quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Em Limoeiro do Norte, bombeiros usam baldes para apagar incêndios por falta de equipamentos

A precariedade do bombeiros em algumas regiões do Estado é evidente. Faltam equipamentos básicos.
"Vidas alheias, riquezas salvar", é o lema do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará. E salvar as vidas alheias é uma tarefa tão difícil quanto maior é a carência de estrutura na corporação do Estado.
Fazendo os primeiros e, em muitos casos, os únicos socorros, os bombeiros no Ceará tentam preencher da falta de ambulâncias e socorristas nos hospitais públicos às demandas usuais, mas com um efetivo reduzido e carente de equipamentos.
Para atender a todo o Vale do Jaguaribe, o Corpo de Bombeiros de Limoeiro tem que apagar incêndio com baldes de água e no "tapa" com objetos que ajudem a apagar o fogo, às vezes sem sucesso.
A única ambulância do destacamento está deteriorada e pode parar a qualquer momento. Porém, o Comando Geral nega a falta de equipamento contra incêndio, carência comprovada pelos bombeiros, a população e a própria reportagem.
Dentre as muitas missões dos bombeiros, entre salvamentos no mar, nos rios, resgate de acidentes e atendimento de vítimas, combater incêndios é a ação mais específica desse profissional, treinado e que, ao menos teoricamente, possui os equipamentos para apagar diversas grandezas de fogo, o veículo auto-bomba tanque. Mas quando acontece um incêndio, florestal ou doméstico, no Vale do Jaguaribe, o combate é feito com baldes d'água, ou o que mais puder disponibilizar as vítimas e a vizinhança. Foi assim na madrugada do último dia 26, um incêndio de grandes proporções ocorreu no Centro de Limoeiro. O fogo em um terreno na frente de uma residência se alastrou, cercando as três pessoas que estavam em casa, o teto de um estacionamento desabou e o carro, incendiado, explodiu. A vizinhança desesperada tentava apagar o incêndio. O Corpo de Bombeiros foi acionado pelo 193, quando o militar de plantão disse que não tinha equipamentos para apagar. Mesmo assim, dirigiram-se à ocorrência e participaram da correria com a vizinhança indo e vindo com baldes da torneira de uma residência.
É a cena registrada em 2007 que se repete: bombeiros apagando fogo com balde d'água. O assunto foi manchete do Caderno Regional do dia 26 de julho de 2007, denunciando que, desde que foi instalado na cidade, o destacamento do Corpo de Bombeiros de Limoeiro não possuía estrutura para combater incêndio. Às pressas, no dia da publicação da reportagem, o comando geral, sediado em Fortaleza, destacou um veículo auto-bomba tanque para Limoeiro, além de roupas, botas e capacetes apropriados para o trabalho dos bombeiros de apagarem fogo. A solução foi paliativa: há um ano, desde setembro de 2009, o carro de combate a incêndio não é mais visto, muito menos utilizado pelo destacamento.
Por telefone com a reportagem, o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel João Vasconcelos Sousa, afirmou que existe carro de combate a incêndio no destacamento de Limoeiro: "Nós temos esse carro aí, que atende aos municípios, uma ambulância e um veículo de combate a incêndio". Ontem, o comandante foi avisado pela reportagem que o veículo não está funcionando há exatamente um ano. O capitão Cavalcante, comandante do Corpo de Bombeiros em Limoeiro, alegou na entrevista que precisava responder ao questionamento "com calma e pessoalmente", visto estar numa reunião. Porém, não retornou, conforme combinado, até o fechamento desta edição.
Desde 2007, usar balde de água para conter incêndios em Limoeiro é prática comum entre os bombeiros da região. (Foto: Melquíades Júnior)
O coronel Vasconcelos informou que existe um projeto de construção da sede do quartel em Limoeiro - o destacamento funciona numa casa alugada. "O Corpo de Bombeiros passou um período de concursos, e o Governo do Estado aumentou em 300 membros do efetivo. Destes, 150 foram para o Interior, e Limoeiro foi contemplado", garantiu.
Durante o ano de 2009 foram registradas 545 ocorrências do Corpo de Bombeiros de Limoeiro, dos quais foram 267 acidentes de trânsito e 31 focos de incêndio, alguns contidos com baldes d´água, desde a ausência de equipamento apropriado. "São vários municípios que nos acionam, e a gente vai porque a nossa função é guardar vidas", afirmou um bombeiro (identidade preservada), lamentando o estado precário da ambulância para "todo tipo de ocorrência" e a falta do veículo adequado para combater incêndio.
Registros
545 Ocorrências foram registradas pelo Corpo de Bombeiros de Limoeiro, no ano de 2009. Dessas, 267 acidentes de trânsito e 31 focos de incêndio, alguns contidos com baldes d'água.
Efetivo
"O Corpo de Bombeiros aumentou em 300 membros o efetivo. Destes, 150 foram para o Interior". João Vasconcelos Sousa - Comandante geral do Corpo de Bombeiros.
Mais informações:
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará
(85) 3101.6050
Emergência: 193
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Fotos: Melquíades Júnior
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