Buchada da Adélia não vai parar

Por falta de dinheiro, o bloco de pré-carnaval de Limoeiro do Norte, Buchada da Adélia, quase não ia desfilar este ano.

A buchada anda, pula, dobra, vira, toca, canta e dança com a multidão. Todo ano sai às ruas da cidade, o povo saindo da calçada para o “meio fio” do calçamento, no Bloco Balançando Limoeiro e sua bandinha de música Buchada da Adélia que, pela falta de apoio financeiro, correu risco de parar na avenida. Seus coordenadores, que quase desistiram este mês de prosseguir com o bloco de sete anos seguidos, disseram que, apesar da falta de dinheiro, o bloco vai pular, mesmo que em menos noites, animando os próximos sábados antes do Carnaval, com seus bonecos gigantes. O intuito é ajudar a ex-cozinheira Adélia e relembrar o Carnaval de 20 anos atrás.

O Bloco Balançando Limoeiro, mais conhecido pelo nome de sua bandinha de música, a Buchada da Adélia, chega ao oitavo ano para fazer o pré-carnaval da cidade. Com instrumentos de metal e percussão, bonecos gigantes homenageando populares vivos – que são autoridades, mas de antigos bailes e carnavais, não vereadores, políticos ou oligarcas. O primeiro foi Seu Cazuza, depois o ex-garçom Josué, seguido do músico Raimundo Saraiva, do carnavalesco Zé Mendes, da foliã “de outros carnavais” Mazé Faheina e o servidor Raimundo Gondim. O homenageado deste ano só será divulgado no sábado – é o segredo de todos os anos.

Os carnavalescos saem pelas principais ruas da cidade no início da noite, entoando as marchinhas de Carnaval (do “Abre Alas” de Chiquinha Gonzaga em diante). Uma das intenções é relembrar os carnavais dos anos 70 e 80, dos “finados” blocos Jaguar e Vira Copos. Nos anos anteriores, a folia acontecia nos cinco sábados que antecederam o Carnaval. Pela falta de dinheiro, não houve festa no sábado passado. A folia só começará no dia 31.

Conforme Gerônimo Osterne, a idéia de não colocar o bloco na rua este ano foi justamente pela falta de apoio. “No ano passado, nos prometeram apoio, e depois de confeccionadas as blusas, os bonecos e levados os músicos para a avenida tivemos que tirar mais ainda do próprio bolso”, afirma o carnavalesco, esclarecendo que o pagamento dos músicos (cerca de 15 pessoas), que passam várias horas da noite tocando, é um dos principais custos para levar o bloco à avenida.

Adélia homenageada do bloco, fica feliz com a arrecadação de alimentos de todos os anos.

A “Buchada da Adélia” carrega o nome da antiga cozinheira que vendia buchada e panelada para os ressacados das festas na cidade. A mulher famosa, de 81 anos, mora até hoje numa casa de taipa no bairro Ilha de Santa Terezinha, em Limoeiro. Muito pobre, fica feliz com a arrecadação de alimentos feita todos os anos pelos patrocinadores do pré-carnaval.

Os diretores Lúcio Holanda e Gerônimo Osterne reclamam que a carência de recursos para o bloco afeta também o apoio à antiga cozinheira. “Pedimos que as pessoas se sensibilizem, ajudem a manter o bloco na avenida, e colaborem com alimentos para a Adélia”, pede Gerônimo.

Mais informações:
Bloco Balançando Limoeiro
(88) 9964.9592

Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior