Mais um espaço em defesa dos direitos das mulheres foi inaugurado no Interior do Estado, no Vale do Jaguaribe.
Mais do que uma homenagem cordial, lembrança e reconhecimento pelo papel na sociedade, as mulheres deste município ganharam um espaço próprio de acolhida, se vítima da violência, seja social, física ou moral. Começou a funcionar, esta semana, na programação do Dia Internacional da Mulher, o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. No local são oferecidos atendimentos psicossociais e jurídicos, abertura de prontuário e mesmo boletim de ocorrência. O Centro é o segundo no Interior do Estado, que ainda carece de instituições de apoio às mulheres vítimas de violência.
"Sinto-me em meio à barbárie num mundo civilizado". Quem ouviu a voz, mas viu os olhos encharcados da professora Flávia Santiago, percebeu a dimensão do que representa a instalação de algo destinado a apoiar a mulher vítima de violência. Alegria e tristeza passavam do seu semblante. A primeira, porque com a inauguração do Centro, "as autoridades vão fazer alguma coisa"; a segunda pela lembrança do motivo de estar ali, representando as famílias de mulheres vítimas de violência. Um ano atrás, sua tia foi agredida e morta por um homem que invadiu sua casa, onde morava sozinha.
A inauguração do centro contou com a presença de várias autoridades, como o prefeito João Dilmar, acompanhado da primeira-dama Dra. Célia Costa, vereadora Nadir Chaves (PT), entre outros. Na composição da cena do crime, também flagrado um ano atrás por esta reportagem, um quarto revirado, indicando sinais de resistência. Encostado a uma parede, em meio a uma poça de sangue e uma imagem quebrada de Nossa Senhora de Fátima, o corpo de Gerarda Bernardes Santiago, de 49 anos. O suspeito, depois assassino confesso, está preso há mais de um ano e sem vistas de quando será o julgamento. "Cada ano que passa sem julgamento é menos tempo que ele fica na cadeia", diz Flávia, enquanto entra no auditório Gerarda Bernardes Santiago. É assim em cada sala do Centro de Atendimento, com o nome de uma mulher vítima fatal de violência, projeto do vereador Valdir "do Suburbão".
Além de Gerarda, lá estão as fotos de Lúcia Cristina, Cleidenilce Gadelha e Maria Luciana. O trabalho das servidoras municipais é que tenham mais sorte que as mulheres citadas as outras mulheres que entram para serem atendidas no Centro, que leva o nome principal de Márcia Lúcia de Moura Oliveira, militante dos movimentos sociais contra o preconceito às mulheres. Sua luta teve início nos anos 80, na União das Mulheres Cearenses, e antes que pudesse ver alguns de seus objetivos realizados - como a criação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e da própria criação do Centro de Atendimento - foi acometida fatalmente por um infarto, seis anos atrás. A colega de militância, vereadora Nadir Chaves, foi autora do projeto para que o Centro levasse o nome de Márcia, "e assim conhecerem a sua história de luta pelas mulheres". "A luta está apenas começando", afirmou a vereadora, na solenidade de inauguração do Centro.
Mais informações:
Centro de Referência de Atendimento à Mulher Vítima de Violência
Limoeiro do Norte
(88) 3423.1336
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
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