domingo, 4 de janeiro de 2009

Cangaceiro é personagem editorial

Desde o início do século XX, Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, vem sendo personagem de inúmeras publicações. Nas décadas de 20 e 30, os jornais noticiavam massacres e perseguições envolvendo o cangaceiro.
Como uma publicação que chega a todos os municípios cearenses, atingindo público-leitor em outros Estados do Nordeste, incluindo lugares por onde passou Lampião, o Caderno Regional do Diário do Nordeste destacou, em suas edições, temas, curiosidades e fatos inéditos sobre o mito.
Com a publicação, na edição de 5 de março de 2008, da notícia de que o ex-cangaceiro Antônio José da Silva, o “Moreno”, ex-integrante do bando de Lampião, estava vivo e morando em Minas Gerais, a população de Brejo Santo repercutiu não só lá mesmo – terra onde estavam seus familiares – como chegou ao próprio Antônio José, que apesar dos 96 anos decidiu visitar os parentes na cidade onde fez terror. Foi recebido com festa.
O ano de 2008 também marcou os 70 anos da morte de Virgulino, na madrugada de 28 de julho de 1938. Conforme descreveu o correspondente Antonio Vicelmo, em 28 de julho de 2008, “Lampião, 40 anos, foi abatido com três tiros: um no peito esquerdo, outro no abdome. Maria Bonita, sua mulher, foi baleada e morta a facadas enquanto implorava pela vida”. No dia seguinte à morte de Lampião, até o New York Times – um dos principais jornais do mundo – dizia: “Foi morto Lampião cego de um olho, um dos mais terríveis bandidos do mundo ocidental”.
Em 2006, reportagem do Regional revelou a existência de um documento inédito no qual consta como Lampião recebeu a notícia de que foi convidado (por Padre Cícero) para ser capitão das tropas federais – para combater a Coluna Prestes.
Ainda no ano passado, a cidade de Limoeiro do Norte, de um modo, e Mossoró, no Rio Grande do Norte, de outro, lembraram os 81 anos da passagem do bando de Lampião. Enquanto aqui, o fato, em 15 de junho de 1927, corria com festa; em Mossoró, era Lampião quem fugia das balas, pois tropas oficiais já o esperavam.
Na fuga, Lampião foi para Limoeiro, onde foi recebido por Custódio Saraiva, político da época, e pelo padre Vital Guedes. Até um banquete foi realizado para recebê-lo. A lembrança daquele tempo foi registrada em uma famosa foto, que circula o mundo, de Lampião e dezenas de cangaceiros em pose no largo da Igreja Matriz, ainda com alguns reféns capturados em Mossoró. A notícia correu nos jornais da época, e Limoeiro foi acusado de ter “acoitado” bandido.
Livros como “Eu, Lampião”, de Gomes Castro, ou “Lampião, nem herói nem bandido”, de Anildo de Sousa, lançados no ano passado, e até mesmo documentos inéditos e pessoas raras (encontradas após reportagens) ajudam a movimentar a cena editorial e dar sempre um novo mote jornalístico para se falar de Lampião.
MARCO
70 anos de morte de Lampião foram completos em 28 de julho de 2008.
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior
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