Assim como a Funceme, a Cogerh também faz coleta de água para verificar contaminação química.
Depois da Funceme é a vez da Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Cogerh) iniciar o monitoramento da qualidade das águas superficiais e subterrâneas no entorno dos principais perímetros irrigados do Ceará. A intenção é saber se os agrotóxicos utilizados na lavoura estariam contaminando as águas e, por conseguinte, a população. Diagnóstico ainda não divulgado foi realizado no Cariri e no Vale do Jaguaribe, que terão um total de 60 poços profundos monitorados pela Companhia.
Os agrotóxicos utilizados na lavoura passam do ar para as plantas, mas com a irrigação mecânica ou das chuvas, parte dos produtos químicos infiltra no solo. A região no entorno da Chapada do Apodi, envolvendo os municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré, do lado do Ceará, e cidades do Rio Grande do Norte, possui um dos mais volumosos lençóis freáticos do Ceará. Parte da água é usada nos poços profundos e está em contínuo contato com as águas superficiais como, por exemplo, do Rio Jaguaribe.
Águas dos perímetros irrigados podem estar contaminadas por agrotóxicos. No ano passado, foram colhidas amostras de poços profundos situados na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, para estudos da Cogerh. Com os milhares de litros de agrotóxicos jogados todos os meses no solo, moradores das comunidades têm demonstrado preocupação com a qualidade da água naquela área. Há vários anos, estudiosos da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam, unidade da Uece) e do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (antigo Centec) de Limoeiro alertavam para a forte possibilidade de contaminação das águas de localização subterrânea.
O agricultor José Maria Filho, presidente da Associação de ex-Irrigantes do Jaguaribe Apodi, reclama que há vários meses a Cogerh realizou pesquisa com as águas subterrâneas na Chapada. “Ainda não disse nada, e a gente precisa saber uma informação. Porque eles não dizem, é por pressão dos ‘grandes’?”.
Poços monitorados
O diretor de operação da Cogerh, Ricardo Adeodato, confirma a realização de coleta de água, num diagnóstico das águas no entorno de perímetros irrigados do Vale do Jaguaribe e do Cariri, “mas só podemos divulgar o diagnóstico depois de todo o levantamento, mas anunciaremos ainda neste ano”, afirma.
Conforme o diretor de operação, a partir deste ano serão monitorados 40 poços na Chapada do Apodi, região jaguaribana, e outros 20 poços no Cariri. Serão identificados os produtos mais utilizados nas lavouras dos agropólos e averiguada a presença desses elementos nas águas. “A intenção é fazer com que as águas estejam no limite da normalidade”, assegura, esclarecendo que, em casos de contaminação, pode haver intervenção nos perímetros, “no sentido de que usem os produtos de forma que não contaminem as águas. A Cogerh por muitos anos tem se preocupado com a distribuição da água, agora é a vez de trabalharmos pela melhor qualidade dela”, assegura.
Há um ano e meio a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) avalia a qualidade das águas subterrâneas e superficiais no Perímetro Irrigado de Morada Nova. Já foram constatados inúmeros relatos de doenças em trabalhadores que manuseiam os agrotóxicos.
Mais informações:
Cogerh
(85) 3257.8710
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
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