sexta-feira, 23 de abril de 2010

Execução de José Maria pode ter ligação com denúncias de contaminação por agrotóxicos

Denúncias sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos, pode ser um dos motivos da execução. Porém, a polícia não descarta outras hipóteses.
O barril de pólvora da pistolagem explodiu mais uma vez na Região Jaguaribana. A morte do agricultor e comerciante José Maria Filho, executado com 19 tiros de pistola calibre Ponto 40 e uma escopeta 12, ganhou fortes contornos sociais. O principal líder comunitário da Chapada do Apodi e autor das principais denúncias envolvendo contaminação por agrotóxicos e pela concentração fundiária em uma das regiões fruticultoras mais ricas do Nordeste, foi sepultado no fim da tarde desta quinta-feira (22/04), com a presença de grupos de pesquisadores, movimentos sociais e da comunidade que ele liderava.
A morte de José Maria Filho ganhou repercussão nacional. Foi executado com 19 tiros no tórax e na cabeça. Seu corpo foi encontrado por populares jogado no asfalto, ao lado da moto que pilotava. De acordo com informações periciais, um carro e uma moto podem ter sido usados o crime. O carro teria sido forçado o agricultor a sair da pista, e sem chances de defesa, mesmo caído no chão, José Maria teria sido alvejado. A Polícia tem poucas informações.
Durante todo o dia de ontem, universidades, movimentos sociais e associações de moradores fizeram protesto, contra a contaminação por agrotóxicos e a concentração de terras. Uma nota de repúdio ao ato violento foi assinado por UFC, UECE, Cáritas Diocesana, MST, Conlutas e vários outros órgãos sociais que acompanham os conflitos sociais e econômicos na Chapada do Apodi.
O corpo de José Maria Filho foi sepultado, no fim da tarde, na cidade de Quixeré. Ele foi morto com 19 tiros. (Foto: Melquíades Júnior)
Reportagens
A causa de José Maria Filho ganhou visibilidade por uma série de reportagens exclusivas do Diário do Nordeste, denunciando a utilização irregular de agrotóxicos. O caso gerou muita repercussão e José Maria alegava que recebia ameaças.
Outra denúncia foi a concentração de terras na Chapada do Apodi por grandes grupos empresariais que, conforme o próprio Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (DNOCS), nenhuma das grandes fazendas fruticultoras possui títulos das terras. O agricultor fazia parte do grupo de desapropriados da chapada. Por vários anos era presidente da Associação dos Ex-Irrigantes do Jaguaribe Apodi.
Informações: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

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