O número de famílias desabrigadas e desalojadas têm aumentado a cada dia, e o que determina isso não tem sido necessariamente o aumento das águas, mas a chegada do socorro. Famílias que aguardavam, ilhadas, as canoas da Defesa Civil, mesmo vendo a água baixando, fazem a retirada, com medo de novas surpresas, vindas do céu ou dos rios pelos pequenos e grandes açudes.
Repasse de verbas: Jaguaruana, um dos municípios mais afetados pelas chuvas, ainda não recebeu nenhuma verba.
O Ceará tem pelo menos 78 municípios atingidos pelas chuvas, 40 com decretada situação de emergência e, apesar da atuação da Defesa Civil em todos eles, somente 19 cidades receberam recurso financeiro do Governo do Estado. O governador Cid Gomes solicitou ao Ministério da Integração Nacional R$ 95 milhões para recuperação de estradas e casas destruídas pelas chuvas registradas no Estado.
Até esta quinta-feira (14/05), o Governo do Estado havia repassado R$ 4,2 milhões para 19 municípios concentrados nas regiões Norte e no Vale do Jaguaribe.
Nesta região, os municípios de Limoeiro do Norte e Itaiçaba foram contemplados com R$ 200 mil e R$ 300 mil, respectivamente; o município de Granja, na zona norte, recebeu a maior fatia estadual, R$ 500 mil. Também foram beneficiadas as seguintes cidades: Acaraú (R$ 100 mil); Bela Cruz (R$ 300 mil); Canindé (R$ 200 mil); Chaval (R$ 200 mil); Coreaú (R$ 200 mil); Crateús (R$ 100 mil); Icó (R$ 100 mil); Itapajé (R$ 100 mil); Itapiúna (R$ 100 mil); Itarema (R$ 200 mil); Marco (R$ 300 mil); Morrinhos (R$ 200 mil); Pacujá (R$ 200 mil); Quixeramobim (R$ 300 mil); Santana do Acaraú (R$ 300 mil); e também Sobral (R$ 300 mil).
A ajuda governamental ocorre tendo como principal ferramenta a Defesa Civil do Estado. Até agora foram repassadas 360 toneladas de cestas básicas para todos os municípios atingidos em que suas prefeituras e coordenações municipais de defesa civil enviaram o relatório de impacto de danos. “E nesta semana são entregues outras 230 toneladas de alimentos”, afirmou o coronel Vasconcelos, coordenador geral da Defesa Civil, também avisando que aumentou o reforço de agentes do órgão que viajaram para atender as cidades. Mas o município de Jaguaruana, que registrou os primeiros atingidos nas chuvas do dia 23 de abril, tem um dos maiores índices de desabrigados e desalojados, mas ainda não recebeu ajuda financeira.
“Faz dias que fizemos o relatório, mandamos para o Governo do Estado, falei com o governador e ele disse que ia ver a situação para dar um retorno, mas ainda estamos aguardando”, disse Bebeto Delfino, prefeito de Jaguaruana. Ontem passava de 1.500 famílias desabrigadas, e vários locais estão sendo improvisados para abrigo. Até o local onde estavam alojados os bombeiros, que atuam no socorro às vítimas, precisou ser transferido, por conta das águas. “Só de quarta para quinta-feira removemos mais 120 famílias”, contabiliza Luis Lopes, coordenador municipal da Defesa Civil. Ontem, estava previsto da coordenação do órgão em Fortaleza enviar, até o fim do dia, mais 1.250 cestas de alimentos, uma carreta com água e mais 12 agentes da Defesa Civil Estadual.
A cidade de Jaguaruana, situada em terras baixas e que recebe afluência dos principais rios da região, conta com o socorro da própria Defesa Civil, de recursos da Prefeitura, da população local e entre os próprios desabrigados. “Têm famílias desabrigadas compartilhando o pouco que tem com as famílias que ainda não receberam a cesta básica”, afirma o prefeito Bebeto Delfino, emocionado com a solidariedade.
Demanda por colchões
Em Limoeiro do Norte, todos os abrigos estão abastecidos com alimentos. Em alguns casos a demanda é maior por colchões, providenciados pela Defesa Civil e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, que tem mobilizada uma equipe 24 horas nucleada na sede da secretaria, onde também é acumulada uma reserva de alimentos e outros mantimentos. Em Tabuleiro do Norte, pelo menos 145 famílias estão desabrigadas ou desalojadas, principalmente das comunidades de Água Santa, Jenipapeiro, Patos e São Gerardo.
Quinta-feira (14/05) pela manhã, o centro da cidade de Morada Nova estava praticamente seco. No fim do dia anterior, foi efetivado o rompimento do canal de tomada da estação de bombeamento do Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas. Embora inicialmente sem previsão, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) decidiu pela agilidade no trabalho de escoamento das águas que inundaram Morada Nova.
Técnicos da construtora Andrade Gutierrez, com aval do Dnocs, abriram com retro-escavadeiras a estrutura, liberando a passagem de água, escoando-a de dentro da cidade de Morada Nova. O canal está instalado na beira do Rio Banabuiú, e já havia sido rompido em 2004, com a mesma finalidade. A água está escoando para o açude Curral Velho, com uma vazão de 2,2 metros cúbicos por segundo.
Mais informações:
Força Solidária – 199
BB - Ag: 3515-7 / Conta: 11024-8
BNB - Ag: 016 / Conta: 29393-8
Caixa Econômica Federal
Ag: 3281 / Op. 003 / Conta: 300-1
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
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