Está faltando verdura na mesa das famílias jaguaribanas. Onde não foi a chuva estragando a plantação, foi a enchente dos rios inundando e arrastando as hortas perto de suas margens.
O bairro Ilha de Santa Terezinha é o mais atingido de Limoeiro do Norte e o maior fornecedor dos vegetais. Agora, cheiro verde e alface são os produtos mais raros. A falta desses vegetais, que até então eram os mais consumidos, tem elevado os preços em mais de 200%, para indignação das donas de casa.
Os feirantes, que já compram os produtos a preço altíssimo, reclamam dos prejuízos nas vendas. Não são desabrigados nem desalojados das cheias, mas perderam, pelos quintais de hortas, todo o recurso para sustento familiar.
Crise no abastecimento: com as enchentes, produtos agrícolas ficaram mais caros. Cheiro verde teve aumento de até 329%. “O cheiro verde vai crescendo, aí bate a chuva com tudo, daquele tamanho nanico não passa mais”, reclama o feirante Aldenir Bessa, de Limoeiro do Norte. Isso quando começou a chover bastante, em abril. Depois não tinha sol que vingasse o plantio. O feirante e dono de horta Francisco de Assis Lima Costa teve um prejuízo dobrado. Perdeu todo o plantio, de onde tirava para abastecimento de sua barraca e de outros feirantes da cidade. “A chuva acabou com tudo, e o que tem a gente precisa comprar dos de fora”, afirma. O plantio estragado gerou um prejuízo de R$ 3,5 mil ao pequeno agricultor.
O bairro, que fica próximo às margens do Rio Jaguaribe, é o principal abastecedor local das hortaliças vendidas em feiras e frigoríficos da cidade. Prejuízo também muito acumulado aos moradores de Jaguaruana.
Dezenas de hortas, mesmo as suspensas em estruturas de madeira, foram inundadas pelas águas. A dona-de-casa Ana Lúcia Gomes, de Limoeiro, reclama indignada do preço que teve que pagar por um ramo de cheiro verde: R$ 1,50. “Isso é um absurdo”, define. Antes da quadra chuvosa, o cheiro verde custava só R$ 0,35”.
Os feirantes dizem estar do mesmo lado dos consumidores, e reclamam de forma generalizada o preço dos produtos, afinal, eles já estão comprando caro dos fornecedores. “Uma caixa de pimentão eu comprava até de R$ 10, e agora tô comprando de R$ 23, aí os consumidores pensam que a gente que tá explorando, mas quem planta verdura, o pouco que colhe tá vendendo caro”, explica a feirante Maria do Carmo Ferreira, alegando que em 18 anos de feira nunca passou por uma situação de desabastecimento de vegetais como agora.
“Está muito difícil, sou o homem e a mulher de casa, agora a gente precisa que alguém olhe por nós. Os feirantes ‘grandes’, ainda compram na Ceasa e já revendem caro pra nós pequenos, que não temos condições de ir comprar”, afirma Maria do Carmo. A reclamação também se estende para as barracas, todas cobertas com papelão e plástico, mas de tão precária a estrutura que, sempre que chove, molha os produtos para venda.
Além de cheiro verde, alface e pimentão, raros nas barracas, melão e banana também começam a faltar. De acordo com o feirante Gilberto Mendes, a situação de penúria pode durar até o fim do ano, afinal, as verduras levam de 30 a 90 dias para serem colhidas, e enquanto houver chuva, qualquer plantio é arriscado. O secretário municipal do Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Antônio Deusimar, disse que será feito um levantamento das perdas, “pois só com um dado preciso pode reivindicar alguma coisa para todos”.
Mais informações:
Secretaria Municipal do Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente (Semar)
Rua Cel. Antônio Joaquim, 1964, Centro
(88) 3423.1611
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
Nenhum comentário:
Postar um comentário