terça-feira, 27 de abril de 2010

Grupos pedem que Polícia Federal investigue crime

O pedido é para que a investigação do assassinato do ambientalista seja realizada pela Polícia Federal e a petição deve ser encaminhada ao Ministério Público. O grupo reúne vários movimentos sociais, das universidades e a Igreja.
“A batalha do Zé Maria é por melhores condições de vida. Ela (a batalha) sempre existiu. Agora, a morte dele deixou visível os problemas”. O desabafo do padre Júnior Aquino, de Limoeiro do Norte, na Região Jaguaribana, vem num tom de luta. “A morte do ambientalista não pode ter sido em vão”, emenda, na mesma nuance, o vereador João Alfredo (Psol).
Os argumentos foram apresentados ontem pela manhã, na sede da Cáritas Regional, em Fortaleza, numa reunião em que movimentos sociais, das universidades e a Igreja se encontraram para definir que ações devem marcar o início dos protestos e da cobrança por justiça contra o assassinato do ambientalista e líder comunitário José Maria Filho.
Do encontro, foi acertado que os grupos vão solicitar a federalização do caso, ou seja, pedem que a investigação seja conduzida pela Polícia Federal. “A morte do Zé Maria pode ser comparada à do Chico Mendes, do ponto de vista do enfrentamento às atrocidades provocadas pelo agronegócio”, aponta Alfredo. Os grupos querem convidar a população para transformar o incidente repleto de crueldade em algo provocativo. Eles pretendem que a notícia se espalhe por todo o País e ultrapasse as fronteiras. Só assim, acreditam, verão punição para o crime.
Vereador de Fortaleza, João Alfredo (em pé), se reuniu com vários grupos para discutir a morte do ambientalista. (Foto: Mauri Melo)
O padre Júnior recorda, com orgulho, as ações de José Maria Filho, “o Zé do Maria do Tomé” ao lado de outros líderes comunitários. “O perfil do Zé Maria era o de luta pela justiça. Na comunidade Cabeça Preta e no Sítio Tomé, ele lutava pela substituição de 50 casas de taipa por casas alvenaria”. O ambientalista partiu antes da concretização do projeto.
Segundo acredita o padre, a população agora tem duas alternativas: ou se recolhe pelo medo ou envereda na batalha. “Toda luta social é uma luta pela justiça. Para a Igreja, é a ação de Deus”, comenta. “As pessoas ficam com medo de que matem outras lideranças sociais. A luta não pode mais parar no ponto em que chegamos”, afirma.
O crime
Encabeçando lutas comandadas pelo ambientalista, como o fim de pulverização aérea dos agrotóxicos e melhores condições de vida para pessoas de comunidades de Limoeiro, o grupo afirma que o assassinato do José Maria Filho deu visibilidade aos conflitos na Chapada do Apodi.
O ambientalista foi executado com 19 tiros quando trafegava em sua moto numa estrada carroçável, próxima ao aeroporto, na tarde da última quarta-feira. Ele presidia a Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi.
E-Mais
- Hoje será realizada duas missas de 7º dia pela morte do ambientalista José Maria. A primeira em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra - avenida José Bastos, 4700), às 17 horas, no local há um acampamento do MST. A outra celebração acontece em Limoeiro do Norte.
- Entre os grupos presentes, estavam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Cáritas, Fórum Cearense pela Vida no Semi-Árido, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Diocese de Limoeiro do Norte, Escritório Frei Tito de Alencar, Faculdade de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), entre outros.
Informações: OPOVO Online, por Angélica Feitosa

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