terça-feira, 4 de novembro de 2008

Veículos apreendidos ficam ao relento

A Rua José Satino, no centro de Limoeiro do Norte, tem mais carros instalados do que casas. Pelos mais diversos motivos, dezenas de veículos, entre carros, motos e bicicletas apreendidos pela Polícia Civil, ocupam os dois lados da pequena via, aumentando os riscos de doenças (acúmulo de água igual a potencial foco do mosquito da dengue) e o aspecto de lixão ao lugar, onde a população ainda “colabora” depositando lixo.
Sem espaço para mais entulho na delegacia, os automóveis, à disposição da justiça, aguardam pelo retorno ao dono – o menos provável – ou serem abandonados ao menos em algum estacionamento. No fórum municipal, uma sala precisou ser transformada em depósito de motos.
A polícia reclama, a população mais ainda. “Se não têm nem onde colocar preso, vão ter onde colocar carro velho?”, provoca e justifica a dona de casa Maria Hermozina, que não coloca a culpa na polícia quando vê os entulhos na Rua José Satino. “Mas aí fica esse ferro velho no centro da cidade, a rodoviária bem ali, o que o povo num vai pensar?”.
O verdadeiro cemitério, ou orfanato, de veículos tem desde carros apreendidos por roubo, placas frias (adulteradas), envolvimento em acidentes com motoristas em situação irregular, com placa de moto, atraso no pagamento – as financiadoras solicitam mandado de busca e apreensão mas não resgatam o veículo tomado do devedor – e “aí vai juntando. É a coisa mais difícil aparecer alguém para vir buscar”, afirma um policial.
Ainda está lá o automóvel de marca Kadet, usado por pistoleiros na “Chacina de Limoeiro do Norte”, em setembro de 2003. As motos estão a maioria com o chassis raspado, dificultando achar dono. Têm carros roubados em São Paulo para crimes no Ceará, acabaram na Rua José Satino.
Os veículos ficam ao relento dia e noite, sujeitos à ação dos marginais. Conforme a Polícia Civil, têm donos de veículos que não os resgatam mais pelo estado de deterioração a que são submetidos pelo tempo. É quando sai mais barato esquecer o carro do que tentar recuperá-lo.
O delegado José Fernandes disse que os veículos estão à disposição da Justiça. Luciana Teixeira, juíza da 1ª Vara, afirma que muitos não podem ser liberados até que haja todos os tramites judiciais. Conforme ela, dependendo dos resultados dos processos, o juiz pode encaminhar o veículo para a União ou para doações – notadamente de cunho social. O veículo só pode ser liberado quando atestada toda a sua regularidade junto ao Detran e outros órgãos responsáveis.
Mais informações:
Delegacia de Polícia Civil de Limoeiro do Norte
Rua José Satino: (88) 3423.4572
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

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