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quarta-feira, 12 de maio de 2010
Zé Maria escondia ameaças de morte
Quando se entra no pequeno comércio da Avenida Principal, 248, do Sítio Tomé, a lembrança do ambientalista é visível. Ao lado da imagem de Nossa Senhora de Fátima, dona Branquinha colocou foto do marido José Maria Filho, 44, assassinado em 21 de abril. Zé Maria do Tomé era líder comunitário e respeitado pelas 700 famílias da localidade na Chapada do Apodi, entre Limoeiro do Norte e Quixeré.
Branquinha é o apelido de Lucinda Xavier, 41, mulher do Zé Maria. Com tão pouco tempo da morte, ela diz que ainda não tem condições de falar sobre ele. Trava a voz e as lágrimas começam a cair. "Foram 20 anos de casados e estamos (ela e os três filhos) sofrendo muito", diz.
A filha mais velha, Márcia, tem 19 anos, a outra, Juliane, 15 anos, e o Gabriel, 4 anos. "Ele (Gabriel) era o xodó do Zé Maria. Pergunta pelo pai todo dia, quando vai voltar pra casa", diz dona Branquinha que agora passa o dia só no comércio. Quanto às ameaças de morte que o marido sofria e os boletins de ocorrência que fez na delegacia, ela diz que nada disso ela sabia. "Muitas coisas ele não contava pra gente não se preocupar".
Fotos do ambientalista ornamentam altar no comércio da família, em São Tomé. (Foto: Deivyson Teixeira)
O mesmo diz o amigo e também líder comunitário, Leocildo Maia Aguiar. "Ele (Zé Maria) nunca falou sobre essas ameaças de morte. Eu não sabia sobre esses boletins de ocorrência. Só soube depois que ele foi morto. Leocildo é cauteloso, como dona Branquinha, ao mencionar o caso. "A gente tem receio de tudo".
Mas sobre o amigo, ele desanda a falar: "Ele trabalhava muito pela comunidade, queria o bem estar de todos. Lutava por boas casas, água de beber de qualidade e contra o uso dos agrotóxicos. Há pelo menos três anos o Zé Maria tomou a frente da associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi e vivia pra cima e pra baixo atrás de melhorias pro Tomé". A associação está sem dirigente e com atividades paralisadas. (RCF)
"O Zé Maria era um lutador. Era empenhado na questão dos agrotóxicos e na água usada pela comunidade do Tomé", diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro do Norte, José Ribeiro (foto). Ele disse que dias antes do assassinato (21 de abril), Zé Maria se reuniu com ele para tratar de projeto de casas populares para o Sítio Tomé.
Informações: OPOVO Online
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Zé Maria do Tomé
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