabalhadores ligados ao Movimento dos Sem-Terra, Movimento Comlutas e Via Campesina interditaram a principal via de acesso do escoamento dos frutos do agropólo da Chapada do Apodi. O desembargador relator do caso pediu pressa no comprimento judicial da volta ao trabalho dos grevistas, já que os produtos em questão são perecíveis (frutas) e podem apodrecer.
Em nota, a direção da Delmonte Fresh Produce alega que a empresa “não conta com qualquer passivo junto às instituições públicas, sobretudo as ambientais, trabalhistas e sanitárias, a empresa foi tomada de surpresa por movimento paredista encetado por parte de seus trabalhadores, capitaneados por lideranças sindicais, sob cuja influência, tem praticado atos atentatórios à legalidade e à paz social”, disse.
Trabalhadores reclamaram também da carência de refeitório para o elevado número de trabalhadores, que almoçam por conta próprio e no meio do sol, entre as plantações e banheiro sem higienização.
Fonte: Diário do Nordeste (caderno Regional)

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