domingo, 30 de novembro de 2008

Rede virtual é meio de produção cultural

Ferramenta de integração regional, difusão midiática muito além das fronteiras nacionais, a internet tem se tornado meio de produção cultural barato e de fácil acesso. Consegue gerar tanto efeito quanto outras mídias, mesmo no Interior do Ceará, que consegue fugir dos estereótipos quando, para aderir à tecnologia, bastam computador e acesso à internet para zona rural e grandes centros urbanos estarem “plugados”. Com algumas exceções, a inclusão digital ainda é um serviço mais de caráter público do que privado.
O músico Khalil Gibran compõe uma canção, dedilha os acordes, grava e põe na internet. Disponibiliza suas músicas para os usuários da rede, desde os mais longínquos internautas ao conterrâneo que acessa, da mesma cidade, pelo cyber café. Mas em vários municípios cearenses, a internet é uma ferramenta usada de forma tímida, pela falta de profissionais capacitados. O resultado são casos de pouco e mau uso desse meio de comunicação.
No ano passado, um caso inédito de ação judicial na região jaguaribana teve a internet como prova de palco para calúnia e difamações por meio de sites de relacionamento (o Brasil é o segundo no mundo em acesso a esses canais), os mesmos que estiveram na mira da Justiça Eleitoral, tentando coibir propagandas irregulares de candidatos.
Embora com um Código Penal datado de 1943 e a internet passar a existir mais de meio século depois, as constantes mudanças na lei têm permitido o enquadramento da maioria dos crimes cometidos por meio da rede mundial de computadores. Mas por ser motivo recente para demanda judicial, especialistas consultados pela reportagem acreditam que há despreparo do corpo jurídico no Interior do Estado para trabalhar demandas que, mesmo tipificadas no Código Penal, o anonimato permitido na internet está distante da realidade brasileira e cearense — embora a Polícia Federal tenha sido muito atuante no combate aos crimes virtuais, o Ceará não possui delegacia especializada para tratar desses crimes praticados no espaço cibernéticos.
A Associação de Prefeitos e Municípios do Estado do Ceará (Aprece) disponibiliza em seu portal o cadastro para que todos os municípios tenham seu site oficial, para que concentrem todas as informações de cada secretaria, bem como acesso aos gastos públicos. A reportagem averiguou que poucos sites são atualizados com freqüência, ou simplesmente estão desativados, como nas cidades de Ererê e Uruburetama. Um site municipal atualizado, quando não há blogs noticiosos, além de conferir informação ao habitante, pode ser estimulante para o turismo regional.
O QUE ELES PENSAM
Fortalecer a socialização do acesso
O maior objetivo, e que deve ser uma realidade em todo município, é a socialização do acesso à internet. Nós já temos toda a infra-estrutura, e temos iniciado o processo de inclusão digital, que vai causar uma revolução em vários setores. (Mailson Cruz - Coord. do projeto Limoeiro Digital)
Não basta apenas dar acesso a computadores e à internet, mas principalmente fazer com que as pessoas utilizem essas ferramentas como forma de desenvolvimento de suas vidas e de seu meio social. (Talvanes Moura - Presidente da ONG Carnaubeira)
Ferramenta motiva inclusão digital nos municípios
A carência de cursos profissionalizantes na área da Informática, no Interior do Estado, ainda é recorrente. Por algum tempo, dar aula em cursos de computação foi fonte de renda para alguns professores. “Mas ensinávamos apenas o básico, que por que não tinham computador ou necessidade de utilizá-lo, geralmente porque estavam desempregadas, as pessoas esqueciam do que aprenderam.
Agora, com a Internet, as pessoas praticam mais, e aprendem sozinhas”, explica Marciano Marliano, de Canindé.
Em Russas, o professor José Nilo dá uma aula presencial de inglês, passa exercício para os alunos, que postam as respostas em seus blogs. O professor, sem levar papéis, corrige em casa e já tira as dúvidas dos alunos por meio do blog. Detalhe: o curso de inglês é público e gratuito para a comunidade.
Depois da parabólica e do DVD, o sonho de consumo da população de baixa renda é o computador. Em Limoeiro do Norte, lojas como a Comercial José Dino, que tradicionalmente vende material para construção civil aderiu, entre seus eletrônicos eletrodomésticos, à venda de computador, como público alvo a baixa renda. Jovens moradores de casas ainda de barro – algumas ausentes até de banheiro – possuem e-mail e acessam a Internet com bastante freqüência.
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior

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