sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Mapa da Pobreza: 39,9% da população de Limoeiro vivendo na pobreza

Grande parte da população no Estado ainda convive em situação de extrema pobreza. Fortaleza tinha 43,2% da população vivendo na pobreza, há cinco anos. Saboeiro tinha 79,5% dos moradores nesta condição.
Em 2003, apenas 14 municípios do Ceará tinham menos de 50% da sua população abaixo da linha da pobreza. As 170 cidades cearenses restantes apresentavam mais da metade dos seus moradores vivendo em situação de pobreza. No topo da lista, Saboeiro tinha 79,5% da população nesta condição, o que o coloca como o 9º município do Brasil com maior incidência de pobreza e o primeiro do Ceará. Na outra ponta, São do Jaguaribe, 35% da população era pobre, o melhor resultado do Estado e o 3.345º do País.
Os dados estão no Mapa de Pobreza e Desigualdade 2003, pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Dos 14 municípios com menor incidência de pobreza, após a liderança de São João do Jaguaribe, Limoeiro do Norte é o segundo com 39,9% da população vivendo na pobreza, seguido por Tabuleiro do Norte (41%), Icapuí (41%), Fortaleza (43,2%), Crato (44,3%), Russas (45,2%), Quiterianópolis (47,4%), Ibiapina (48,7%), Aracati (48,8%), Jaguaribe (49,2%), Aurora (49,2%), Sobral (49,3%) e Alcântaras (49,5%).
Entre os 20 municípios mais pobres do País, quatro são do Ceará: Saboeiro, seguido por Antonina do Norte (ocupando o 13º lugar no País com 76,9% da população na pobreza), Senador Sá (o 15º com índice de 76,3%) e Eusébio (o 17º e incidência de 75,5%).
O município de Campos Lindos, em Tocantins, é o primeiro do Brasil com a maior incidência de pobreza, alcançando 84% da população. O menor índice foi registrado na cidade paulista de Santos, de 4,6%.
Em 13 municípios do Ceará, há cinco anos, cada morador consumia menos de R$ 100 por mês. Segundo o IBGE, o consumo domiciliar per capita em Saboeiro era de R$ 84,4, posicionando-se na 14º posição no País e na liderança do Estado. Em segundo lugar aparece Choró (16º do País, com consumo per capita de R$ R$ 85,2), seguido por Salitre (27º lugar no ranking nacional, com R$ 89,5), Itatira (o 28º com R$ 89,5), Miraíma (30º e R$ 91,5), Tarrafas (40º e R$ 93,6), Ererê (44º e R$ 94,6), Graça (54º e R$ 95,4), Granjeiro (56ºe R$ 95,8), Aiuaba (57º e R$ 95,8), Tejuçuoca (60º e R$ 96,6), Amontada (74º e R$ 98,8) e Senador Sá (79º e R$ 99,8). Fortaleza é ocupa o 4.969º no País com consumo domiciliar per capita de R$ 336,2. O menor valor de consumo médio no País era de Campos Lindos (TO): R$ 59,8. O maior se encontra em Niterói (RJ): R$ 1.040,60.
Desigualdade
O município com maior desigualdade no Ceará, medida pelo índice de Gini, é Fortaleza, ocupando o 12º lugar no País. Em segundo lugar no Estado, figura o Crato (o 38º no ranking nacional), seguido por Santana do Cariri (65º), Sobral (73º) e Brejo Santo (117º).
No Brasil, a cidade com maior desigualdade era Parati (RJ), enquanto a menor era Lajeado Grande (SC).
Hiato de pobreza
O IBGE também mediu a distância média dos pobres em relação à linha de pobreza (o que chamou de hiato) e a desigualdade entre os pobres (severidade ou profundidade da pobreza).
Em relação ao hiato, Saboeiro, mais uma vez, ocupa a liderança com um índice de 41,2%, o 8º do ranking nacional. A severidade da pobreza é mais forte no município de Antonina do Norte, com um índice de 25,7%, o 8º maior no Brasil. No indicador profundidade da pobreza, Saboeiro volta a liderar com um percentual de 49,6%, o 7º maior do País.
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem: Carol de Castro
OPINIÃO
Dados são um pouco diferentes hoje (Flávio Ataliba - Professor da UFC)
Se houvesse dados recentes, teríamos um quadro um pouco diferente de 2003. Mas, os resultados mostram que a concentração da pobreza está no interior e nos municípios médios e pequenos. A solução é direcionar as políticas para atender aos pobres. Imagina-se que a saída seja investimento na indústria, que traz efeito na renda, mas não na pessoa. Ela não está apta a ocupar os empregos que porventura apareçam. Há uma correlação entre pobreza e nível educacional. A falta de educação e saúde debilitada não a permitem entrar no mercado.

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