sábado, 7 de junho de 2008

Lenda do Santo Graal é mera invenção da Idade Média, dizem especialistas

Até século 12, cálice da Santa Ceia não era famoso; poetas deram início à saga.Trama de 'Código da Vinci' envolvendo Graal mistura fraudes e erros históricos.
A lenda do Santo Graal virou, nos últimos tempos, uma espécie de ímã para quase todo tipo de lixo cultural e teorias estapafúrdias. Por isso, é bom colocar as coisas em pratos limpos: o famoso objeto não tem absolutamente nada a ver com Maria Madalena, com os Cavaleiros Templários ou com a sociedade secreta fictícia conhecida como Priorado de Sião. E, aliás, o Graal também não tem nada a ver com Jesus Cristo.
A existência de um suposto cálice milagroso onde o sangue do Messias crucificado teria sido recolhido não passa de uma invenção do fim da Idade Média – uma história bolada pelo poeta mais famoso da Europa no século 12 e, desde então, aumentada por uma fieira de autores posteriores. A lenda do Graal fez muito sucesso em sua época simplesmente por juntar numa só trama as duas grandes paixões do público medieval: cavalaria e fé cristã. E foi sendo repaginada de acordo com as preocupações dos séculos posteriores – inclusive as teorias da conspiração tão populares no começo do século 21.
No princípio era a Ceia
Poucos historiadores hoje duvidam de que Jesus e seus apóstolos realmente celebraram uma ceia derradeira antes que Cristo fosse morto a mando das autoridades romanas e judaicas. Os Evangelhos narram como o grupo comeu pão e bebeu vinho durante a cerimônia. Sabemos até como era a bebida servida nessa época.
“Em todo o Mediterrâneo de então, ninguém bebia vinho puro, mas sim diluído em água”, conta Francisco Marshall, historiador da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). “É que, com as condições precárias de fabricação e preservação da bebida, ou o vinho era uma espécie de vinagre, uma coisa muito ruim, ou então algo muito forte”, diz Marshall. “O jeito, então, era diluí-lo e, se possível, colocar nele algumas ervas aromáticas para melhorar o sabor.”
Ainda quanto às condições materiais do suposto Graal, podemos dizer que Indiana Jones estava certo – ao menos num quesito. No filme “Indiana Jones e a Última Cruzada”, o arqueólogo escolhe “o cálice de um carpinteiro”, feito de madeira e de aparência humilde, como o verdadeiro Graal. De fato, judeus das camadas populares como Jesus provavelmente bebiam em recipientes feitos de cerâmica ou madeira. Pareciam simples cuias, como os oriundos da região de Qumran, no mar Morto, retratados no início desta reportagem.
No entanto, é muito pouco provável que os utensílios de mesa utilizados por Jesus e seus companheiros em sua refeição final juntos tenham sido preservados. Para começar, como afirma o próprio Novo Testamento, a sala onde a ceia aconteceu era alugada. Além disso, o hábito de guardar relíquias relacionadas a figuras religiosas importantes começou relativamente tarde entre os cristãos – cerca de um século após a morte de Jesus. Para os primeiros seguidores de Cristo, o importante não era preservar seus objetos pessoais, mas sim espalhar sua palavra.
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