segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Violência compromete campanhas eleitorais

Ministério Público e Justiça Eleitoral aumentam o rigor contra a corrupção eleitoral e o fanatismo político.
Dinheiro e poder. A campanha eleitoral no Interior do Estado esquenta do litoral ao sertão. Atentados à vida, brigas nas praças e até de candidatos dentro de delegacia, sabotagem em comícios, divulgação de pesquisas falsas, perseguições ao voto dos eleitores na calada da madrugada, muitos são os artifícios usados por candidatos a prefeitos e vereadores em cidades do Interior para vencer as disputadíssimas eleições.
Contrariando a lógica matemática, municípios menores são a maior preocupação dos juízes eleitorais. Pelo menos 4.407 policiais militares e outras centenas de federais e civis estão nas cidades na Operação Eleições. Destes, 919 são da Capital, 383 do Interior e 3.193 das próprias companhias. Mas faltam viaturas. Temerosos, moradores da Capital que votam no Interior já pensam em justificar a ausência no dia do pleito em outubro.
Desafiando a lei e o bom senso, grupos políticos tentam comprar, antes do voto, a coragem do eleitor. Apesar da coligação de partidos, não é a linha ideológica destes, mas a combinação de nomes de peso e interesses nas alianças locais que define os lados da disputa.
O acirramento político, comum em qualquer lugar do País, no Interior do Estado tem faceta própria. Os municípios pequenos – com entre seis e dez mil eleitores – são geralmente divididos em dois grupos, notadamente o que já está no poder disputando com uma coligação de oposição. Mais do que em qualquer outra eleição municipal já realizada, Ministério Público e Justiça Eleitoral aumentam o rigor contra a corrupção eleitoral e o fanatismo político das militâncias e dos simpatizantes. Os excessos continuam. “A nossa maior preocupação ainda é no município menor, onde é culturalmente mais forte o acirramento entre os grupos, mas é possível observar que o clima está mais tranqüilo”, afirma Luciana Teixeira, juíza eleitoral responsável por Limoeiro do Norte e São João do Jaguaribe, este com apenas 8.344 habitantes e pouco mais de sete mil eleitores.
Carros de som
“Isso aqui é um barril de pólvora”, afirmou um policial militar de São João do Jaguaribe. Mas dois dias após uma confusão entre candidatos do PSDB e do PT dentro da delegacia da cidade, com trocas de acusações e, por sua vez, socos e tapas, a Justiça Eleitoral impôs rigor contra os carros de som que vociferassem acusações e incitassem o embate. A reportagem flagrou uma cidade calma, pelo menos por enquanto. “Existe intimidação de eleitores por parte do outro candidato, as pessoas não denunciam porque falta confiança nas instituições, mas é dever da imprensa e das autoridades ficarem alertas, mas sem fomentar a violência ou assustar a população. Aqui já está muito tranqüilo”, afirma Marilack Chaves, integrante do comitê do candidato Antônio Carlos (PT).
Para Júlio Vernes, coordenador da campanha do outro candidato, Zé Carlos (PSDB), “não existe intimidação da nossa parte, fazemos uma campanha de propostas e sem ameaças, ocorreu o incidente da delegacia, mas da nossa parte a campanha sempre foi de paz, dentro da lei”.
Aliada ao Ministério Público, a Justiça Eleitoral em Limoeiro do Norte e São João do Jaguaribe realizou Termos de Ajustamento de Conduta com coligações partidárias, imprensa e polícias civil e militar, para definir as infrações e assegurar que os espaços para comícios e passeatas fossem respeitados. Tem dado certo. Ainda assim, ações misteriosas e “sem culpados” têm atrapalhado o pleito. Duas semanas atrás, em um comício do candidato a reeleição João Dilmar, faltou energia elétrica minutos antes do pronunciamento do governador Cid Gomes, apoiador político da candidatura. O blecaute atingiu milhares de residências.
Um laudo preparado pela Coelce está em fase de conclusão, mas já assegura que houve sabotagem na rede elétrica, conforme o engenheiro da Coelce, Ronildo Carlos de Sousa, que alertou para os danos materiais que uma atitude dessa pode causar aos consumidores. Enquanto se descobria o ponto de falha na rede elétrica, hospitais ficaram sem luz por até 40 minutos.
Funcionários da companhia energética encontraram cerca de dois metros de fiação — com parafusos fazendo contrapeso, enroscados em um trecho da rede elétrica no Bairro Cidade alta, local do comício. O material está apreendido até agora na delegacia da cidade.
Um dia depois, igual artefato — pendurado até hoje — foi encontrado na rede elétrica em outro bairro onde também havia comício. Sorte da população que não houve blecaute e prejuízos mais graves.
Mais informações:
Operação Eleições 2008: (85) 3101.4956 / 3101.4958
Ministério Público de Limoeiro do Norte: (88) 3423.4272
Fórum Eleitoral: (88) 3423-4262
Fonte: Diário do Nordeste - Foto: Melquíades Júnior
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