Materiais recicláveis se transformam em novas peças a partir de trabalho coordenado pela artesã Helenice Guimarães.
Nas segundas e quartas-feiras, crianças de várias famílias da Pitombeira, zona rural de Limoeiro, passam hora e meia recebendo aulas práticas de Helenice.
Uma artesã está mobilizando a meninada da comunidade de Pitombeira, no município de Limoeiro do Norte.
Com oficina de artesanato, crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos, fazem brinquedos, utensílios domésticos e peças ornamentais à base de jornais, papelão e garrafas PET. Próximo passo será a realização das primeiras exposições “Reciclarte”, com as obras produzidas na Casa de Artes Pequeno Polegar, que realiza trabalho voluntário, cada vez mais difícil pela ausência de apoios.
A artesã Helenice Guimarães Maia tem 13 anos com trabalhos em materiais recicláveis na região jaguaribana. Mas foi há um ano, quando mudou-se para a localidade de Pitombeira, que deu um jeito de ocupar a “reca” de meninos que ficavam à frente da sua casa fazendo barulho e brincando no meio da rua. Convidou-os para, no seu pequeno ateliê, fazer canudos com papel de jornal. A peça se junta a outras, aumenta e transforma-se, toda semana, em jarros, garrafas, carrinhos de mão, triciclos, materiais que são revendidos para o custeio de mais obras.
Às segundas e quartas-feiras, pelo menos 17 crianças de várias famílias da Pitombeira, zona rural de Limoeiro, passam hora e meia recebendo aulas práticas de Helenice e já confeccionando frutas, mandalas à base principalmente de jornais antigos, devidamente enrolados e artisticamente pintados. A garota Janaína Kelly Silva Maia, 12 anos, diz já ter feito uma “ruma de coisa. Fiz frutas, pintei, fiz garrafas”, enumera. Existe tanto a garrafa feita com papel-jornal, depois pintada e customizada com desenhos, quanto, em processo inverso, garrafas de plástico transformadas em brinquedos, cortinas e até mesmo redes.
Custo alto
Alguns materiais, como jornais – fornecidos por assinantes do Diário do Nordeste, papelões e garrafas PET são obtidos com amigos; outros, como cola e tintas, precisam ser comprados, e aí que começam a entrar os custos e a angústia da artesã e sua “reca” de meninos. “Há muito tempo eu já trabalho fazendo artesanato para o meu sustento. Tiro do meu bolso para comprar o material das oficinas, mas o custo é alto. Muito material eles que conseguem trazer, mas não é o suficiente”, afirma Helenice, ainda reclamando não haver apoio da associação comunitária do bairro, que está imobilizada para qualquer coisa há algum tempo.
A Casa de Artes Pequeno Polegar, ao mesmo tempo ateliê e residência da artesã, é o ponto de encontro da meninada. Lá fora, brincam com os pés no futebol; e quando entram põem, literalmente, mãos à obra.
Nas paredes, o resultado do trabalho da criançada: coloridas mandalas, casinhas de papel pintadas, envernizadas e ornamentando as salas da vizinhança. Também no Centro Federal de Ensino Tecnológico (Cefet) e no Centro de Articulação e Educação Ambiental (Caea), redes, cortinas e brinquedos confeccionados com plástico e papel por Helenice e as crianças podem ser conferidos pelos visitantes.
A intenção dos pequenos artesãos é conseguir patrocínio para a compra de material da confecção de obras para não só aprenderem e realizarem exposições mas, principalmente, venderem “pois é necessário um retorno financeiro não só para a compra de mais material como para que sirva de fonte alternativa de renda para esses jovens”, afirma a artesã Helenice Guimarães.
Mais informações:
Casa de Artes Pequeno Polegar
Bairro Pitombeira - Limoeiro do Norte
Helenice Guimarães (88) 9631.0697
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
Nenhum comentário:
Postar um comentário