Portadores de necessidades especiais mostraram talentos durante evento promovido em Limoeiro.
A praça sempre foi pública, mas por um dia tornou-se um verdadeiro centro de inclusão social. Jovens excepcionais e pessoas com deficiência puderam mostrar o talento ou simplesmente conferir ações artísticas de seus iguais nos auditórios, centros e no meio da praça, com a diferença de serem, ali, os protagonistas sociais e culturais.
Em sua sétima edição, o Festival Regional das Pessoas com Deficiência reuniu, em Limoeiro do Norte, Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes), de pessoas com deficiência, autoridades e sociedade civil de 25 cidades do Vale do Jaguaribe e do Litoral Leste. A última edição será dia 18 de novembro, em Barbalha.
Preconceito
"A deficiência não é um problema, o seu preconceito, sim". O lema foi repetido muitas vezes pelos que estavam presentes no festival, como uma forma de entrar na mente das pessoas, como um exercício de cidadania: reconhecer o direito do outro. Como o direito de as crianças e adultos excepcionais terem escola, participar de atividades culturais, de acessibilidade e, principalmente, de reconhecimento de suas eficiências.
Peças teatrais, dança, música, coral, exposições artísticas, de quadros, artesanatos, cerâmicas. Tendas armadas como feiras para comercialização de pequenas obras artísticas, mas principalmente provas do esforço de entidades que, nos últimos anos, vem lutando pelos direitos dos deficientes e excepcionais. "Simplesmente emocionante, um resultado de tudo o que temos lutado, de repente mostrado aqui. Podemos mostrar a importância social da acessibilidade", afirma Arnete Borges, presidente do Conselho das Pessoas com Deficiência de Limoeiro do Norte.
Cidadania e Direitos: Festival reuniu associações e autoridades do Vale do Jaguaribe e Litoral Leste para mostrar o potencial de pessoas que, antes de tudo, merecem respeito. Contra preconceito
Uma luta que é travada diariamente por deficientes, excepcionais e suas famílias. Que o diga Raimunda Maria Dieta Lima, de Russas. Mãe de Lorrany Lima, de 14 anos, portadora de Síndrome de Down. "Tive que mudar completamente minha vida por causa dela, até de cidade mudei", afirma a mãe, não como lamento, mas com orgulho. O esforço foi ter que sair da zona rural em direção ao centro urbano, onde poderia encontrar os médicos que um dia virariam rotina na vida de Lorrany.
Pais dos excepcionais ainda lamentam a falta de atendimento especializado, como em neuropediatria, nas cidades do Interior. Família humilde ir para Fortaleza passar um dia inteiro para consulta, "e às vezes sem ter o que comer", é só um dos obstáculos, mas nem por isso intransponíveis. O maior problema ainda é o preconceito, inicialmente dentro da família.
A dona de casa Lúcia Maria Rebouças de Oliveira, mãe de Alaíde, de 15 anos, pode se considerar vencedora. Acompanhou a filha durante todos os instantes da apresentação do balé. Ambas nervosas, ansiosas, mas felizes e com brilho nos olhos.
A Apae de Russas, quando começou a funcionar, foi uma glória para nós", afirma, sem deixar de reconhecer que ainda hoje existem, na região, casos de famílias que prendem em casa, muitas vezes amarrados, os parentes portadores de deficiência física ou mental.
"Um dia a gente pensa que foi castigado por Deus, hoje a gente entende que foi escolhido", admite Raimunda Lima, da Apae do município de Russas.
Os festivais regionais para as pessoas com deficiência são uma realização do Governo do Estado, por meio do gabinete da primeira-dama do Estado, Maria Célia Habib Ferreira Gomes, da Secretaria da Cultura (Secult) e da Associação Para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceara (APDMCE), constituído pelas primeiras-damas municipais.
De acordo com Célia Costa Lima, primeira-dama de Limoeiro do Norte e presidente da APDMCE, "o trabalho conjunto em defesa das pessoas com deficiência representa um passo no combate ao preconceito. Eles mostram que são pessoas capazes e que não são inválidos".
Conforme o prefeito de Limoeiro do Norte, João Dilmar, o festival é um "recado" para os administradores municipais trabalharem com vistas na acessibilidade dos deficientes e na garantia plena de seus direitos. "Para apoiar essas instituições, o município está criando o Fundo Municipal do Deficiente, que vai alocar recursos para o desenvolvimento das políticas nesse setor", ressalta.
SUPERAÇÃO
"A sociedade tem entendido que todos são sujeitos, e o atendimento não é um favor, mas um direito".
Célia Costa Lima - Presidente da APDMCE e primeira-dama de Limoeiro do Norte
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
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