quinta-feira, 13 de maio de 2010

Alerta: Estudo comprova presença de veneno na água da Chapada do Apodi

A morte do ambientalista José Maria Filho deu o tom da audiência sobre o uso de agrotóxicos na Chapada do Apodi. A médica e professora Raquel Rigotto apresentou números sobre o envenenamento da água na região.
Na coleta de 46 amostras de água feita pela médica e professora Raquel Rigotto e sua equipe de 24 pesquisadores na Chapada do Apodi ficou constatada a presença de venenos em todas elas. Cinco substâncias tóxicas foram encontradas em amostras coletadas recentemente na água consumida por moradores de localidades como Tomé, Santa Maria, Cabeça Preta, inclusive algumas substâncias de alta toxicidade.
O resultado da análise foi anunciado pela própria Raquel, ontem, na audiência pública realizada no auditório da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), no centro de Limoeiro do Norte, na região jaguaribana. Raquel Rigotto, da Universidade Federal do Ceará, faz pesquisas há três anos sobre os impactos do uso de agrotóxicos pelos produtores de fruticultura na Chapada do Apodi com uma equipe de diversas entidades.
Ontem, ela foi a mais aplaudida dos que fizeram exposições na audiência pública solicitada pelo vereador Heraldo Holanda (PT), presidente da Comissão de Agricultura, urbanismo e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Limoeiro do Norte. O auditório ficou lotado de representantes de movimentos sociais, sindicalistas, ambientalistas, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras rurais e de pessoas que moram em localidades rurais da região jaguaribana.
Professora Rigotto falou para auditório lotado na audiência.
Durante as exposições (das 15h às 18h30min), o público se manifestou também com vaias aos que fazem uso de substâncias tóxicas no cultivo de frutas, principalmente a banana, gritando frases como “Veneno não, queremos solução” ou lembrando dos que lutaram contra o uso indevido dos defensivos agrícolas.
José Maria Filho, o ambientalista e líder comunitário do Sítio Tomé, onde a professora Raquel constatou o envenenamento da água, foi lembrado em várias ocasiões. Ele foi assassinado no mês passado, no Dia de Tiradentes, próximo ao aeroporto de onde decolam as aeronaves para fazer pulverização aérea, pelo menos três vezes ao ano, nos bananais.
Doenças
A professora Raquel Rigotto disse que existe na Chapada do Apodi “um grave problema de saúde pública”. E citou as várias doenças que surgem “com a dinâmica dos agrotóxicos na região”: dermatite alérgica, câncer, problemas neurológicos, doenças do fígado e dos rins, comprometimento do sistema neurológico e até má formação de fetos. “Os riscos estão presentes com enorme intensidade”. completou.
Ela disse ainda que chegou a presenciar experimentos com produtos novos por fruticultores em suas áreas de plantio o que é um grande risco para a população. Raquel Rigotto defendeu a legislação aprovada pela Câmara Municipal de Limoeiro do Norte, no dia 20 de novembro do ano passado proibindo as pulverizações aéreas e disse que o Governo do Estado está muito frágil com relação ao problema que ela constatou também existir no perímetro irrigado do Tabuleiro de Russas.
E mais
- Falando na audiência, Flávio Rego, da Superintendência Estadual do Meio Ambiente, disse que a Semace não autoriza a pulverização de agrotóxicos, mas fiscaliza o comércio e a produção dos venenos.
- Já o coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Pedro Luis Gonçalves soltou. "Não existe agrotóxico seguro. É um engano. Temos equipamento de proteção individual, mas ao contrário, fazem é piorar a situação".
- Ele pediu a população de Limoeiro do Norte que se articulasse em torno do cumprimento da lei contra o uso de agrotóxicos e em defesa do meio ambiente.
- Disse ainda que, num congresso nacional realizado pelo Fórum, mês passado, em Salvador (BA), foi emitida uma nota de repúdio pelo assassinato do ambientalista José Maria Filho.
Informações: OPOVO Online, por Rita Célia Faheina

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