sábado, 27 de dezembro de 2008

Museu da Igreja guarda memória de Dom Aureliano

Depois do Jornal Folha do Vale publicar uma matéria sobre o "Museu da Igreja", em Novembro de 2008, o Diário do Nordeste também publica a matéria, do jornalista Melquíades Júnior, que teve como primeira informação o nosso blog. Veja a reportagem abaixo:
Museu da Igreja guarda memória de Dom Aureliano
Para quem quer conhecer mais a memória da Igreja Católica no Ceará, o "Museu da Igreja" é referência. O sótão da Igreja Matriz guarda utensílios dos principais bispos e padres da região. (Foto: Melquíades Júnior)
Há 41 anos falecia dom Aureliano Matos, primeiro bispo de Limoeiro do Norte e o maior responsável por vários estabelecimentos culturais, sociais e educacionais, como a Rádio Educadora Jaguaribana, praticamente o primeiro grande veículo de comunicação da cidade; também o Seminário Diocesano, o Liceu de Artes e Ofícios e a faculdade local, que leva o seu nome. Um religioso, mas um político popular das causas sociais, foi considerado uma das figuras mais importantes da região jaguaribana e um dos maiores incentivadores do desenvolvimento da cidade, a “Princesa do Vale”.
A história de quem fez a história local está muito bem guardada, preservada, mas desconhecida do alcance da maioria dos limoeirenses. Pouca gente sabe que, há 20 anos, no sótão da Igreja Matriz existe um museu, com os utensílios dos principais bispos e padres que logo abaixo celebraram tantas missas e eucaristias.
Guardando e preservando para resguardar a memória, o Museu Padre Mariano Rocha Matos — este o sobrinho, braço direito e “faz-tudo” de Dom Aureliano — foi criado em 29 de setembro de 1988 pelo então bispo dom Pompeu Bezerra Bessa. No local, são encontradas relíquias dele próprio, bem como de dom Aureliano, cônego Misael Alves, Monsenhor Otávio e, dentre outros, do bispo emérito de Limoeiro, dom Edmilson Cruz, que vez por outra visita a cidade-núcleo da Diocese jaguaribana onde atuou por muitos anos.
Estilo cruzquenho
Não há uma contabilidade certa das peças que ilustram o sótão da Igreja Matriz, mas a maioria dos objetos data dos séculos XIX e XX. Tem o paramento (batina) com detalhes dourados usados nas principais celebrações, crucifixo de ouro com detalhes de ametista, batinas pretas, botas, pratos, talheres, cadeiras, piano, tela pintada pela artista plástica Márcia Mendonça — internacionalmente conhecida por obras em estilo cuzquenho. Uma relíquia a conferir é o porta-jóias do bispo dom Lino Deodato, natural de Russas, também do Vale do Jaguaribe, e o oitavo bispo da Diocese de São Paulo. Outros documentos históricos podem ser encontrados no Palácio Episcopal (sede do bispado) e no Seminário Diocesano. A complementar pelo formato da sala, entra-se num verdadeiro túnel do tempo.
O museu está sempre fechado, mas sempre aberto. Isso porque não existe funcionário trabalhando no local, mas a qualquer hora do dia que aparece alguém para conhecê-lo, o funcionário de serviços gerais da paróquia sobe com o visitante, que só será guiado pelos pequenos papéis com a descrição embaixo de cada objeto.
“Infelizmente a Paróquia não tem dinheiro para pagar uma pessoa, a Igreja não tem dinheiro, mas as pessoas não deixam de visitar. Têm aparecido ultimamente grupos de alunos dos colégios, trazidos pelas professoras”, afirma Monsenhor João Olímpio Castelo Branco, vigário da paróquia de Limoeiro do Norte.
Mas “Padre João”, como é conhecido, informa que a Associação dos Ex-Alunos do Seminário, dentre os quais ele próprio, pretende retirar o museu do sótão da igreja e destiná-lo a um local mais amplo, de maior visibilidade e acesso aos curiosos e pesquisadores.
Em seu “Na ribeira do Rio das Onças”, o historiador limoeirense, pedagogo e filósofo Lauro de Oliveira Lima (introdutor do método Piaget no Brasil) já dizia que “foi um privilégio para a história de Limoeiro ter, como primeiro bispo, Dom Aureliano Matos.
Carismático, autoritário, grande administrador, sagaz economista, empolgou a população do município que atendia pressurosa a todos os apelos do bispo, que funcionava como apóstolo religioso e líder civil, na educação popular e na modernização da povoação”.
Mais informações:
Museu da Igreja de Limoeiro do Norte - Rua Cônego Climério Chaves, 2743.
(88) 3423.1364
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