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terça-feira, 26 de maio de 2009
Perímetros fazem balanço das perdas na lavoura
Dnocs avalia perdas nos dois perímetros irrigados mais atingidos pelas chuvas, Morada Nova e Jaguaribe-Apodi.
A enchente de maio do Rio Banabuiú rompeu diversos pontos dos diques de contenção nas duas margens e inundou as plantações de arroz no Perímetro de Irrigação Morada Nova, neste município. Ao todo, a água levou 960 metros de diques, o equivalente a 10,8 mil metros cúbicos de terra que protegia a área de cultivo, conforme levantamento feito pelo Dnocs.
Francisco Rodrigues de Lima esperava colher em junho 8 a 10 toneladas de arroz que plantou em dois hectares no setor O, lote D-4. Perdeu toda a produção — calcula o prejuízo em R$ 6 mil —, e diz estar preocupado com o volume de barro que encobriu o solo da área de cultivo. “Só um trator de esteira para tirar esse barro”, calcula o produtor.
Francisco Rodrigues de Lima perdeu os dois hectares de arroz. Ele esperava colher 8 a 10 toneladas em junho.
Foram plantados 830 hectares de arroz na safra do primeiro semestre. “O prejuízo causado pela água que encobriu 223 hectares é estimado em R$ 797.225”, diz Geneziano Martins, presidente da Associação dos Usuários do Distrito de Irrigação do Perímetro Irrigado de Morada Nova (Audipimn). “Os produtores estão endividados”, afirma ele.
Para o segundo semestre, o presidente da Audipimn previa o plantio de 2.237 hectares, produção de 15,66 toneladas de arroz e um faturamento de R$ 10.180.716. Para ele, com os prejuízos causados pelas chuvas, o quadro é de “um verdadeiro Deus nos acuda”. O perímetro tem 40% das terras em Limoeiro do Norte e 60% em Morada Nova, com 960 irrigantes que cultivam arroz, feijão e também pastagens.
Na enchente, 202 famílias tiveram de ser removidas para bairros não alagados de Limoeiro do Norte. “As comportas de maré, os drenos e coletores não suportaram a água acumulada. Caiu uma coluna de sustentação no canal que abastece o Perímetro Q e outros sofreram avariações”, contabiliza a Audipimn.
O engenheiro Cícero Bento Fernandes Filho, do Dnocs, no relatório técnico de avaliação dos prejuízos, recomenda elevar em 1,2 metro o dique. Segundo ele, a proteção foi construída há 30 anos quando o leito do rio era distante e não tinha o problema de assoreamento existente hoje.
O prejuízo à infra-estrutura será especificado e orçado no relatório pedido pelo diretor de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Dnocs, Felipe Cordeiro, para o Ministério da Integração Nacional.
Sem drenagem
O Perímetro de Irrigação Jaguaribe Apodi, em Limoeiro do Norte, construído pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), não tem sistema de drenagem. Este foi o maior problema encontrado na avaliação técnica do Dnocs, ao qual hoje está vinculado.
“Uma chuva de 100 milímetros produz um volume de 5 milhões de metros cúbicos, que corresponde a um açude médio”, comparou o engenheiro Cícero Filho, ao visitar o perímetro irrigado.
O técnico do Dnocs conta que, no seu relatório, vai recomendar a abertura de 48km de drenos e a recuperação das estradas vicinais. O coordenador da Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (Fapija), Raimundo César dos Santos, informa que, numa emergência para drenar a água acumulada dentro das plantações, colocou quatro escavadeiras que trabalharam cerca de 800 horas, das quais 50 doadas pela Prefeitura de Limoeiro do Norte.
O produtor Antônio Wellington Ferreira Lima foi pego de surpresa pelo alagamento dos 12 hectares de banana plantados, ora em fase de colheita do primeiro cacho.
Ele leva quatro dias para tirar quatro toneladas, o que faria em um dia, e o peso do cacho caiu de 17kg para 15kg, segundo ele, ao contabilizar o prejuízo em R$ 30 mil, sem incluir o custo do adubo para colher o segundo cacho.“Dos 922,25 hectares plantados de banana, foram atingidos pela cheia 719,25 hectares, que somariam prejuízo total de R$ 13,77 milhões caso não fossem drenadas as águas”, estima o coordenador da Fapija.
O perímetro tem 20,45 hectares de goiaba comprometidos pela inundação; 16,15 hectares de ata; 182,25 hectares de sorgo; 81,5 hectares de soja e 97,5 hectares de milho, conforme contabiliza Raimundo César, que estima o prejuízo total em R$ 15 milhões caso não fossem adotadas providências.
O perímetro tem cerca de 5 mil hectares, dos quais 750 mil com pivôs que no inverno ficam parados, à espera da estiagem. “Se plantar na chuva perde”, diz o coordenador da Fapija, dando como exemplo o que ocorreu este ano com áreas de soja, sorgo e milho, inundadas pela água acumulada no solo sem escoamento.
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior
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