segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Agrotóxicos: Empresa nega qualquer contaminação

A empresa Del Monte Fresh Produce, que atua na Chapada do Apodi e foi citada pelos trabalhadores à reportagem, se disse surpresa com as denúncias, garantindo que não há registro de problemas causados por agrotóxicos em seus funcionários e que o sistema de equipamentos de proteção usado é referência nacional.
Conforme o gerente jurídico e diretor de Assuntos Institucionais da Del Monte, Newton Assunção, não procedem as afirmações de que a empresa estaria contaminando seus trabalhadores com agrotóxicos. Por telefone, ele disse que “não houve ninguém doente por causa da empresa. Recebemos fiscalização freqüente do Ministério do Trabalho. Temos menos de 5% de ações trabalhistas e nenhuma está relacionada com acidente de trabalho. É um dado histórico, poucas empresas podem apresentar um projeto desse”, afirmou.
Trabalhadores do cultivo de abacaxi são alguns dos que apresentam sintomas suspeitos.
A Del Monte é a maior produtora de abacaxi e melão do Ceará, com forte impacto na empregabilidade rural e no valor das exportações no Estado. São aproximadamente 4.500 empregados diretos. No ano passado, a empresa produziu cerca de U$ 30 milhões em frutas no Estado. “A Del Monte está de portas abertas. O nosso almoxarifado é moderno, uma referência para o Nordeste, não falta Equipamento de Proteção Individual para nenhum trabalhador”, afirmou o gerente, para quem as críticas são de movimentos locais que querem pressionar a empresa.
Aberta a visitas
“Costumo dizer que não afirmamos que não existe intoxicação na região, informamos que não existe na Delmonte. Não podemos nos responsabilizar por outras empresas. As equipes que estão fazendo pesquisa podem nos visitar, recebemos com todo prazer”, concluiu.
A problemática dos agrotóxicos na Chapada do Apodi tem envolvido pequenos e grandes produtores. Além do uso dos produtos químicos por grandes empresas, uma das ressalvas feitas pelos profissionais de saúde é a facilidade com que são comprados os produtos por pequenos produtores, muitos dos quais são poucos “visados” pelas fiscalizações.
REPERCUSSÃO
Entidades discutem problema na região
Limoeiro do Norte. Desde os primeiros casos de doenças até este momento, nada é conclusivo sobre a suposta relação entre agrotóxicos-doenças-mortes de trabalhadores rurais. A pesquisa que analisa os impactos dos agrotóxicos na Chapada do Apodi, liderada pela professora universitária Raquel Rigotto, teve início em 2006 e pode perdurar por todo este ano, pelo caráter detalhista do levantamento, que vai da informação sobre os produtos usados na lavoura à autópsia verbal, ouvindo os relatos das famílias de parentes mortos.
A reclamação de produtores e trabalhadores rurais com agrotóxicos é intensa há pelo menos três anos, conforme denúncias publicadas pelo Diário do Nordeste desde 2006. As matérias têm servido de subsídio para outros órgãos entrarem na discussão. Em novembro passado, a Agencia Brasileira de Inteligência (Abin) ouviu pessoas “estratégicas” dos vários lados da questão para saber o que pode estar acontecendo em Limoeiro. Os trabalhadores também foram entrevistados por representantes da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do Governo Federal.
Fórum permanente
Um fórum permanente, criado desde o último seminário para discutir o problema em Limoeiro do Norte, acompanha a problemática. Participam UFC, Uece, Cáritas Diocesana, Diocese Católica de Limoeiro, ONG Conlutas, Via Campesina, 10ª Célula Regional de Saúde e Ministério Público. Em abril de 2008, os deputados estaduais Antônio Granja e Cirilo Pimenta, então presidentes das comissões de Saúde e Meio Ambiente, respectivamente, da Assembléia Legislativa do Ceará, asseguraram a realização de audiência pública para discutir o problema. Quase um ano depois, o tema ainda não foi objeto de discussão na Casa.
Fonte: Diário do Nordeste / Foto: Silvana Tarelho

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