domingo, 10 de maio de 2009

Ceará unido para ajudar vítimas das enchentes

Em várias cidades, mesmo as não atingidas pelas chuvas, o povo se mobiliza para ajudar quem está sofrendo.
Quartel Central do Corpo de Bombeiros, em Fortaleza, está sendo um dos locais onde estão sendo armazenados os alimentos e objetos doados. (Foto: Silvana Tarelho)
Se a chuva proporciona beleza, pare e contemple; mas se gera destruição e angústia, ande e ajude. Andar mais apressado que as águas que caem é a ação solidária de quem se mobiliza para ajudar os desabrigados das enchentes nos 67 municípios atingidos pelas chuvas no Estado.
A Defesa Civil contabiliza suas doações, até o início desta semana, de mais de meio milhão de toneladas de alimentos em 23 mil cestas básicas, além de colchões, lençóis, colchonetes, lonas e kits de limpeza para as cidades do Ceará. Mas ainda falta muito, principalmente, leite e fraldas para centenas de crianças desabrigadas. Não só as instituições públicas, mas, principalmente, o cidadão cearense é convocado a se engajar na campanha solidária para, em meio a tanta água, uma mão lavar a outra.
Entidade de responsabilidade do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará, a Defesa Civil — com os núcleos estadual e municipais — tem sido o principal instrumento de socorro às vítimas das enchentes no Ceará. Pelo menos 67 municípios são atendidos pelos agentes de defesa. É obrigação de toda cidade ter sua própria comissão municipal de Defesa Civil, mas em muitos casos só de última hora foram organizadas equipes. De todo jeito, dezenas de agentes estaduais estão espalhados no Interior coordenando as ações de apoio aos desabrigados e desalojados que se refugiaram das enchentes.
Em municípios como Jaguaruana, Itaiçaba e Canindé são organizados pontos de coleta das doações aos afetados pelas chuvas. Todos os dias chegam pessoas, dando o que podem. Assim fez o agricultor jaguaruano José Seixas, que doou roupas para as vítimas; na mesma cidade um empresário, que não quis dizer o nome, doou 240 cestas básicas. Deu o exemplo de que, na tragédia, só o que deve aparecer é o auxílio, seja em comida, roupa ou abrigo — o recado vai para os políticos. Rosineide Lopes, citada na reportagem de ontem pelo desespero de ter perdido a casa, anuncia a esperança: trabalhará em dois expedientes (antes era um) e, portanto, receberá em dobro, “que eu garanto a vocês que vou reconstruir a minha casinha”.
Os problemas continuam, a situação de desabrigo também, entretanto, dois dias seguidos fazendo sol, ainda que com momentos de neblina, reanimam os jaguaribanos, e na medida em que as águas do rio Jaguaribe baixam, eleva-se a auto-estima de quem está fazendo, das fraquezas, forças.
“Temos conseguido chegar rapidamente às áreas atingidas, o que tem facilitado o diagnóstico das perdas e o fornecimento de material, mas precisamos de um maior engajamento da sociedade civil. Quem mora em condomínio, ou numa vila, reúna os moradores e junte material que seja onde for a gente vai buscar”, afirma o coronel Sérgio Gomes, da Coordenação Estadual da Defesa Civil. O apelo também é para a doação de leite e fraldas, que não estão incluídos nos kits doados e são elementos de primeira necessidade para as crianças, tendo em vista a impropriedade dos locais que servem de abrigo.
Na semana passada, o órgão enviou aos municípios do Estado 284 toneladas de alimentos — aproximadamente 12,5 mil cestas básicas. E até o meio da semana, que hoje se inicia, serão distribuídas outras 230 toneladas de alimentos, além de lonas plásticas, kits de limpeza, colchões e colchonetes. Paralelo à atuação da Defesa, o Corpo de Bombeiros desencadeia a Campanha Força Solidária, por meio da qual recebe doações da população. Desse modo foram entregues 386 cestas básicas para a população de Granja, um dos municípios mais inundados e que acumula 972 desabrigados e desalojados. A mesma campanha entregou água mineral, pães, sucos e colchões.
Numa prova de reciprocidade solidária, a população dos Estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina está enviando doações, por meio da Cruz Vermelha, aos flagelados cearenses. O Estado foi um dos primeiros a contribuir com alimentos, no ano passado, para as vítimas da enchente de Santa Catarina. E a solidariedade começa entre os próprios desabrigados, como as vítimas do Setor NH3, de Limoeiro, que já planejam, quando saírem, organizar um mutirão de limpeza naquilo que, esperam, tenham melhor resistido de suas casas. Neste dia das mães, é mais forte o espírito solidário às mães desabrigadas, a maioria ‘chefe’ de suas famílias. Parafraseando o dito popular, rezam para que São Pedro feche as “comportas do Céu”, o sol nasça no horizonte do sertão e renasça a esperança do sertanejo para, sendo um forte, vencer a primeira grande enchente do século XXI no Ceará.
ATENDIDOS
67 municípios, pelo menos, são atendidos pelos agentes da Defesa Civil do Estado. Este órgão tem sido o principal instrumento de socorro às vítimas das enchentes do Ceará.
Mais informações:
O poder público abriu uma conta no Banco do Brasil para receber doações por depósito bancário, Agência: 2201-2, CONTA: 2009-5, em nome de: Vítimas Enchentes 2009
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior

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