A Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto, que festejou 39 anos, em Limoeiro, quer uma sede.
A história e o conhecimento estão guardados nos livros, nos jornais, na memória, e quem guarda tudo isso pode se chamar biblioteca. Quando no início dos anos 1970 alguém entendeu a importância de um lugar assim, cujo lema hoje é "apoiar a cultura e promover a dignidade da pessoa humana", ficou criada a Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto, que comemorou 39 anos de atividades em Limoeiro, entre livros e leitores.
Numa prateleira de jornais há uma pasta volumosa, pesada, comprida, identificada com um manuscrito: "Caderno Regional", seguido de outros cadernos do Diário do Nordeste. Mas em outras estantes se encontram documentos do início do século passado. Documentos antigos da Câmara Municipal, que por pouco não foram jogados no lixo. A mesma sorte não tiveram livros de tendência marxista, como se lembra de "Pão, Refrão e Misantropia" o memorialista Irajá Pinheiro, contando que tudo que fosse comunista seria perseguido pela Ditadura dos "anos de chumbo". Os livros precisaram ser jogados no Rio Jaguaribe, antes que a polícia do governo descobrisse.
Hoje em dia quem quer se desfazer de livro pode doá-lo à biblioteca que, entre achados, mantidos e doados, já conta com um acervo de 13.377 livros de assuntos diversos, 3.346 livros de literatura infanto-juvenil, 335 folhetos de literatura de cordel, 4.111 periódicos (entre revistas e jornais) e 225 fotografias de registro histórico, totalizando 21.149 títulos na biblioteca, conferidos, mensalmente, por uma média de 1.910 usuários. Em um mês são registrados mais de 1.300 empréstimos de livros. O leitor lê o material com calma na própria casa, mas de silêncio e calma também é feito o espaço da biblioteca, que funciona das 7 às 21 horas, de segunda a sexta-feira.
No dia 25 de agosto de 1975, o prefeito João Eckner documenta que "fica criada na sede deste Município a Biblioteca João Eduardo Neto, que servirá para estudos, pesquisa e recreio da população estudiosa de Limoeiro do Norte". Quatro anos depois outro documento a registro no Instituto Nacional do Livro. Para quem há vários anos cuida com carinho do acervo público da biblioteca, notadamente a professora Lenira Oliveira, o documento mais almejado será da criação da sede definitiva. "Aos 39 anos e sem uma sede própria", resume Lenira, na biblioteca que passou por cinco lugares (e milhares de extravios de livros durante o período), até se instalar, há seis anos, no imóvel alugado dos herdeiros de Custódio Saraiva e Judite Chaves Saraiva, no casarão da primeira mulher influente na política do Vale do Jaguaribe. Assim, a própria arquitetura traz recorte da história local.
Na programação de aniversário da biblioteca, foram realizadas mesas redondas com temáticas voltadas para as políticas publicas e o incentivo à leitura, e sobre o contexto histórico, político e cultural da "aniversariante" em Limoeiro do Norte. "Foi uma biblioteca criada na contra-mão da história, foi na Ditadura", afirmou Irajá Pinheiro. "Biblioteca é leitura, é liberdade, é abertura de conhecimento. Não sei até onde ela vai, mas é um sonho a conquista de uma sede própria, e que ela fique independente de qualquer situação", pontua Lenira. Os sonhos são tão antigos quanto as promessas das gerações de gestores públicos. O secretário da Cultura, Renato Remígio, confirma o valor histórico do local, guardador de livros e memória, mas sem a sede própria, "e também queremos pleitear um tele-centro digital para a biblioteca".
Conhecimento
"A Biblioteca é leitura, é liberdade, além de abertura para novos conhecimentos". Lenira Oliveira - Professora e servidora da Biblioteca.
Mais informações:
Biblioteca Pública Municipal de Limoeiro do Norte
Rua Coronel Serafim Chaves, 335 - Centro
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
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