sexta-feira, 23 de abril de 2010

Assassinato de José Maria levou comoção à região

O ambientalista José Maria Filho, um dos principais líderes populares da região jaguaribana, foi morto na última quarta-feira com 19 tiros. A Polícia trabalha com a possibilidade de pistolagem.
“Hoje é um dia muito triste para a família do Zé Maria, mas também para as comunidades da Chapada do Apodi porque morreu aquele que estava todos os dias denunciando a concentração de terras, as injustiças, o uso indiscriminado de agrotóxicos na região. Mas se pensavam que matando o Zé Maria iam acabar com a luta, estão enganados. A luta continua. A comunidade do Tomé não está sozinha. A igreja está junto. Vamos todos dizer agora: José Maria, a luta continua”.
Quando o padre Júnior Aquino, de Limoeiro do Norte, acabou de falar, todos que estavam na pequena capela de Nossa Senhora de Fátima repetiram a frase: “José Maria, a luta continua”.
A capelinha, onde o ambientalista e líder comunitário José Maria Filho, 44, assistia a missa todos os dias 13 em honra de Nossa Senhora de Fátima, ontem, não comportou o número de pessoas que foram acompanhar a concelebração eucarística antes do sepultamento de Zé Maria, assassinado na tarde da última quarta-feira, com 19 tiros e claras características de pistolagem, conforme apuração da Polícia.
Ambientalista executado com 19 tiros em Limoeiro do Norte. Ativista atuava junto à Igreja Católica e pela preservação ambiental. (Foto: Deivyson Teixeira)
O Zé Maria ou o Zé do Tomé (Sítio Tomé, na divisa entre Limoeiro do Norte e Quixeré) era o maior defensor das comunidades que ficam na Chapada do Apodi. Abraçou a luta em defesa do meio ambiente e do combate às injustiça sociais do seu povo. “Perdemos um herói na terra”, dizia a jovem integrante da Associação dos Desapropriados da Comunidade São João. “O que aconteceu com o Zé Maria aconteceu com Jesus Cristo que foi crucificado porque defendia os pobres e injustiçados”, comparava o pároco de Quixeré, padre Alessandro de Souza.
Inconformados
Ontem à tarde, os moradores do Sítio Tomé estavam inconformados com a morte “do filho e do pai da comunidade; do homem que lutou bravamente por justiça social e pelo direito à vida”, como definiam os conterrâneos. “Ele era muito querido por nós porque estava sempre pedindo para melhorar nossa água, nossas moradias. Pedia que acabassem com esse agrotóxico que faz muito mal pra gente”, dizia Maria de Lourdes Ribeiro. Ela participou do cortejo pelas ruas da pequena localidade seguindo o caixão com o corpo do ambientalista morto a tiros na tarde da última quarta-feira.
O corpo de José Maria ficou exposto da capela onde houve a concelebração eucarística presidida pelo bispo diocesano de Limoeiro do Norte, dom José Haring. Após a missa, outro cortejo seguiu para Quixeré, onde houve o sepultamento. E, em seguida, as associações, movimentos e pastorais sociais promoveram um ato público, na praça da cidade, clamando punição aos culpados e reafirmando que a luta pela defesa do meio ambiente e da vida continua na Chapada do Apodi, região jaguaribana do Ceará.
E-MAIS
- José Maria Filho tinha 44 anos, era casado com Maria Lucinda Xavier e deixou três filhos. Todos estavam na missa de corpo presente na capela de Nossa Senhora de Fátima.
- Zé Maria presidia a Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra - Chapada do Apodi, uma liderança social e era muito ligado à igreja católica (Cáritas e pastorais sociais). Sua luta começou na década de 90 quando começou o agrohidronegócio na Chapada do Apodi.
- Após a concelebração eucarística, presidida pelo bispo diocesano de Limoeiro do Norte, dom José Haring, várias notas de solidariedade foram lidas pelo pároco de Quixeré, Alessandro de Souza. Eram mensagens de associações, escolas, comunidades e dos familiares que lamentável a morte “daquele que pregava a justiça e o direito à vida”, “o defensor dos recursos naturais e dos direitos humanos”, segundo as notas.
Fonte: OPOVO Online (por Rita Célia Faheina, enviada a Limoeiro do Norte)
Assassinato de José Maria tem “caráter de execução”
A advogada Maiana Maia, que acompanha o caso do assassinato do trabalhador rural José Maria Filho, em Limoeiro do Norte, conversou na manhã desta quinta-feira (22/04) com o delegado José Fernandes. “Ficou bem claro o caráter de execução, principalmente pela quantidade de tiros (19), todos do peito para cima e muito certeiros”, diz Maiana.
A advogada diz que existe muito medo na região, o que tem dificultado o processo de investigação. “Não houve ninguém para testemunhar ainda”, diz. O promotor Alexandre Aragão, em conversa com Maiana e com o advogado Davi Aragão, que também assessora movimentos sociais, destacou a necessidade de haver grande repercussão em torno do assassinato de José Maria.
Muito provavelmente, de acordo com o promotor, essa foi a primeira execução relacionada com a questão socioambiental e trabalhista na região, já marcada por crimes de pistolagem envolvendo conflitos pessoais e familiares. José Maria era presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra – Chapada do Apodi.
Segundo Mariana Maia, a necrópsia já foi realizada no município de Canindé, e o corpo já está retornou à Limoeiro do Norte onde, às 16h desta quinta-feira (22/04), aconteceu a missa de corpo presente e, às 17h, o enterro. Vários ônibus de Fortaleza e de outros municípios do interior com lideranças de movimentos populares se dirigiram ao município.
Fonte: Racismo Ambiental.net

2 comentários:

Poeta do paraíso disse...

Zé Maria foi e sempre sera um heroi para o povo da agricultura e qualquer seguidor que faça de seus sonhos e vontade de tornar qualquer sociedade livre das amarras da ignorancia que persegue o povo sertanejo! Lutar pelo povo é a amior prova de humanidade que se possa provar; e ele provou. plantou sua semente, fez sua parte. mas o sonho e a luta continua. os invejosos e covardes que o perseguiam, jamais conseguirar apagar da historia humana o que ele se tornou, o que ele plantou. Zé maria se tornou imortal para o mundo, a covardia feita a ele só o fez ser quem ele sempre foi e sempre sera: Um Heroi, Um ser imortal, que lutou pelos necessitados e que amavam sua origens; O Nordeste, A agricultura e o povo nordestino. Nós parentes e Filhos Não deixaremos que sua imagem seja esquecida e nem suas conquistas vinda de um verdadeiro idealista! Seus filhos ão de crescer e continuar a semente ja plantada pelo Pai. Pois filhos de Herois, também são Herois!!

José Marcelo Ribeiro.
Primo e Amigo.

Poeta do paraíso disse...

Zé Maria foi e sempre sera um heroi para o povo da agricultura e qualquer seguidor que faça de seus sonhos e vontade de tornar qualquer sociedade livre das amarras da ignorancia que persegue o povo sertanejo! Lutar pelo povo é a maior prova de humanidade que se possa provar; e ele provou. plantou sua semente, fez sua parte. mas o sonho e a luta continua. os invejosos e covardes que o perseguiam, jamais conseguirar apagar da historia humana o que ele se tornou, o que ele plantou. Zé maria se tornou imortal para o mundo, a covardia feita a ele só o fez ser quem ele sempre foi e sempre sera: Um Heroi, Um ser imortal, que lutou pelos necessitados e que amavam sua origens; O Nordeste, A agricultura e o povo nordestino. Nós parentes e Filhos Não deixaremos que sua imagem seja esquecida e nem suas conquistas vinda de um verdadeiro idealista! Seus filhos ão de crescer e continuar a semente ja plantada pelo Pai. Pois filhos de Herois, também são Herois!!

José Marcelo Ribeiro.
Primo e Amigo.