sexta-feira, 2 de abril de 2010

Armando Nogueira seria filho de limoeirenses que imigraram para o Acre em meados de 1927

Dono de uma forma peculiar de escrever sobre esporte, Armando Nogueira revolucionou o jornalismo impresso e televisivo no Brasil.
O jornalismo brasileiro está de luto. Foi-se um representante da "camisa 10" na arte de escrever da era de ouro da crônica esportiva. Aos 83 anos, Armando Nogueira morreu na madrugada da última segunda-feira (29/03), em sua casa, na Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro. Há dois anos, Armando lutava contra um câncer no cérebro – que lhe roubou primeiro a capacidade de falar e escrever, duas das atividades que mais prezava.
Armando nasceu no dia 14 de janeiro de 1927, em Xapuri, filho dos cearenses Rodovaldo e Maria Soares que emigraram de Limoeiro do Norte para o Acre. Mudou-se para o Rio de Janeiro com 17 anos, formou-se em Direito e começou a trabalhar como jornalista nos anos 50, no finado "Diário Carioca". Foi repórter, redator e colunista. Trabalhou na "Revista Manchete", em "O Cruzeiro" (de 1957 a 1959) e no "Jornal do Brasil" – onde assinou a coluna “Na Grande Área” por 12 anos. De 1966 a 1990, trabalhou na TV Globo, sendo diretor da Divisão de Esportes e depois diretor de jornalismo, comandando o Jornal Nacional. Em 1992, integrou a equipe da TV Bandeirantes nas Olimpíadas de Barcelona. Nos anos 2000, passou a integrar a equipe do SporTV, onde participava de mesas-redondas e tinha o programa “Papo com Armando Nogueira”. Na internet, teve um blog no GLOBOESPORTE.COM, o Blog do Armando Nogueira, em 2006 e 2007. Na imprensa escrita, o jornalista trabalhou por último no diário Lance!", onde tinha uma coluna.
Seu estilo doce e anedótico, que sempre buscava olhar para o esporte com poesia, influenciou várias gerações de torcedores e jornalistas. Armando, que participou de cobertura de Copas do Mundo desde 1950 - o que totalizou 15 Mundiais -, publicou dez livros sobre esporte, a começar por “Drama e glória dos bicampeões”- sobre a vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1962. A seguir vieram outros títulos, coletâneas de crônicas publicadas em jornais brasileiros: “Na grande área”, “Bola na rede”, “O homem e a bola”, “Bola de cristal”, “O voo das gazelas”, “A Copa que ninguém viu e a que não queremos lembrar”, “O canto dos meus amores”, “A chama que não se apaga” e “A ginga e o jogo".
Estilo de escrita
Armando Nogueira era dono de um estilo original e elegante, que fugia dos lugares comuns que proliferam na crônica esportiva. Pode-se dizer que fez escola, pois vários repórteres esportivos tentam imitá-lo.
Não raro, Armando extravasava sua veia poética para demonstrar sua admiração pelo esporte e por seus ídolos. Algumas de suas frases inspiradas se tornaram antológicas. A seguir, alguns exemplos.
Sobre futebol e caráter: O futebol não aprimora os caracteres do homem, mas sim os revela.
Sobre a vitória na Copa de 1970: Choremos a alegria de uma campanha admirável em que o Brasil fez futebol de fantasia, fazendo amigos. Fazendo irmãos em todos os continentes.
Sobre Garrincha e sua habilidade para driblar: Para Garrincha, a superfície de um lenço era um latifundio.
Grandes paixões
Apaixonado por futebol e por esportes em geral, Armando Nogueira, quando não escrevia ou apresentava seus programas de TV, gostava de relaxar nas alturas. Era um fervoroso praticante de voos de ultraleve, e foi, inclusive, o fundador do clube carioca na modalidade.
Nas "pretinhas", da máquina de escrever ao computador, o Botafogo e a seleção brasileira foram as grandes paixões. Inúmeras crônicas de Armando retratavam seus maiores ídolos - Garrincha, Didi, Nilton Santos e Pelé - e outros grandes craques. Zizinho, Tostão, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Maradona, Beckenbauer, Zico e Romário, por exemplo, sempre foram homenageados com o olhar especial e o texto impecável de Armando.
Adeus ao craque das letras
A maestria que Pelé tinha com a bola nos pés, Armando Nogueira tinha com a caneta nas mãos. Pouco atento ao esquema tático de seu Botafogo, a alma de cronista esportivo que existia no jornalista preferia ver o cadenciar das pernas tortas de Garrincha. Ou a impulsão da perna do Rei do Futebol no momento do chute. E, hoje, quando o Brasil dará adeus ao mestre do jornalismo lírico, morto na manhã da última segunda-feira (29/03), em seu apartamento, no Rio de Janeiro, aos 83 anos, verá que a cobertura esportiva perderá em sensibilidade.
*com informações de Wikipédia, Globo.com e OPOVO Online

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