Em muitas cidades, o socorro a vítimas será improvisado, pois 35% dos municípios cearenses não têm Defesa Civil.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil deu o primeiro alerta do ano, no último fim de semana, para os riscos de temporais no Ceará e outros cinco Estados do Nordeste. As sedes nacionais da Defesa Civil foram avisadas e estão a postos. Mas, antes disso e mesmo das previsões da Funceme ou das profecias populares, a repetição de vários problemas é evidente, principalmente em estradas e prédios antigos.
As prefeituras municipais, mais próximas dos problemas enfrentados pelas chuvas, já iniciam pequenas reformas para atenuar os transtornos causados pelas águas. Em muitas cidades, o socorro a possíveis vítimas será improvisado, pois pelo menos 35% dos municípios cearenses estão com as Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (Comdec) sem funcionar, conforme o Coronel Henrique Jorge Silva Santos, coordenador Operacional de Defesa Civil no Ceará.
Uma das principais características das chuvas no Interior do Estado é o fator surpresa. Casas desabam, estradas são arrastadas, comunidades ficam ilhadas. A morte é a conseqüência pior de tudo isso. Também aumentam os índices de infestação de doenças de veiculação hídrica, como a dengue, o cólera e a leptospirose.
A maioria das áreas de risco são habitadas, embora pouco “habitáveis”. Mas, se estradas e casas igualmente precárias são aviso prévio do que pode vir, tem caído nas mãos das prefeituras municipais boa parte da responsabilidade sobre tragédias nas chuvas.
Passagem molhada em Tabuleiro do Norte todo inverno é bloqueada pelas águas. Este é um dos locais que deve receber atenção especial. Ainda nesses dias, a ponte é trafegada por carros, mesmo sem estrutura.
A Secretaria de Infra-Estrutura e Desenvolvimento de Limoeiro do Norte já está de olho em pelo menos duas passagens molhadas no município, geralmente afetadas pelas chuvas. A que liga as comunidades de Espinho e Ilha de Santa Terezinha — arrastadas duas vezes pelas águas do Rio Banabuiú — deve receber reforço de terra. Nem por isso os canoeiros deixaram de preparar seus barcos. Passagem Molhada, em época de chuva, é passagem alagada.
A situação mais crítica está na passagem molhada que liga Tabuleiro a Limoeiro do Norte. Todo inverno é bloqueada pelas águas. Considerada obra mal feita por engenheiros ouvidos pela reportagem, ainda nesses dias, a ponte é trafegada por carros e caminhões, mesmo os que não têm autorização do Departamento de Edificações e Rodovias (DER).
As águas do Rio Jaguaribe danificaram, desde o último inverno, pelo menos 60% da estrutura da ponte. No ano passado, dois barcos viraram com pelo menos 15 pessoas, cada. Desde o ano passado, o DER informou que, aproximadamente R$ 1 milhão, seriam alocados para a reforma do local. O mesmo vale para a passagem molhada sobre o Rio Jaguaribe, no município de São João do Jaguaribe. Uma ponte de madeira deu lugar a uma ponte de concreto compactado com ferro, que — graças às correntezas — foi destruída. E volta-se à ponte de madeira.
Desobstrução
A Prefeitura Municipal de Russas está, desde o mês passado, realizando a desobstrução de bocas-de-lobos, bueiros, canais e galerias de escoamento de águas pluviais em vários cantos da cidade. O trabalho já aconteceu no bairro Catumbela, Centro e Travessa Joaquim Félix, considerados pontos mais críticos no perímetro urbano do município.
Dengue
Paralelo às secretarias de obras, os órgãos públicos da Saúde visitam casas e terrenos baldios atrás de potenciais depósitos de larvas do mosquito Aedes aegypt. A dona de casa Cristina Mendes Brito, moradora da Rua Inácio Mendes, em Limoeiro do Norte, reclama que no reservatório de água em um curral nos fundos de sua casa já foram encontradas larvas do mosquito da dengue. A equipe do Núcleo de Endemias e Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde está visitando todos os bairros da cidade em nova campanha de conscientização sobre os riscos da dengue.
Açudes
Pelo menos 43 dos 130 açudes do Ceará monitorados pelo Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Cogerh) estão com mais de 70% da capacidade. O Açude Castanhão, maior deles, registou acúmulo de 79,8% no dia 30 de janeiro. Os técnicos acreditam que em breve poderá haver seu transbordamento.
A Defesa Civil do Estado deverá orientar os municípios que retirem as populações que moram nas áreas ribeirinhas nos municípios de Alto Santo e Jaguaretama, no caso de se confirmarem fortes chuvas alimentando o Rio Jaguaribe naquela região do Estado.
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
Mais informações:
Defesa Civil do Estado do Ceará
defesacivil@cb.ce.gov.br
(85) 3101.4571
Um comentário:
Agradeço que passe pelo meu blog http://www.angolabelazebelo.com/
que tem lá uma lembrança.
Um abraço
Belo
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