Cheia dos rios Jaguaribe e Banabuiú prejudicou acesso às comunidades da Ilha de Santa Terezinha.
A triste e involuntária partida revela o sofrimento de centenas de famílias atingidas pelas chuvas em Limoeiro do Norte. Com a cheia dos rios Jaguaribe e Banabuiú, comunidades ficaram ilhadas. As águas invadiram as casas e construções de barro desabaram. Muitas famílias “perderam tudo”, outras tentam resgatar o pouco que resta em pequenas embarcações e são levadas para abrigos em escolas, igrejas e creches. Várias fossas estouraram, e a água da chuva se mistura aos esgotos domésticos.
A prefeitura municipal, que decretou situação de emergência, está fornecendo mantimentos roupas e comidas às cerca de 350 famílias atingidas. A população teme que se forem abertas mais comportas do Castanhão, os abrigos nas partes mais altas também recebam água, mas o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) não deram qualquer previsão de novas aberturas.
Moradores atingidos pela inundação na Ilha de Santa Terezinha só dependem de botes para recuperar os pertences.
“As minhas coisinhas, tanto que lutei pra conseguir, perdi quase tudo, a sorte é que tô viva”. O drama é da dona de casa Rosineide Lopes, de 32 anos, que viu sua casa de taipa desabar depois de ser invadida pelas águas do rio Jaguaribe, depois da chuva de 140mm em apenas duas horas que atingiu a cidade no fim da tarde da última quarta-feira. Rosineide, desabrigada da Ilha de Santa Terezinha, levou os dois filhos para um abrigo, mas ainda tenta recuperar algum móvel, ainda que encharcado de água.
A desempregada Francisca Maria da Costa Silva juntou os “cacarecos” de casa e pegou o barco em direção à terra firme, no centro de Limoeiro. Levou dois de seus três filhos para o abrigo no bairro Antônio Holanda. Na escola e na creche da comunidade, já há superlotação. Antes mesmo do feriado, as aulas foram suspensas nas escolas municipais, que hoje estão servindo de abrigo.
Durante todo o dia desta sexta-feira (01/05), centenas de famílias faziam o cadastro com a coordenação municipal da Defesa Civil para o recebimento de cestas básicas, colchonetes e lençóis. O prefeito João Dilmar esteve na área alagada, acompanhando o cadastro das famílias. Visitou as ruínas da casa de Rosineide Lopes, ainda com risco de mais desabamentos. Os vereadores Carlos Barão, Hélio Herbster, Raimundo Valdir e Mixico Diógenes, acompanharam o resgate das famílias na Ilha de Santa Terezinha, literalmente ilhada pelas águas dos dois principais rios da região.
Na margem direita do rio Jaguaribe, já no centro da cidade, construções de alvenaria ameaçam desabar. Alguns trechos visitados pela reportagem estavam com água na cintura, e a fedentina era forte, causada pelo transbordamento das fossas, misturado às águas da cheia. No mutirão de solidariedade, a principal missão dos policiais militares também era o de atender às vítimas das inundações.
Mas ainda são poucos e frágeis os barcos que fazem a travessia, carregando pessoas, motos, geladeiras, fogões e guarda-roupas. Três canoas fazem a travessia da Ilha de Santa Terezinha para o centro da cidade, das quais duas cobravam R$ 1 para ida e volta de cada vítima. A comunidade está inundada, de um lado, pela cheia do Jaguaribe e, de outro, pela do rio Banabuiú. Os moradores apontam que a solução seria a criação de um córrego entre os dois rios, para facilitar o escoamento da água que ambos recebem do açude Castanhão, que até ontem liberava, por duas comportas, 600 metros cúbicos por segundo para a calha do Jaguaribe, que elevou em 39 centimetros nesta semana.
Na tarde desta sexta-feira (01/05), o Castanhão estava na cota 104,05 metros acima do nível do mar e um acúmulo de 5,9 bilhões de metros cúbicos, faltando pouco mais de 25 centímetros para superar o recorde de acúmulo do ano passado.
A situação no município de Itaiçaba também é preocupante. O açude transbordou comprometendo as famílias ribeirinhas. Na tentativa de conter as inundações e evitar mais danos, o prefeito Frank Gomes autorizou a abertura de uma barragem secundária para o escoamento da água.
Mais informações:
Núcleo de Apoio as Vítimas das Chuvas em Limoeiro
(88) 3423.1340
Prefeitura Municipal de Limoeiro
(88) 3423.1783
Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior
Um comentário:
Para que as águas dos rios em Limoeiro do Norte, não cheguem em outros pontos da cidade, só vai depender de Deus. Os rios estão no limite, e se o mês de Maio continuar chuvendo forte, teremos novas enchentes. A situação da região Jaguaribana é preocupante!!!
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